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Com  a  tão sonhada promoção, pode vir um setor cheio de problemas. O líder deve estar preparado para eles. | Bigstock/
Com a tão sonhada promoção, pode vir um setor cheio de problemas. O líder deve estar preparado para eles.| Foto: Bigstock/

Você acaba de ser promovido e é seu primeiro dia na nova cadeira. Assim que entra no escritório, tem várias ideias para o setor e não vê a hora de começar a gerir seu time. Empolgado, vislumbra na função diferente uma página em branco para deixar a sua marca. Mal imagina que nem tudo é tão novo assim.

Em pouco tempo, você nota que, ao herdar um cargo, herda também problemas bem mais antigos do que seus planos otimistas. É como um trem já em movimento. Os entraves vão desde documentos perdidos e desorganização até a falta de união e engajamento da equipe. Um estudo publicado pela consultoria Navalent, dos Estados Unidos, mostra que boa parte dos executivos não se dá bem nesta situação. Segundo a pesquisa, 50% dos líderes que herdam uma bagunça dos seus antecessores falham até o 18.º mês no posto.

Não é para menos. A gerente executiva da consultoria Thomas Case, Deise Gomes, lembra, por exemplo, que não é incomum ver gestores perdidos por não saberem exatamente o que a empresa espera deles. A companhia não diz, o novo líder não pergunta.

Por isso, a especialista orienta que a primeira coisa que o novo chefe precisa fazer quando vai assumir uma posição é conhecer as expectativas da organização com relação ao novo cargo.

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Será que há erros a serem reparados? Que aspectos a equipe precisa aperfeiçoar? Assim, é possível entrar no setor tendo clareza dos problemas que estarão pela frente. Nesta etapa inicial, passar mais tempo observando minuciosamente o funcionamento de tudo pode fazer toda a diferença para colocar a casa em ordem.

Conhecendo seu time

Outro passo importante é a escuta ativa. Estar preparado para ouvir as pessoas é fundamental. O coach João Alves aconselha que, logo na primeira semana de trabalho, o gestor faça uma reunião coletiva com o grupo, mostre suas propostas e demonstre engajamento. Nesse momento, o profissional deve abrir espaço para ouvir os anseios do grupo. Perguntar o que os incomoda, o que os agrada – seja no âmbito técnico ou pessoal.

Depois de ouvir todos juntos, o gestor pode ouvir um a um em reuniões individuais. Conhecer um pouco da vida deles. Quais seus grandes planos dentro e fora da empresa? “Há quem diga que essa aproximação não é boa, mas é importante, sim. Se o funcionário não está bem em casa, isso vai impactar seu trabalho e afetar todo o time”, diz o especialista.

Isso vale para os líderes, mas também para qualquer profissional que está assumindo um novo cargo e integrando uma nova equipe.

Olhe o problema de dentro

Jamais trate sua equipe como se você estivesse fora dela. Inserir-se dentro do grupo, dizer “nós” e não “eles”, para se referir ao seu pessoal é uma regra básica quando se quer colocar ordem na casa. Mas, muito cuidado para não tentar ser amigo de todo mundo em vez de ser apenas um chefe atento. “Investir energia construindo fortes laços de amizade com seu pessoal pode confundir as relações de poder estabelecidas pela empresa e aumentar a probabilidade de uma reação das pessoas quando você precisar impor sua autoridade”, diz um artigo da consultora Liane Davey para a revista Harvard Business Review.

Outo ponto crucial tem a ver com a comunicação: da mesma maneira que você foi orientado pelos seus superiores quanto ao que a organização espera de você, seja objetivo ao mostrar aos seus subordinados o que você quer. Muitos líderes deixam o barco afundar sem que as pessoas saibam ao certo o motivo. Falha de comunicação. Se notar que você tem alguma dificuldade com isso, não hesite em procurar um mentor. “Ele poderá ajudar a construir boas soluções para o trato com a equipe e com o próprio trabalho”, diz Deise.

Líder confiante não culpa seu antecessor

Um mentor ou coach pode te ajudar também a trabalhar sua autoconfiança. Muitos líderes, com medo do fracasso, passam o tempo todo se gabando de experiências passadas e do próprio potencial. Isso é um erro, conforme explica o consultor americano Ron Carucci. Para o especialista, embora você possivelmente tenha sido promovido por seus bons resultados, ficar falando sobre eles não vai ajudar. Manter a calma e criar estratégias com tudo o que você aprendeu na carreira será muito mais eficaz.

Depois de observar, ouvir e dialogar, é hora de partir para as soluções efetivas dos problemas. Ron lembra que, em hipótese alguma, se deve culpar o predecessor. Se a equipe é desunida, os processos de trabalho são complexos, os arquivos estão perdidos, é hora de olhar para frente e pensar em novas formas de executar as coisas.

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Ele lembra que a reestruturação exige mudanças que podem causar impactos negativos quando não se atenta ao tempo certo de dar início às transformações. Ainda que haja muitas regras sobre esse momento ideal, ele vai depender de dois pontos centrais: a urgência da questão e o preparo da sua equipe para receber a novidade. Só é preciso não deixar dúvidas entre as pessoas acerca do que está acontecendo.

Deise destaca outro fator importante: muitas vezes, os entraves no setor estão relacionados a falhas da própria cultura da empresa. Nestes casos, é fundamental alinhar as prioridades da organização com a gestão da companhia e sugerir o que pode ser melhorado começando lá de cima. “No dia a dia, o líder vai mostrando que, abrindo mão de velhos vícios, todo mundo só tem a ganhar”.

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