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Aplicativo do Telegram para iPhone. | Rodrigo Ghedin/Gazeta do Povo
Aplicativo do Telegram para iPhone.| Foto: Rodrigo Ghedin/Gazeta do Povo

O Roskomnadzor, órgão regulador das telecomunicações da Rússia, começou a enviar às operadoras do país a ordem para bloquear o aplicativo Telegram nesta segunda-feira (16). O app, que é similar ao WhatsApp e usado por 200 milhões de pessoas no mundo inteiro, se nega a fornecer chaves de acesso da codificação das mensagens ao Serviço de Segurança Federal russo (equivalente à Polícia Federal).

Na sexta (13), o Telegram perdeu o processo em que tentava reverter o bloqueio. O pedido das chaves criptográficas é embasado pela lei anti-terrorismo russa, sancionada em 2016, que exige que aplicativos de troca de mensagens forneçam esse tipo de acesso às autoridades russas.

O Telegram se nega a cumprir tal ordem porque alega que a cessão das chaves comprometeria a privacidade dos usuários. Em 2015, a Apple enfrentou uma situação similar nos Estados Unidos, quando o FBI exigiu que a empresa oferecesse um meio de burlar a proteção de um iPhone encontrado com um dos terroristas do ataque de San Bernardino, na Califórnia, que deixou 14 mortos. Naquela ocasião, a Apple venceu a queda de braço com o FBI.

Pavel Durov, fundador e CEO do Telegram, manifestou-se no próprio app que criou após a derrota na Justiça. Durov, que é russo, mas deixou o país em 2014 após sua empresa anterior, a rede social Vk, ter sido vendida a outra ligada ao Kremlim, disse que “no Telegram, temos o luxo de não nos importarmos com fontes de receita ou vendas de anúncios. A privacidade não está à venda e os direitos humanos não devem ser comprometidos por medo ou avareza”.

Impasse com a imprensa local

Segundo a agência Reuters, o Telegram ainda estava funcionando em Moscou na segunda-feira. Uma fonte do órgão regulador ouvida pela agência russa Interfax informou que o bloqueio por levar “várias horas” para ser implementado.

O Telegram é o nono app de chat mais usado do mundo, com 200 milhões de usuários. Na Rússia, ele é o equivalente ao WhatsApp no Brasil em termos de popularidade. O próprio governo russo usa o Teelgram para se comunicar com jornalistas e organizar coletivas de imprensa. Em face ao bloqueio iminente, um porta-voz do Kremlim pediu aos jornalistas que estavam em um grupo no Telegram para que migrassem a um serviço rival, o ICQ, de origem israelense, mas que foi comprado pela russa Mail.ru em 2010.

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