
A queda da atividade econômica e o clima de incerteza política atingiram em cheio a geração de empregos com carteira assinada em 2015. No ano passado, o país fechou pouco mais de 1,5 milhão de vagas, o pior resultado da série histórica iniciada em 1992. No Paraná, o número é o pior dos últimos 12 anos, com o corte de mais de 75 mil postos de trabalho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
INFOGRÁFICO: acompanhe o saldo de emprego no país e no Paraná desde 2003
O estado paranaense é o sexto que mais demitiu em todo o país em 2015, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Foram 75.548 postos de trabalho encerrados no ano no Paraná, sendo a grande maioria (45.115) em dezembro. “Em condições normais, dezembro é um período de contratação, principalmente no comércio, o que não aconteceu”, avalia o diretor do centro de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima.
Ele acrescenta que os dados do Paraná refletem o aprofundamento da crise nacional. “O segundo semestre de 2015 foi marcado por uma profunda crise político-econômica que afetou o consumo, diminuiu os investimentos e o acesso ao crédito”, completa.
Apesar do fechamento de 75 mil vagas, o estado conseguiu segurar o saldo deficitário por um trimestre, enquanto o Brasil começou 2015 já com o número de demissões superando as admissões. O país registrou saldo negativo de 81.774 em janeiro, enquanto o Paraná teve saldo deficitário somente em abril (-2.002).
Setores
A forte atividade agroindustrial contribuiu para que o número de vagas fechadas não fosse ainda maior. A agropecuária foi o único setor que conseguiu acabar o ano com um saldo positivo na geração de empregos no país. A atividade gerou 9.821 vagas com carteira assinada no Brasil e 3.067 no Paraná. No estado, a administração pública também conseguiu terminar 2015 com mais admissões: 93.
Enquanto a agropecuária contratou, a indústria de transformação foi a maior responsável pela deterioração do mercado de trabalho. No ano passado, foram fechadas 608.878 vagas no Brasil – somente em dezembro foram encerrados 31,7% dos postos de trabalho do segmento. No estado, o número de demissões superou em 46.812 as admissões, com o mês de dezembro concentrando 37,9% dos cortes do setor.



