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Ilan Goldfajn, presidente do BC. | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ilan Goldfajn, presidente do BC.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira (7), o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que os “exageros do passado” ainda pesam sobre a economia. Soou como se ele culpasse uma espécie de herança maldita pela piora recente nas expectativas. Mas, no fundo, ele quis dizer, com razão, que leva tempo para reverter uma política econômica equivocada.

A fala de Goldfajn surgiu no contexto de uma análise sobre o cenário econômico. Para o presidente do BC, ainda há uma combinação de incertezas – como o cenário externo descrito como “desafiador” e o ritmo de aprovação de reformas – com problemas na dinâmica que dita a política monetária. Essa última parte combina o comportamento da inflação (cujas expectativas ainda estão sendo “ancoradas”, no jargão usado pelos economistas para descrever o momento em que o mercado espera o IPCA dentro da meta de 4,5% ao ano) e a atividade econômica, que o BC reconhece estar muito debilitada.

Em resumo, o cenário descrido por Goldfajn é dos mais complexos e um dos ingredientes que fazem parte desse contexto são os excessos do passado. O desequilíbrio fiscal, que provocou o déficit de R$ 170 bilhões esperado para este ano, ainda não está solucionado, apesar da tramitação da PEC que limita o gasto público e do encaminhamento da reforma da Previdência. Ele tem relação direta com o comportamento da inflação e suas expectativas. Além disso, nos anos que precederam a gestão de Ilan no BC, houve claramente um abandono da meta de inflação para permitir uma política fiscal expansionista e isso abalou a crença do mercado a respeito da capacidade do BC cumprir seu mandato de preços estáveis. Recuperar a confiança é trabalho lento.

Isso não significa que os problemas econômicos do país sejam unicamente derivados da tal herança maldita. Goldfajn pontua, por exemplo, que o cenário externo pode mudar o comportamento da inflação – via oscilações cambiais, por exemplo, ou da alta do petróleo, que já levou a Petrobras a reajustar os combustíveis.

Goldfajn reconhece que há pressão para uma queda mais acelerada dos juros, mas que o Comitê de Política Monetária (Copom) preferiu esperar uma consolidação do cenário para fazer cortes maiores em janeiro. Isso, sozinho, não é suficiente para trazer o crescimento de volta, diz. “É o momento de persistir nos ajustes, nas reformas, trabalhar pelo crescimento da produtividade, trabalhar para ter estabilidade monetária e ter juros sustentáveis mais baixos, de forma que a gente volte a crescer”, explica. É um raciocínio que vai muito além de culpar governos passados.

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