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O Terminal Portuário Ponta do Félix (ao fundo) movimentou 1,2 milhão de toneladas em 2011. Plano de zoneamento de Antonina prevê a movimentação de 3,3 milhões de toneladas em 2030 | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
O Terminal Portuário Ponta do Félix (ao fundo) movimentou 1,2 milhão de toneladas em 2011. Plano de zoneamento de Antonina prevê a movimentação de 3,3 milhões de toneladas em 2030| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Techint não definiu o que fará na cidade

Com a licença de instalação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) expedida em julho e a aprovação da Antaq desde setembro, a empresa italiana de engenharia marítima Techint já pode usar a área de 100 mil metros quadrados que pleiteou no Porto de Antonina. Localizada no terminal público de Barão de Teffé, a área foi cedida em caráter temporário – 40 meses – à empresa, com o objetivo de servir de apoio às atividades da unidade offshore que existe em Pontal do Paraná. A unidade trabalha, desde junho, na construção de duas plataformas fixas de petróleo para a OSX, de Eike Batista.

O que exatamente será produzido na área de Antonina, no entanto, ainda não se sabe. "Sabemos que será relacionado à fabricação de módulos de plataformas ou componentes para o projeto de Pontal. Pensamos até em deslocar alguma etapa para Antonina, mas ainda não definimos o quê", explica o diretor de Desenvolvimento da Techint, Luís Guilherme de Sá.

Nos bastidores, fala-se também em produção de módulos para navios FPSOs, embarcações que ficam ancoradas em alto-mar e fazem o primeiro processamento no petróleo antes que seja trazido à costa. Cada montagem de um navio assim leva entre um e dois anos, o que daria longa vida ao "uso temporário" de Antonina.

"A ideia é usar a área de Antonina também para futuros contratos. Nossa expectativa é gerar cerca mil empregos diretos na cidade", explica o diretor. Ele não menciona prazos para começar as atividades em Antonina, mas algumas fontes falam em cerca de dois meses.

Pontal

Instalada na década de 1980, a unidade de Pontal recebeu investimentos de R$ 300 milhões em reformas e ampliações. Os ministérios públicos Estadual e Federal chegaram a pedir novos estudos ambientais, mas a Justiça entendeu diferente e decidiu em favor da Techint e do IAP no último dia 6. A Techint já concluiu a revitalização, aumentando a área útil da unidade de 140 mil para 200 mil metros quadrados e construindo um cais de 300 metros.

Três empresas paranaenses darão a largada

Duas empresas de Curitiba e outra do Litoral, interessadas em parte das áreas ociosas do Porto de Antonina, podem dar a largada necessária à criação do polo offshore do terminal – junto com a ida da Techint.

Leia a matéria completa.

O Porto de Antonina tem vocação para ser o polo para as atividades de apoio à exploração de petróleo e gás em alto-mar (offshore) do Paraná. Esta é uma das principais indicações do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do terminal, encomendado pela Appa, a administração dos terminais paranaenses, ao Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (LabTrans/UFSC), e que está à espera da aprovação da Secretaria dos Portos e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em Brasília. O documento, assim como o plano diretor de uma cidade, serve de base para orientar investimentos e operações para os próximos anos.

O plano projeta um crescimento de 175% na movimentação de cargas do porto até 2030, o equivalente a 5,5% ao ano, a partir da tendência da redução dos embarques de carne congelada, do aumento do recebimento de fertilizantes e de açúcar ensacado e também da introdução de dois novos tipos de carga: veículos, em caráter complementar à movimentação de Paranaguá, e produtos metalúrgicos offshore, considerando a instalação da empresa de engenharia marítima italiana Techint no terminal e a vinda, a partir dela, de outros fornecedores e prestadores de serviço do ramo.

Essas projeções representam uma transformação profunda no terminal, que hoje tem apenas um arrendatário operando, o Terminal Portuário Ponta do Félix. Do recorde de pouco mais de 1,2 milhão de toneladas movimentadas no ano passado, o porto poderá chegar a 3,3 milhões em 2030. Mas isso depende de investimentos na construção de novos acessos e do aprofundamento do calado (medida correspondente à parte submersa do navio).

