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Eduardo Vaz Pinto, sócio da rede de cinemas Cinesystem: é preciso investir em tecnologia para não perder espaço. | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Eduardo Vaz Pinto, sócio da rede de cinemas Cinesystem: é preciso investir em tecnologia para não perder espaço.| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Retração será sentida por todos

A crise deve chegar mais devagar a segmentos que não dependem do crédito e cujos produtos têm preços que cabem no orçamento mensal das famílias, segundo o professor do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcio Cruz. "A crise afeta a todos de maneira geral, mas em períodos de tempo diferentes", diz. O primeiro reflexo da crise na economia real, que foi a escassez de recursos para financiamento, já atingiu as vendas de bens de consumo duráveis. "Os efeitos sobre os demais setores vão ser sentidos no médio prazo", diz.

Segundo Cruz, os produtos de menor valor e os itens de consumo de primeira necessidade, como alimentos, por exemplo, só são prejudicados em caso de redução de renda e aumento do desemprego. "A partir daí as famílias tendem a cortar o consumo de supérfluos e susbstituir produtos por similares mais baratos", afirma. (CR)

  • Carlos Maroni, diretor da Louisiana-Pacific: aposta em crescimento de 30% .

A crise financeira é grave e já fez várias companhias engavetarem projetos de investimentos. Mas há quem mantenha seus planos de expansão para 2009. Na contramão do pessimismo geral, essas empresas acreditam que será possível crescer mesmo em um cenário de desaceleração global da economia. Indústrias de bens de consumo não-duráveis, o comércio de produtos populares, empresas de entretenimento e de tecnologia de informação estão entre as que sustentam que ainda é possível enfrentar o furacão sem maiores estragos nos seus negócios.

"Estamos cautelosos, mas não pessimistas", diz Andrea Mota, diretora de marketing e vendas da rede de perfumaria O Boticário. Apesar do agravamento da crise, a empresa deve superar a meta de crescimento neste ano, de 16%. "Para 2009 devemos manter o ritmo" diz ela. O Boticário redobrou o monitoramento nas lojas para detectar possíveis impactos da turbulência financeira. "Não sentimos, pelo menos até agora, mudanças nem em volume nem na qualidade das vendas", afirma.

De acordo com ela, há até a idéia de aumentar o volume de investimentos para 2009 em relação a 2008. O Boticário anunciou, no início de 2008, planos de R$ 180 milhões. "Não dependemos do crédito de longo prazo e, ao mesmo tempo, não há sinais de mudança nos planos de geração de renda do governo federal, que impulsionaram o consumo das classes mais pobres. Então a nossa expectativa é de manutenção do ritmo" diz.

Com o foco na venda de produtos populares, a rede de lojas Casa China, que tem 18 unidades no Paraná e Santa Catarina, acaba de inaugurar uma loja no shopping Total, em Curitiba, e se prepara para abrir mais uma em dezembro, no Hauer. "No próximo ano abriremos pelo menos mais uma", diz Adecio Toshiaki Nomura, um dos diretores da rede.

Segundo ele, o fato de a rede trabalhar com artigos populares, de baixo preço, pode ser um trunfo. "A gente espera que o consumidor direcione suas compras para artigos mais baratos, que não dependem do crédito." A rede também só investe com recursos próprios, o que é uma boa estratégia com atual escassez do crédito. A maior preocupação agora é com o aumento dos custos de produtos importados para 2009, em função do dólar mais forte.

Com previsão de crescer 30% em 2009, a rede de cinemas Cinesystem resolveu manter seus investimentos para o próximo ano, mesmo com a alta do dólar afetatando o custo de equipamentos. A principal aposta do grupo, que nasceu em Maringá, é a adaptação de salas para a transmissão de filmes em 3-D, segundo Eduardo Vaz Pinto, um dos sócios da rede. "Teremos, no próximo ano, 14 lançamentos nessa tecnologia. Se deixarmos de investir, podemos perder espaço para a concorrência. Além disso, a transmissão em 3-D triplica a bilheteria e aumenta o valor da entrada de 20% a 30%", justifica.

A Cinesystem também está expandindo o número de cinemas. Depois de inaugurar na primeira quinzena de dezembro um novo conjunto em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a empresa programa a abertura de mais três unidades para 2009, em Curitiba, Maringá e Rio de Janeiro, com custo de R$ 7,5 milhões. "Há uma parcela da população que só vai ao cinema quando está em cartaz um título de grande apelo ou uma nova tecnologia. Temos que investir", resume.

Para Gustavo Trunci, proprietário da curitibana IdealSoft, que faz softwares de automação comercial para pequenas e médias empresas e que acaba de abrir um escritório em São Paulo, a crise ainda não afetou os negócios e pode significar novas oportunidades. O executivo acredita que, se a crise levar mais empresas a buscar soluções de redução de custos, suas vendas podem aumentar. "A nossa previsão é crescer entre 25% e 30%", afirma. A IdealSoft também não descarta fazer aquisições neste momento.

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