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Na busca por emprego, Bárbara Moraes sempre citou sua experiência como voluntária. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Na busca por emprego, Bárbara Moraes sempre citou sua experiência como voluntária.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O valor do trabalho voluntário está ultrapassando os limites das organizações não-governamentais e já se tornou um fator decisivo em entrevistas de emprego. O voluntariado, segundo especialistas em recursos humanos, desenvolve habilidades como empatia, trabalho em equipe e humildade, todas necessárias para atuar em um modelo de atuação colaborativo.

Assim, uma das primeiras recomendações para quem está revisando o currículo é não deixar de fora suas atividades no terceiro setor. Para quem nunca trabalhou em atividades voluntárias, a recomendação é avaliar se não é o momento de buscar esse caminho de autodesenvolvimento.

Laísa Prust é consultora interna de RH e seleciona profissionais para um escritório de advocacia. Nas entrevistas, ela costuma perguntar, além do que a pessoa fez como voluntária, o que ela aprendeu com aquilo. Através das respostas, ela percebe quais características aplicáveis em uma empresa o candidato desenvolveu. “O voluntário exerce funções diferentes das que ele tem no trabalho, aprende a pensar fora da caixa.”

Além disso, o voluntariado promove a convivência com outras realidades e com pessoas diferentes, o que ajuda o profissional a pensar além do seu departamento, desenvolvendo a questão multidisciplinar, diz.

Bárbara Moraes, 26, começou no voluntariado muito cedo. Durante os estudos na área de recursos humanos, ela percebeu como a atuação em escolas e ONGs a prepararam para o mercado de trabalho. Ela tinha mais desenvoltura em público, conseguia gerar empatia e liderar equipes. Nada veio de graça. A voluntária sempre agiu com responsabilidade e foi reconhecida por isso. Quando o projeto TETO veio para Curitiba, ela assumiu a coordenação de uma comunidade. Depois, na mesma instituição, se tornou coordenadora de formação de voluntariado.

Valorizados no mercado

Na busca por emprego, Bárbara sempre citou sua experiência como voluntária, cada projeto em que atuou e seus aprendizados. “A gente aprende muito sobre liderar pessoas, se organizar e fazer as coisas acontecerem. Você cria um pouco mais de base. É o que as empresas procuram dentro de um profissional, porque você consegue antecipar soluções, se organizar para resolver problemas.” Depois de algum tempo, a profissional de RH, que tinha o desejo de levar o terceiro setor para sua vida profissional, conseguiu um emprego na área. Hoje ela é coordenadora de rede no Instituto Legado, uma empresa que trabalha com empreendedorismo social.

Laísa Prust afirma que, assim como fez Bárbara, é importante que os candidatos busquem trabalhos voluntários com os quais se identifiquem, encontrem prazer em fazer. E que também valorizem essa experiência, coloquem no currículo e falem sobre isso nas entrevistas de emprego. “Às vezes a pessoa não tem um curso que comprove que ela tem aquela qualificação, mas falar do voluntariado vai mostrar que ela desenvolveu a competência. Se ele não coloca no currículo, acaba omitindo um dado importante que pode dar muitas oportunidades se ele mencionar e ainda perde a oportunidade de demonstrar um valor que ele tem”, afirma.

A gente aprende muito sobre liderar pessoas, se organizar e fazer as coisas acontecerem. É o que as empresas procuram em um profissional, porque você consegue resolver problemas.

Bárbara Moraes,voluntária que hoje é coordenadora em uma ONG.

Voluntariado harmoniza o ambiente de trabalho

Embora o voluntariado seja valorizado por recrutadores por permitir a análise de características dos candidatos, esse tipo de trabalho também é incentivado dentro das empresas, para quem já está contratado. O objetivo é que os funcionários desenvolvem seu papel social e profissional sem a pressão de agir, naquele momento, pensando nas metas e resultados. “É uma forma de reconhecer nosso entorno, entender que a empresa é constituída por um conjunto de pessoas, que é uma parte da cidade”, explica Erika Michalick, responsável pela área de sustentabilidade da CNH.

A ação tem funcionado muito bem. A analista de logística da empresa, Elayne Zopelaro, conta que a sensação de pertencimento gerada pelo trabalho voluntário completa a atuação dela como profissional. “É uma forma de recarregar a esperança. Você começa a tolerar mais o próximo e isso é muito importante, principalmente quando você trabalha em equipe. Isso ajuda você a encontrar um equilíbrio na sua vida”, explica.

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