"O plano anterior, de 2006, era mais recente que o de Paranaguá, que também foi atualizado neste ano. Mesmo assim, a discussão do pré-sal só ganhou força a partir de 2009 aqui no Paraná. Nossa tarefa foi contemplar esses novos caminhos na atualização do plano, considerando as restrições geográficas e ambientais de Antonina", explica o superintendente da Appa, Luiz Henrique Tessutti Dividino.

A vinda da Techint é o principal fator para o estímulo à formação de um polo offshore no Porto de Antonina – outras três empresas paranaenses também devem dar a largada necessária à nova vocação (leia mais na matéria relacionada).

No caso do potencial para o transporte de veículos, ele foi identificado a partir da própria demanda indicada pela indústria há alguns anos. Em 2008, antes de o calado do terminal ser reduzido pelo acúmulo de detritos e a falta de dragagem, algumas montadoras buscaram o terminal e chegaram a realizar duas operações-piloto.

"Isso é importante porque no transporte dos carros a parte mais crítica não é o embarque no navio, mas a passagem do caminhão-cegonha pela cidade e o local de espera do veículo até o embarque", diz Dividino. Na época, o Porto de Antonina chegou até a receber a autorização para o embarque de automóveis, mas o rebaixamento do calado acabou por minar a ideia.

Novas ligações rodoviárias não têm nem projeto

Um dos pontos mais críticos para a retomada das operações do Porto de Antonina – terminal que nos idos de 1949 chegou a ser o quarto mais importante do país – é o tráfego pesado de caminhões de carga, que atravessam as cidades de Morretes e Antonina. Embora existam duas ideias para desviar esse fluxo do convívio urbano – uma ligação com a BR-277 e outra com a PR-410 –, nenhuma tem projeto pronto.

Ainda assim, o superintendente da Appa, Luiz Henrique Tessutti Dividino, acredita que é possível fazer a movimentação crescer: "Nossa ideia é criar bolsões, locais onde os caminhões possam aguardar, antes da entrada no perímetro urbano de Morretes e Antonina, até a hora do embarque. É uma questão de organização, que diminuiria o fluxo dos veículos pesados nas cidades."

Para isso, além da criação dos bolsões, seria preciso também reformar todo o acesso ao Porto de An­­tonina, das proximidades da entrada da estrada que vai para Guaraqueçaba até o terminal.

O trecho mais encaminhado nesse sentido é mais próximo ao porto. Com recursos de uma contrapartida antiga da Transpetro, a prefeitura está asfaltando a interligação das avenidas Conde Matarazzo e Tiago Peixoto, que dão acesso ao terminal.

A obra é motivo de disputa entre poder público e privado na cidade. Um dos herdeiros da família Matarazzo – dona do complexo industrial centenário que fica ao lado do terminal público de Barão de Teffé e também da única ferrovia particular do país, paralela à Avenida Matarazzo – entrou com uma ação contra a prefeitura para que a obra seja embargada.

A estrada de ferro, desativada desde os anos 1970, é a grande esperança de volta aos negócios da família Matarazzo. A América Latina Logística (ALL) já teve o aval dos herdeiros para utilizar a concessão ferroviária, que teria validade até 2017.

Assim como o herdeiro Matarazzo, a ALL protocolou meses atrás uma ação na Vara Federal de Paranaguá contra a prefeitura pedindo a interrupção da reforma da Avenida Matarazzo. A empresa quer que o projeto seja adequado aos planos de reativação da linha.

Pelo projeto atual, uma ciclovia corre ao lado da linha férrea, algo bastante criticado pela população local, já que duas das principais escolas do município ficam na via, além de uma unidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

A ALL concluiu no último mês, em um investimento de R$ 127 mil, a recuperação do trecho de 16 quilômetros entre Morretes e Antonina, mas diz que ainda não há acordos comerciais para a retomada da circulação da linha.

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