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YouTube Kids é um app feito especialmente para crianças. | YouTube/Divulgação
YouTube Kids é um app feito especialmente para crianças.| Foto: YouTube/Divulgação

A versão em inglês do YouTube Kids, aplicativo oficial do YouTube com conteúdo adequado para crianças, contém vídeos de teorias da conspiração. A denúncia foi feita pelo Business Insider no último sábado (17).

De acordo com a publicação, o YouTube Kids recomendava vídeos que afirmam que a chegada do homem à Lua foi uma mentira e outros do teórico da conspiração David Icke, em que ele afirma que o mundo é governado por seres híbridos metade humanos, metade répteis; que os humanos “evoluiriam” em 2012 e que o assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, em 1968, teria sido planejado pelo próprio governo dos Estados Unidos.

O YouTube removeu os vídeos apontados pela reportagem do Business Insider após ser notificado; outros, porém, continuaram disponíveis na plataforma. Em comunicado, afirmou que “o conteúdo [do YouTube Kids] é analisado usando sistemas treinados por humanos” e que “nenhum sistema é perfeito e, às vezes, erramos”. O texto ainda diz que o YouTube bloqueia vídeos e, às vezes, até canais que estejam em desacordo e que trabalha continuamente para melhorar a experiência do app YouTube Kids.

Medidas

O escândalo é o último de uma sequência que tem colocado pressão no Google — o YouTube foi comprado pelo Google em 2006. Ano passado, grandes anunciantes, como a PepsiCo, Verizon e Starbucks, ameaçaram retirar o investimento na plataforma após reportagem do Wall Street Journal revelar que seus anúncios estavam sendo veiculados ao lado de vídeos racistas, homofóbicos e antissemitas.

As medidas para combater a disseminação de vídeos com discurso de ódio e promoção de notícias falsas começaram a ser anunciadas no final de 2017. Em dezembro, Susan Wojcicki, CEO do YouTube, anunciou a contratação de 10 mil novos moderadores humanos para analisar conteúdo que viole as políticas de uso da plataforma ao longo de 2018, além do emprego de técnicas de aprendizagem de máquina para detectar e remover com celeridade vídeos em desacordo com os termos de uso da plataforma.

Outra medida foi endurecer os critérios para que produtores de conteúdo participem do programa de divisão de receita a partir da publicidade nativa do YouTube, um dos maiores estímulos à criação de conteúdo viral — e, por extensão, polarizador e inflamado.

Por fim, durante o evento SXSW, em Austin, no Texas, Wojcicki anunciou que o YouTube incorporará verbetes da Wikipedia em vídeos que tratem de temas polêmicos ou controversos. A enciclopédia digital se manifestou em seguida, dizendo que não tinha ciência desse acordo, o que gerou mal estar.

Acadêmicos, como Zeynep Tufekci, têm aumentado o tom das críticas ao YouTube. A pesquisadora, em artigo de opinião recente publicado no New York Times, diz que o YouTube pode ser considerado “um dos maiores instrumentos de radicalização do século XXI”.

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