• Carregando...
Miniaturas de novaiorquinos — ou “doobs”. | Peter Garritano/NYT
Miniaturas de novaiorquinos — ou “doobs”.| Foto: Peter Garritano/NYT

No ano passado, Kim Phan, estilista de Manhattan, decidiu que queria uma versão em miniatura de si mesma. Usando um vestido estampado de sua marca, a Yumi Kim, foi para uma das filiais da Doob, onde entrou em uma sala, a “Dooblicator”, equipada com 54 câmeras que capturaram todos os ângulos. Depois, Phan saiu e analisou a imagem em um monitor.

“Eu queria que fosse uma foto em movimento. Disse a eles que queria uma imagem do meu vestido voando”, disse ela.

Usando um processo chamado fotogrametria, tecnologia também utilizada pela indústria cinematográfica e de videogames, a Doob converteu a imagem 2D em um arquivo 3D de alta resolução. Em seguida, uma impressora 3D produziu uma estatueta de polímero.

Phan ficou extremamente satisfeita com o resultado. “Dá para ter uma Barbie real de você mesma. É você de fato”. Mais tarde, voltou com o noivo e fez uma estatueta sua saltando nas costas dele, que agora fica sobre sua mesa de trabalho.

A “Dooblicator”.Peter Garritano/NYT

Há cópias das estatuetas de Phan em uma loja da Doob no SoHo (há outra filial no Upper East Side e lojas em Los Angeles, San Francisco e outras cidades), juntamente com dezenas de outros exemplares, variando em tamanho, de 10 (Buddy, US$ 95) a 35 centímetros (Diva, US$ 695).

Como descrever uma versão liliputiana de uma fotografia que é tão realista que alguém a chamou de “assombrosamente precisa”? Um boneco de si mesmo? Um Mini-Me, como o personagem dos filmes de Austin Powers?

“As pessoas estão chamando de ‘selfie 3D’. Na verdade, não é bem isso. Nós nos referimos a elas como réplicas impressas em 3D”, disse Michael Anderson, executivo-chefe da Doob EUA.

Atenção aos detalhes

Algumas miniaturas expostas na loja da Doob.Peter Garritano/NYT

A Doob, que foi fundada há cinco anos e cuja sede fica em Düsseldorf, na Alemanha, está apostando que as pessoas querem ver miniaturas de si mesmas: sorrindo sozinhas, abraçando seus cônjuges em uma versão assustadoramente perfeita do casal do bolo de noiva, montando em uma Harley-Davidson com os braços tatuados nus ao vento. Bonitas ou assustadoras, elas talvez sejam o exemplo atual da incrível impressão 3D com o qual é mais fácil se identificar.

Visitar a loja do SoHo e ver tantos nova-iorquinos exatamente iguais ao que são na vida real, apenas em versão miniatura e exibidos em mesas e prateleiras, parece, a princípio, meio surreal. É como se você entrasse no novo filme de Alexander Payne, Pequena Grande Vida, ou aquele velho longa com Lily Tomlin e Charles Grodin, A Incrível Mulher que Encolheu.

Uma estatueta de 25 cm de um homem elegantemente trajado, com um blazer marrom, echarpe e óculos com armação negra, com o cão obedientemente deitado a seus pés, era tão real que chegava a captar sua expressão de satisfação.

“Todos esses detalhes são fundamentais. Se for você, só pequeno e sem definição, acaba sendo apenas um bibelô, mas às vezes, nas figuras maiores, dá até para ver a hora que o relógio do sujeito está marcando”, disse Anderson.

Quanto mais elaborada for a aparência antes do processo de doobing, melhor o resultado em geral. Padrões e cores contrastantes ficam bonitos, por exemplo. E uma boa pose pode capturar seu eu interior.

Uma família reuniu três gerações para um doob em grupo. Um músico com os joelhos dobrados toca seu trompete. E o fisiculturista tirou a camisa para mostrar seu corpo escultural.

Heather Stern fez seu primeiro doob em 2014, quando estava grávida de oito meses da filha, Rosie. Desde então, sempre comemora o aniversário da menina com uma nova estatueta das duas juntas. “São tão realistas que me faz pensar nos brinquedos que damos às nossas filhas, como as bonecas American Girl”, disse ela.

“Para sua filha, ter uma imagem do corpo feminino normal é uma coisa positiva”, disse ela.

Não é brinquedo

Ashley Holt e sua miniatura dela segurando uma miniatura — um “metadoob”.Peter Garritano/NYT

Mas, o que fazer com um doob? Ele não é resistente o suficiente para brincar. Exibi-lo em sua casa ou escritório pode parecer narcisista. Stern mantém os seus em uma estante de sua casa, com os legos que monta (ela é engenheira mecânica), mas “não ficam em destaque”, afirmou.

E acrescentou: “O pessoal fica chocado: ‘Oh meu Deus, que incrível, o que é isso?’”.

Uma das maneiras de se encarar a novidade é como aprimoramento da cultura digital de autorreferência da qual ela surgiu. Foi o que Ashley Holt fez. Confeiteira de bolos personalizados no Brooklyn, ela tem um doob de si mesma posando de boca aberta, pronta para dar uma mordida. Depois que sua estatueta chegou, o que leva cerca de duas a três semanas, ela fez um bolo em forma de pêssego. Então, ajeitou a estatueta com o bolo, tirou uma foto e postou no Instagram, “para que parecesse uma pessoinha comendo um pêssego gigante. Eu queria trazer o doob para o design de bolos, fugir do padrão batido”, disse ela.

Como grand finale, Holt voltou à loja semanas mais tarde e fez outro doob dela mesma, dessa vez segurando seu minúsculo doob comendo o bolo.

“Usei a mesma roupa. Eles o chamaram de ‘metadoob’.”


0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]