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Carrefour lançou um e-commerce de alimentos na semana passada. Novidade está disponível apenas em alguns bairros de São Paulo. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Carrefour lançou um e-commerce de alimentos na semana passada. Novidade está disponível apenas em alguns bairros de São Paulo.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A venda de alimentos on-line, que durante muito tempo foi dominada pelo Grupo Pão de Açúcar, ganhou novos concorrentes. Embora o setor represente apenas 2,4% do faturamento do comércio eletrônico no Brasil, fruto da resistência do brasileiro à compra de alimentos pela internet, redes como Carrefour e startups como Home Refill acreditam que é possível virar a tendência nos próximos anos, com o comportamento do consumidor se aproximando do de mercados como Japão e Reino Unido, onde encher a dispensa usando a web já é comum.

O novato nessa categoria é o Carrefour, que estreou no e-commerce alimentar na semana passada, atuando, por enquanto, em alguns bairros de São Paulo. A empresa criou um centro de distribuição, na zona sul de São Paulo, para atender os pedidos que vierem do e-commerce. Segundo Luiz Escobar, diretor do Carrefour.com, a estratégia visa a reduzir “quebras” nos pedidos on-line. “Se o e-commerce depende do estoque da loja, o produto pode ter sido vendido para um outro consumidor na hora em que a equipe fizer a coleta.”

A exemplo do que faz o Grupo Pão de Açúcar, seu principal concorrente no país, o Carrefour aproveitou para criar um programa de fidelidade que também pode ser administrado por um aplicativo. Com ele, é possível cadastrar uma lista de compras e acompanhar quais são as promoções específicas para quem é cliente do programa de fidelidade.

Tanto o e-commerce quanto o programa de benefícios só funcionam através do aplicativo Meu Carrefour. O site da empresa, que virou um comércio eletrônico neste ano, continua vendendo apenas eletrônicos, móveis, itens de saúde, infantil e bem-estar.

Produtos não perecíveis

Outra empresa que atua na área de varejo alimentar é a startup Home Refill. Criada em 2016, ela tem o objetivo de servir como um “regulador de estoque” dos armários dos habitantes das metrópoles brasileiras. Ao contrário das grandes varejistas, a empresa não vende produtos perecíveis. “Nosso foco são os produtos de uso contínuo, como leite longa vida, fraldas, detergentes”, explica o gerente de gestão e finanças da empresa, Vinício César. “Queremos evitar que as pessoas ocupem espaço com algo que não precisam.”

Como entrega produtos não perecíveis, a Home Refill só faz os pedidos às indústrias após o consumidor fazer a compra. “Entre o pedido ao fornecedor e a entrega na casa do cliente, o prazo é de 5 a 6 dias úteis”, conta César. A partir da segunda compra, diz, a tendência é que o prazo diminua, pois o Home Refill quer entregar aos clientes sempre a mesma lista de produtos, com pequenas variações. “Nosso objetivo é fazer o consumidor economizar, pois ele vai gerir melhor o estoque e comprar só o que realmente usa.”

A Home Refill tem 100 mil cadastrados - parte deles em áreas onde o serviço ainda não está disponível. A empresa já atende a Grande São Paulo e, até o fim do ano, pretende expandir para o litoral e para o interior, em cidades como Sorocaba e Campinas. A startup também está testando seu modelo de negócios internacionalmente - já tem uma operação-piloto na Arábia Saudita e tem planos de chegar a África do Sul e Índia.

Nicho quase inexplorado

Apesar da baixa representatividade nas vendas on-line e da resistência do brasileiro, existem indícios de que há oportunidades para os supermercados on-line. O Pão de Açúcar, que atua no segmento desde 1995, teve uma alta de 18% nas suas vendas de e-commerce em 2016 e tem conseguido atrelar outros produtos às suas vendas online - um exemplo é o clube de assinatura de vinhos.

Apesar da expansão do GPA no segmento, o setor de alimentos e bebidas não tem, hoje, uma presença importante no comércio on-line. “Os consumidores ainda não associaram a venda de alimentos ao e-commerce. É um segmento difícil, que lida com produtos perecíveis e tem logística complicada”, diz Pedro Guasti, presidente da Ebit, consultoria especializada no comércio eletrônico.

Em comparação com 2016, no entanto, mais brasileiros estão escolhendo trocar o carrinho de compras pelo aplicativo do celular. Em um relatório da consultoria feito no passado, o setor nem aparecia no top 10. Agora, está na nona colocação.

O setor também apresentou aumentos significativos ao redor do mundo, segundo a Kantar Worldpanel. Em 2016, China e Coreia do Sul foram os países que mais passaram a comprar alimentos pela web, com altas de 50% e 40%, respectivamente. Na Europa, França e Grã-Bretanha cresceram 8%.

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