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A compra da Sonae pelo Wal-Mart acirra a disputa no setor de supermercados. Com o reforço das 140 lojas da rede Sonae, o Wal-Mart prevê alcançar um faturamento bruto de R$ 11 bilhões neste ano, de acordo com o presidente da empresa no Brasil, Vicente Trius. São R$ 600 milhões a mais do que em 2004, quando as duas redes juntas faturaram R$ 10,4 bilhões, de acordo com o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Com isso, a rede americana se consolida no terceiro lugar no mercado nacional, atrás de Pão de Açúcar e Carrefour.

Antes da compra, o faturamento da Wal-Mart correspondia à metade do total do segundo colocado, o Carrefour. No ano passado, o Carrefour teve vendas de R$ 12,2 bilhões. A Wal-Mart, de R$ 6,1 bilhões. O primeiro colocado, o Pão de Açúcar, faturou R$ 15,4 bilhões, segundo o ranking da Abras.

A vantagem competitiva do Wal-Mart sobre o segundo colocado no ranking brasileiro, o Carrefour, é o fato de ter vários modelos de lojas, de pequenos supermercados até clubes de compras com preço de atacado, como o Sam´s Club. Mas Trius minimiza a importância do ranking.

- Acreditamos no Brasil. Não é importante ser primeiro ou segundo. A aquisição demonstra comprometimento da empresa com o Brasil - afirma.

Depois de negociações que levaram pelo menos três meses, o Wal-Mart pagou 635 milhões de euros, o equivalente a R$ 1,7 bilhão, pelas operações da rede Sonae no Brasil. De acordo com Craig Herket, presidente da empresa para o continente americano, o pagamento foi feito em uma única parcela na noite desta terça-feira diretamente pela sede do grupo. Esse valor, segundo ele, é semelhante ao pago por outras aquisições na América Central este ano.

Com a aquisição, o Wal-Mart amplia sua presença nas regiões sul e sudeste do país. A Sonae concentra suas lojas nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. São 37 hipermercados BIG, 24 supermercados Mercadorama, 67 com a marca Nacional, 12 Maxxi Atacado, além de quatro centros de distribuição, três postos de gasolina, sete restaurantes e um frigorífico. No total, a rede mantinha 20 mil funcionários que, segundo Trius serão somados aos 30 mil empregados do Wal-Mart.

- Não vamos mudar as bandeiras, como já fizemos com o Bom Preço - afirma Trius.

O executivo afirma que a aquisição traz para o grupo mais conhecimento do setor de supermercados e dos consumidores do sul, além de excelência em gestão de alimentos e boa localização.

Para Trius, o cenário econômico brasileiro não preocupa a empresa.

- O importante é adaptar o negócio ao país em que opera. O Brasil tem juros mais altos do que outros países, mas não significa que não conseguimos trabalhar - diz Trius, destacando que o país tem mantido crescimento estável nos últimos anos.

Neste ano, o Wal-Mart inaugurou 10 lojas no país. Em 2006, serão 15 novas unidades, um investimento de R$ 600 milhões que vai gerar cerca de 5 mil empregos. A reforma de lojas já existentes deve consumir mais R$ 150 milhões no próximo ano.

Com a aquisição, a Wal-Mart Brasil atinge 295 lojas em 17 estados. Atualmente ela tem 22 Wal-Mart, 15 lojas SAM's Clube, dois supermercados Todo Dia, 70 supermercados Bom Preço, 28 Hiper Bom Preço, oito Mini, 7 Balaio, três Hipermagazine. A maioria das lojas está nos estados do Nordeste, onde a instalação da empresa foi mais rápida com a compra da rede Bom Preço.

No entanto, o presidente do grupo não descarta a hipótese de acelerar o crescimento da rede com novas aquisições.

- Temos olhado tanto o crescimento orgânico quanto o por aquisição - afirma, acrescentando que o Brasil oferece boas oportunidades também para a abertura de novas lojas.

- Temos modelos de lojas para entrar tanto em grandes quanto em pequenas cidades e não é um desafio encontrar bons terrenos. O Brasil oferece muita oportunidade - diz o executivo, contrariando alguns especialistas do setor que afirmam haver escassez de bons terrenos, de boa localização, para a expansão das redes varejistas.

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