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Urna é levada após encerramento de votações | MARKO DJURICA/REUTERS
Urna é levada após encerramento de votações| Foto: MARKO DJURICA/REUTERS

Pesquisas divulgadas neste domingo (5) na Grécia após o fechamento das urnas indicam vantagem do “não” sobre o “sim” no plebiscito realizado para aprovar a proposta de socorro financeiro feita pelos credores internacionais.

Os levantamentos devem ser analisados com cautela porque, embora tenham sido feitos neste domingo, nem todos ouviram os gregos na saída dos locais de votação e, por isso, não seriam classificados como “boca-de-urna”. Os primeiros resultados oficiais serão anunciados a partir de 21h (15h, em Brasília). Espera-se que o cenário esteja definido ainda nesta noite.

O primeiro-ministro grego, Alexis TsiprasKAY NIETFELD/EFE

Pelo menos seis pesquisas divulgadas pelos canais de televisão, com base em institutos locais, apontam vitória do “não”.

Segundo o canal Skai TV, por exemplo, o “não”, contra o acordo proposto pelos credores, deve vencer pelo placar de 51,5% a 48,5%. O canal Alpha prevê que o “não” atinja de 49,5% a 54,5% dos votos, enquanto o “sim”, de 45,5% a 50,5%. O canal Mega divulgou pesquisa em que o “não” aparece vencendo por 51,5% a 48,5%.

ENTENDA E CRISE DA GRÉCIA

A votação terminou às 19h (13h, em Brasília) e ocorreu em clima de tranquilidade na capital Atenas. Ao todo, 9,9 milhões de gregos estavam aptos para votar no país.

A população foi convocada na semana passada pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, para aprovar ou não a proposta de socorro financeiro internacional feita pelos credores FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e a zona do euro.

Após votar, Alexis Tsipras afirmou que a Europa não poderá ignorar a vontade dos gregos. “Muitos podem tentar ignorar o desejo de um governo, mas ninguém pode ignorar a vontade de uma população que está buscando viver com dignidade, com suas próprias mãos “, afirmou o premiê, após votar em Atenas.

Tsipras faz campanha pelo “não”, mas tem dito que buscará um acordo a partir desta segunda (6) com Bruxelas independentemente do resultado. O discurso foi repetido no fim de semana pelo ministro de Finanças, Yanis Varoufakis.

O premiê destacou ainda a determinação da população em comparecer à consulta e disse que as coisas avançam quando “a democracia vence o medo e chantagem”. “Hoje a democracia triunfa sobre o medo. Estou confiante que nesta segunda vamos estabelecer um novo curso para todas as pessoas da Europa”, afirmou.

“Vamos mandar a mensagem de que estamos determinados não só a permanecer na Europa mas também a viver com dignidade nela, para prosperar, trabalhar em igualdade entre iguais”, ressaltou.

Ao votar, os gregos receberam uma cédula com a seguinte pergunta a responder: “Deve ser aceito o acordo submetido por CE (Conselho Europeu), BCE e FMI para o Eurogrupo no dia 25 de junho, que consiste em duas partes que formam sua proposta completa?”. Eles colocaram o voto ‘sim’ ou ‘não’ num envelope e o depositaram na urna.

A complexidade do tema e a falta de tempo para entender as negociações com os credores levaram os gregos a interpretar cada um à sua maneira o plebiscito.

Para alguns, a votação, convocada há uma semana pelo governo, é uma avaliação sobre a gestão e o comportamento do primeiro-ministro, do partido de esquerda Syriza, eleito em janeiro para o cargo.

Para outros, trata-se de decidir sobre a permanência na zona do euro, embora, oficialmente, isso não esteja em discussão no momento.

A única certeza é que, além de uma disputa dividida, ninguém arrisca dizer o que vai ocorrer com a Grécia a partir desta segunda (6), seja qual for o resultado.

Boa participação

Os colégios eleitorais na Grécia fecharam pontualmente às 19h (13h em Brasília) após a votação do referendo sobre a proposta de acordo dos credores, em um dia que transcorreu sem incidentes.

Segundo informações da agência de notícias grega “AMNA”, a participação rondou os 65%, semelhante a das eleições gerais de janeiro, sem por enquanto confirmação de números oficiais.

Um total de 10.837.118 gregos estavam chamados a votar no referendo que decidirá entre o “sim”, de apoio à proposta dos credores gregos; e o “não” de rejeição às medidas colocadas em troca de acesso ao resgate.

Os primeiros resultados confiáveis serão divulgados entre às 20h e 21h (14h e 15h em Brasília), informou o Ministério de Interior.

Para que o resultado do referendo seja considerado válido, a lei exige participação de pelo menos 40% do eleitorado.

Negociações com Grécia podem continuar após plebiscito, diz ministro belga

O ministro de relações exteriores da Bélgica, Didier Reynders, disse neste domingo que mesmo se os cidadãos gregos votarem “não” no plebiscito, as negociações com os parceiros europeus podem continuar. Contudo, o dirigente belga ressaltou que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, estaria em uma posição de negociação enfraquecida.

Enquanto o povo grego vota sobre o resgate, Reynders disse que um voto “não” implicaria em começar do zero para encontrar um novo plano para salvar o país e mantê-lo na zona do euro. Como os empréstimos à Grécia são principalmente de cidadãos europeus, seria difícil fazer maiores concessões, afirmou o ministro, ao observar que a idade de aposentadoria é maior na Bélgica do que a Grécia.

“O primeiro-ministro grego diz que vai ficar mais forte. Mas a democracia está em toda a Europa, não é só a democracia grega”, disse Reynders. “Felizmente nós não estamos fazendo plebiscitos em outros países para perguntar se devemos ajudar a Grécia, porque eu acho que haveria algumas surpresas”, acrescentou.

Reynders também afirmou que um voto “não” teria um impacto negativo prolongado sobre a própria economia da Grécia. “O choque vai continuar por mais tempo do que o governo grego está alegando. Se for um ‘sim’, nós vamos ter uma base e podemos trabalhar nessa base. Se for ‘não’, vamos precisar de renegociar um novo plano, com todos os riscos que isso envolve”, disse Reynders.

O ministro belga, que também é vice-premiê, disse que um voto “não” forçaria a zona do euro a preparar medidas para manter a confiança nos outros países do bloco. A economia europeia em geral também seria colocada em risco, acrescentou.

“No momento, a economia europeia está se recuperando ligeiramente, mas se recuperando, de qualquer forma. O resultado do plebiscito pode criar um novo atraso e colocar freios”, disse Reynders.

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