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Confira o ranking da gestão |
Confira o ranking da gestão| Foto:

Numa lista de 17 países com as empresas mais bem administradas, o Brasil está na rabeira. Na média, as companhias brasileiras têm melhores práticas de gestão apenas do que as da China, Índia e Grécia. Estados Unidos, Alemanha e Suécia estão no topo do ranking. Esse é o resultado de um estudo publicado no mês passado no Journal of Economic Perspectives, realizado pelos economistas Nicholas Bloom, da Stanford University, e John Van Reenen, da London School of Economics.

Para mensurar as práticas de gestão, os dois professores realizaram entrevistas em empresas de tamanho médio, com 100 a 5 mil funcionários, escolhidas aleatoriamente. No Brasil, foram 559 firmas pesquisadas. A partir das respostas, eles definiram uma pontuação de 1 (pior prática) a 5 (melhor prática) para 18 práticas básicas de gestão. De maneira geral, essas 18 categorias podem ser divididas em três grandes grupos: monitoramento, metas e incentivos (saiba mais no gráfico). Segundo os autores, uma pontuação elevada mostra que a empresa é mais bem administrada e, na média, também mais produtiva. As empresas brasileiras obtiveram nota média 2,69. Os EUA receberam 3,33.

A categoria em que o Brasil se saiu pior foi em incentivos – a capacidade de promover e contratar funcionários. Em parte, a resposta para isso está na legislação trabalhista do país, pouco flexível. O uso do capital humano, medido por trabalhadores mais educados, também afeta o desempenho brasileiro. Quanto maior o grau de escolaridade dos gerentes e dos funcionários, em geral também maior a nota que a empresa recebe. "Nossa crença é de que mais educação empresarial básica – por exemplo, sobre questões de orçamento, análise de dados e práticas de recursos humanos – poderia ajudar a melhorar a gestão em muitos países, especialmente nos em desenvolvimento", afirma os autores.

Outro problema brasileiro foi o tamanho da "cauda longa" – o grande volume de empresas muito mal gerenciadas. Brasil e Índia têm um número razoável de empresas bem administradas, especialmente multinacionais e exportadoras, duas condições diretamente ligadas a uma boa nota, mas tiveram a média puxada para baixo pelo grande número de empresas muito mal administradas.

Esse mal gerenciamento está relacionado a uma série de fatores, entre eles a quem é o proprietário da firma. As empresas familiares que nomeiam um membro da família (especialmente o filho mais velho) como o CEO e as empresas do governo, por exemplo, formam o grupo com a piores notas. Esse fato complicou a situação brasileira. Enquanto nos países ricos – Alemanha, Japão, Suécia e Estados Unidos – o número de empresas desse grupo representa 20 % a 30% da amostra; para Brasil, Portugal, Itália e Grécia ele equivale a 60%. "Uma explicação para essa diferença é que o subdesenvolvimento do mercado financeiro e a fraqueza da força da lei em muitos dos países em desenvolvimento torna extremamente difícil a separação entre propriedade e controle. Por exemplo, famílias podem ficar relutantes em contratar gerentes de fora porque a lei não é forte o suficiente para protegê-las em casos de roubo", escrevem os autores. As empresas com os preços das ações cotadas em bolsa ou de propriedade de firmas de private equity foram as que foram mais bem avaliadas.

Concorrência

Segundo o estudo, as empresas que enfrentam mais concorrência em geral receberam as melhores notas. Quando a competição no mercado de um determinado produto não é intensa, argumentam os autores, uma empresa com pouca produtividade (e mal administrada) é capaz de permanecer no mercado.

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