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Andre Brindarolli,coworker da Four Coworking, espaço que oferece interação entra varias áreas de trabalho, facilitando o transito de ideias e informações | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Andre Brindarolli,coworker da Four Coworking, espaço que oferece interação entra varias áreas de trabalho, facilitando o transito de ideias e informações| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

“Procuramos gente criativa para mudar o mundo”. O recado está no mural de conexões – algo como um painel de classificados – do Four Coworking, em Curitiba. A ideia, que já teve ares de utopia, é atualmente a máxima dos coworkings, dos mais tradicionais aos alternativos. Os espaços de estações de trabalho compartilhadas e salas privativas se tornaram moda entre freelancers, escritórios pequenos e pessoas que não se adaptavam ao trabalho home office. Hoje, o número de grandes empresas e multinacionais que alocam parte de suas equipes em coworkings é crescente. O interesse surgiu com o notável rendimento das pessoas que atuam nesses espaços e a identificação com a ideologia do local.

Exemplo para escritórios convencionais

Ao se consolidar no mercado como ambientes colaborativos e de inovação, os coworkings começaram a atrair empresas maiores que se identificaram com esse perfil. O Nex Coworking tem, entre seus membros, empresas com um grande número de equipes e também partes de equipes de multinacionais. Segundo o fundador do espaço, Guto de Lima, o coworking é uma alternativa para empresas que querem expandir suas atividades sem ter que criar uma estrutura inteira em outra cidade.

Mas, no caso de empresas que querem ver seus funcionários prosperar, não é necessário mobilizar equipes inteiras para dentro um coworking. Estas empresas podem tirar lições importantes dos espaços colaborativos e adaptá-las ao seu sistema de trabalho. Segundo o artigo da Harvard Business Review, os espaços de coworking apresentam níveis mais elevados de prosperidade porque combinam um ambiente de trabalho bem concebido e a oferta de um trabalho feito com qualidade - porque cada um acredita que o seu trabalho faz a diferença. As empresas podem seguir essa receita com algumas adaptações, por exemplo:

- Construir valores em comunidade: é necessário que o colaborador se identifique com o propósito da empresa. Se o funcionário entender que o que é importante para a empresa também é importante para ele, ele terá motivação para levar suas melhores ideias para o escritório.

- Ambientes flexíveis para o estilo de trabalho de cada funcionário: a possibilidade de escolher um ambiente com maior interação ou outro mais reservado traz a liberdade necessária para que o funcionário crie e trabalhe com conforto e, principalmente, rentabilidade. A sugestão da pesquisa é que, mais do que espaços descontraídos para os momentos de pausa dos funcionários, a empresa invista em espaços que respeitem o estilo de trabalho do colaborador.

Um artigo publicado em setembro de 2015, na “Harvard Business Review”, estudou a prosperidade no trabalho e apontou que a média dos níveis de prosperidade das pessoas que trabalham em coworking – os coworkers – atinge a marca 6 numa escala de 7 pontos. Esse rendimento, segundo os autores do artigo, é consequência do estilo de trabalho adotado nos espaços. Os coworkers têm liberdade para fazer seus horários e elencar as prioridades de sua rotina. Se precisam sair do trabalho para um compromisso pessoal, por exemplo, podem flexibilizar seus horários para isso.

Muitos administradores de coworkings promovem workshops para melhorar o foco e a produtividade dos colaboradores. Equipes específicas analisam o perfil dos clientes (inclusive o que eles compartilham nas redes sociais) e promovem conexões. Para Ricardo Dória, fundador da Aldeia Coworking, a rede formada entre as pessoas é o grande bônus dos espaços compartilhados. “O problema do escritório fechado é que você loca o espaço, assume um custo fixo alto e se isola. E se você se isolar no meio de sociedade que está em completa transformação, com oportunidades aparecendo e desaparecendo, você está jogando contra o seu próprio negócio”, afirma.

Coworkings do mundo todo levantam a bandeira de que são um movimento, uma rede de empreendedorismo. O Coworking Manifesto, documento online assinado por mais de 2 mil membros de coworkings, apresenta valores como colaboração, comunidade, participação ativa e sustentabilidade. A identificação dos coworkers com o ambiente em que trabalham é outra razão pela qual eles prosperam. A partir do momento em que se veem num grupo de pessoas que quer fazer a diferença, cada um em sua área, eles percebem que sua função vai além de números que indiquem um bom rendimento. O ambiente competitivo das empresas convencionais dá lugar ao espírito colaborativo, que busca resultados significativos para a sociedade.

Os administradores dos coworkings estudam o tempo todo novas formas de promover qualidade e aceleração no trabalho. Entrada de luz natural, poucas paredes e teto alto são recursos usados para criar um ambiente em que, acreditam, a criatividade flui melhor.

Censo Coworking Brasil 2016

O Brasil tem 378 coworking ativos. O Paraná tem 34, sendo que 20 estão em Curitiba. Uma pesquisa realizada com 173 coworkings do país resultou nos seguintes dados:

Mais de 10 mil posições de trabalho estão ocupadas

O número de salas privativas soma 840, um aumento de 588% em relação a 2015

53 espaços (cerca de 30%) funcionam em tempo integral

92,9% organizam eventos dentro do espaço

Conectando propósitos

O escritório particular onde Andre Brindarolli atuava ficou pequeno para as necessidades dele e dos seus clientes. O coach e treinador do Instituto Você, empresa de desenvolvimento humano, tinha que procurar, todos os meses, salas alternativas para fazer suas reuniões e palestras. Ele enxergou no coworking a possibilidade de suprir suas necessidades com um preço justo.

No Four Coworking, espaço que foi inaugurado no início deste ano, em Curitiba, Brindarolli descobriu um ambiente alinhado com o seu estilo de trabalho. As vantagens de ser um coworker foram percebidas com o tempo.

Hoje, além dos atendimentos regulares que faz na sala privativa que aluga, ele tem a liberdade de escolher qual espaço vai usar para trabalhar, dependendo das tarefas que tem de cumprir durante o dia.

Para ele, o coworking proporciona uma interação com o ambiente e pessoas que tem os mesmos ideais. “É um espaço de compartilhamento, de conhecimento, onde podemos conhecer novas pessoas, compartilhar ideias. As pessoas que buscam esse espaço se preocupam com sustentabilidade, em otimizar o uso e enriquecem o ambiente que a gente vive”.

Brindarolli enxerga nos coworkers a vontade de sair do padrão, de encontrar ativação, desenvolvimento. Por essa razão, o ambiente faz que ele encontre possíveis clientes e também o propósito para fazer seu trabalho ir além, buscando resultados atinjam mais do que as pessoas envolvidas diretamente com a empresa em que atua.

Ele, que já trabalhou como home office e não gostou da experiência, diz que estar no coworking traz “felicidade no fazer”. “É um ambiente colaborativo, cada um com seu projeto, mas com a ideia de que você faz parte de algo maior. Você se identifica com a ideia de coworking, com a identidade do local e assume essa identidade como sendo sua também”, diz.

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