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Nem emoção demais, nem emoção de menos. Todo pedido de desculpas deve ser sóbrio e consciente o bastante para converter um erro em uma ferramenta de mudança. Mas não é sempre que isso acontece. É bem comum, por exemplo, que, no trabalho, as pessoas neguem um descuido, culpem um colega ou peçam perdão de maneira vazia – e nada eficiente.

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Segundo o Sócio-diretor da Crescimentum Consultoria, Paulo Alvarenga, são muitos os equívocos que atrapalham pedidos de desculpas. Um deles é a vitimização excessiva. Como quando alguém culpa o trânsito após deixar pessoas esperando para uma reunião e perde a oportunidade de encarar os próprios atos mediante uma autocrítica refinada.

Conforme explica Paulo, o ato de se desculpar requer não apenas uma boa autocrítica, como também uma consciência do impacto que o seu comportamento pode causar no outro. O consultor enfatiza nem sempre é fácil enxergar os próprios erros, por isso, aconselha que, em caso de dificuldade, a pessoa peça ajuda. “Assuma para o outro quando não conseguir ver onde está errando. É um gesto de humildade muito importante para crescer”.

O esforço em mudar também deve permear a rotina do indivíduo após um pedido de desculpas, de acordo com o especialista. Na maioria das vezes, a pessoa que erra comete o equívoco com frequência por conta de limitações que podem ser trabalhadas. Mas não adianta se desculpar e não buscar melhora. “É preciso mostrar que você está se esforçando”, reforça.

A fórmula da desculpa

Segundo um artigo do professor Guy Winch para o site Psychology Today, muitos estudiosos do tema entendem que uma desculpa produtiva envolve três principais pontos: o reconhecimento e a responsabilidade completa pelo problema, uma declaração de arrependimento e uma promessa de que se vai ao menos prevenir o ocorrido em questão.

Para o especialista em comportamento organizacional Andy Molinsky, também é preciso deixar a própria zona de conforto e controlar as emoções, focando na experiência da outra pessoa, sobretudo, quando seus nervos estão à flor da pele. Além disso, é essencial analisar a situação de forma tranquila para que a desculpa não apenas repare uma questão de relacionamento como também se converta em um catalisador do seu desenvolvimento.

Em um artigo para a revista Harvard Business Review, o professor destaca quatro formas equivocadas de se desculpar:

1. A desculpa vazia

É aquela formal, política, mas da boca para fora, sem muita consistência. Em geral, aparece quando a pessoa entende que tem que se desculpar, mas fica tão frustrada com o acontecimento que não apresenta nenhum sentimento na hora de assumi-lo. É a desculpa mais primária, que, de tão básica, é insuficiente.

2. A desculpa excessiva

Sabe quando a pessoa fica tão arrependida e nervosa que só o que consegue fazer é se desculpar ininterruptamente reforçando a todo o tempo o quanto lamenta pelo que fez? Pois esta também é uma maneira equivocada de tentar reparar um erro, de acordo com o especialista. Quando diz que sente muito de forma efusiva e constante, o sujeito acaba colocando o foco mais nas próprias sensações do que nos efeitos que o problema causou no outro. Esse movimento tende a não ajudar muito a resolver a questão.

3. A desculpa incompleta

Ela tem quase tudo para dar certo, mas não perpassa todos os pontos fundamentais de uma boa desculpa (reconhecimento, declaração e promessa de melhora). Uma pessoa pode, por exemplo, assumir a responsabilidade parcial por um erro e não pedir desculpas, nem expressar arrependimento. Ou também se desculpar, mas culpar o outro como quando diz “Eu sinto muito por tê-lo feito se sentir assim”.

4. A desculpa negativa

É quando o indivíduo fica tão desesperado com o erro que, em vez de se desculpar, assume uma postura defensiva. Tentando consertar a situação, nega tanto o equívoco, que se excede tentando se proteger e, por fim, piora tudo.

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