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No saturado Centro de Curitiba, únicas opções que restaram às construtoras são adquirir lotes pequenos e convencer os vizinhos a vender suas casas, ou comprar lotes grandes já construídos e demolir tudo | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
No saturado Centro de Curitiba, únicas opções que restaram às construtoras são adquirir lotes pequenos e convencer os vizinhos a vender suas casas, ou comprar lotes grandes já construídos e demolir tudo| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Em busca de oportunidades

RMC e bairros afastados na mira das construtoras

A dificuldade de encontrar terrenos vazios em áreas nobres deve se tornar um grande problema para construtoras a partir de 2013, quando o mercado desacelerar. Diante deste obstáculo, o cenário imobiliário já começou a sofrer transformações. Bairros mais afastados do centro e, principalmente, a região metropolitana de Curitiba (RMC) já são alvos das incorporadoras.

"Não tem mais saída. Depois de 2013 vai haver dificuldade maior em viabilizar áreas nas regiões nobres. A região metropolitana e bairros afastados do centro de Curitiba serão boas oportunidades de negócios econômicos. Essa será a tendência em três ou quatro anos", afirma o presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig.

Cada vez mais, os municípios próximos à capital paranaense serão utilizados como dormitório pela população economicamente ativa. Os empreendimentos nestas áreas não devem ser tão caros como os da capital. Outra vantagem seria a estrutura de serviços disponível.

"Já está ocorrendo o processo natural de integração da região metropolitana com a capital. Com oferta menor nas áreas centrais, áreas mais afastadas serão a saída para o mercado", diz o consultor do Sinduscon-PR Marcos Kahtalian. "Todos os bairros afastados e cidades ao redor de Curitiba possuem ótimos serviços. Isso viabiliza a implantação de empreendimentos", afirma Selig. (CGF)

Apesar da escassez de terrenos baldios para construção de em­­preendimentos de grande porte, o mercado imobiliário em Curitiba deve continuar aquecido neste e no próximo ano – a previsão da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) é de crescimento de 16% em 2011 em relação a 2010. Segundo profissionais ligados ao setor, há poucas áreas vazias disponíveis nos bairros ao redor do centro de Curitiba que comportem projetos grandiosos, tanto verticais (prédios) como horizontais (condomínios de casas).

A saída adotada pelas incorporadoras e construtoras para driblar o problema é a compra dos lotes que restam, muitas vezes pagando mais caro que o valor de mercado. "As incorporadoras arremataram tudo o que tinha. Hoje existem poucos terrenos à venda para grandes construções. O que as construtoras estão fazendo é comprar os lotes que restam e negociar com os donos dos terrenos ao redor. Mas isso não será impeditivo para a continuidade do crescimento do mercado", explica o presidente do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Con­domi­nial (Inpespar), Luiz Fernando Gottschild.

A tendência é que, cada vez mais, casas antigas e estabelecimentos comerciais deem lugar aos empreendimentos imobiliários, principalmente em bairros como Batel, Água Verde, Semi­nário e Cabral, entre outros próximos ao centro de Curitiba. Sabendo disso, muitos proprietários elevam o preço na hora da negociação com as construtoras. "O que muitas construtoras estão fazendo é demolir construções antigas. O problema é que o terreno com a casa acaba custando mais, e por isso as construtoras estão desenvolvendo produtos mais caros para ter retorno financeiro. Hoje é impossível encontrar algo abaixo de R$ 250 mil ao redor do centro", ressalta o presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig.

O consultor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR) Marcos Kahtalian acredita que os preços desses terrenos devem cair. Segundo ele, a redução irá acompanhar o mercado. "Quando ocorreu o momento de grande explosão do mercado imobiliário, os proprietários de terrenos acompanharam. Agora, com a redução da ansiedade, a tendência é trabalhar com preços aceitáveis", alerta.

Melhor da década

Os dados de 2010 comprovam que o mercado imobiliário ba­­teu todos os recordes da década. O volume de alvarás de construção liberados em Curitiba no ano passado foi histórico. Segundo estimativa do Sin­duscon-PR, o número deve chegar a 35 mil unidades, 26% su­­perior ao registrado em 2009, quando foram autorizadas 27.840 unidades.

Os lançamentos no ano passado também devem ser marco no mercado imobiliário da capital paranaense. A previsão da entidade é que mais de 10 mil unidades sejam ofertadas ao mercado – até novembro já eram 8,1 mil unidades. Con­firmados os números (o sindicato espera finalizar os dados até dia 19 de janeiro), haverá au­­mento de 41% em relação a 2009, que fechou com 7.099 unidades.

As vendas de imóveis novos também comprovam o ótimo momento que atravessa o mercado. Entre janeiro e outubro de 2010, foram comercializados 5.675 unidades verticais, 32,5% mais do que no mesmo período do ano retrasado, de acordo com dados da Associação dos Diri­gentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR). "O crescimento surpreendeu positivamente. As projeções eram otimistas, mas não na velocidade que foi", comemora Selig. "Por conta da disponibilidade de crédito, o crescimento do mercado foi ótimo. Os lançamentos aumentaram em mais de 20%", complementa Kahtalian.

Dois quartos

Os apartamentos de dois quartos continuam sendo os mais procurados pelo público. O motivo é o perfil do consumidor: casais novos que estão começando a constituir família. "Os casais podem transformar o segundo quarto em escritório ou no quarto do primeiro filho", afirma Gottschild. "Geralmente, querem afastado da região central pela tranquilidade e proximidade com áreas verdes e parques", acrescenta.

De acordo com o presidente do Inpespar, os apartamentos de um quarto também vendem bem. Mas, nesse caso, a procura é por unidades na área central de Curitiba. O público interessado nesse padrão é composto por pes­­soas divorciadas ou viúvas, na terceira idade ou jo­­vens. "São indivíduos que não pre­­cisam de uma área muito gran­­de. Além do mais, querem se locomover sem precisar dirigir. Se estiverem morando no cen­­tro, terão o benefício de estar próximos de pontos de ônibus, shoppings e restaurantes", ressalta.

Diante da oferta por apartamentos menores, a procura das opções de três e quatro quartos, geralmente mais antigos, diminui. O motivo seria a facilidade em adquirir o imóvel novo. "O novo é mais fácil de comprar. As construtoras financiam e também parcelam em várias vezes, enquanto para imóveis usados, geralmente, as pessoas precisam dar entrada grande e o financiamento é mais complicado", diz Gottschild.

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