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Preços dos alimentos importados ainda devem sofrer ajustes por causa da alta do dólar. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Preços dos alimentos importados ainda devem sofrer ajustes por causa da alta do dólar.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

A combinação de tarifaço de energia elétrica e aumento de impostos e do dólar está fazendo com que a inflação de preços livres, como alimentos e serviços, seja mais resistente do que normalmente ocorre em períodos de recessão.

A alta dos preços livres, que não são influenciados diretamente pela regulação do setor público, se acelerou em fevereiro, quando ficou em 7,19% no acumulado em 12 meses, contra 7,09% em janeiro. Essa alta, embora pequena, é inesperada para períodos de desaceleração, quando produtores e comerciantes têm menos espaço para repassar a alta de custos para o consumidor.

Alta de alimentos e bebidas em 12 meses chega a 9%

A inflação de alimentação e bebidas teve redução no ritmo de aumento dos preços em fevereiro, considerando a alta de 0,81% no último mês ante a taxa de 1,48% registrada em janeiro. Apesar disso, os alimentos, influenciados diretamente pelo câmbio, acumulam alta de 9% nos últimos 12 meses.

A taxa de inflação dos alimentos é normalmente impactada por efeitos climáticos e outras situações sazonais, por isso varia bastante, diferentemente da inflação de serviços, mais constante. “As manifestações recentes dos caminhoneiros, que trancaram diversas rodovias, serviram também para impactar no preço dos alimentos. Assim como o dólar”, afirma o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores

Em abril de 2013, o acumulado de doze meses dos alimentos atingiu 14%, com influência principalmente da alta dos preços dos produtos in natura, como hortaliças, legumes e verduras por conta de problemas climáticos e aumento do custo do frete. No fim daquele ano, a inflação dos alimentos ficou em 8,48%.

Segundo economistas, a inflação está em um momento de transição, em que ainda estão sendo absorvidos aumentos de custos provocados pela disparada do dólar, que já ultrapassa os R$ 3,20, elevação do custo da energia e dos combustíveis, além de aumentos de impostos –problema que no Paraná será mais intenso do que em outros estados, já que a partir de abril será elevada a alíquota de ICMS, um imposto estadual, para milhares de produtos. Parte dessa pressão de custos certamente chegará ao preço final e, somente depois disso, a inflação dos preços livres deve ceder.

“O tarifaço público do início do ano impactou bastante outras áreas. A alta da energia, combustíveis e do transporte urbano foram disseminadas. Mas em uma economia que vai mal, o ofertante do serviço não consegue repassar todo aumento dos custos para o consumidor”, analisa o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores.

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Desaceleração

Na projeção da consultoria Rosenberg Associados, os itens livres devem sofrer uma desaceleração de 6,7%, registrado em 2014, para 6,4% no fim deste ano. “Por mais que a gente espere isso, serviços têm sempre uma resistência maior de diminuição”, afirma o economista Leonardo França Costa, da Rosenberg.

Costa avalia que a resistência dos serviços trará “problemas a mais” para o BC, que deve ver a inflação acumulada em 12 meses cair abaixo do teto da meta de 6,5% ao ano somente em 2016. Para este ano, o mercado espera que o IPCA fique acima de 8%. Nas contas da Rosenberg, o número de 2016 será próximo de 5,6%.

Para a consultoria GO Associados, os itens livres devem chegar ao fim de 2015 com elevação de 6,5%. “Tanto o câmbio quanto os administrados devem atrapalhar um pouco a desaceleração mais forte que podiam ocorrer nos livres, mas eles vão ceder ao longo do ano por conta da desaceleração da economia, principalmente do mercado de trabalho”, afirma a economista Mariana Orsini, da GO Associados.

A projeção de instituições financeiras e economistas consultados pelo BC para o Boletim Focus é que a inflação feche o ano em 8,13%. Se a taxa se confirmar, será a maior variação anual do IPCA desde 2003.

Juros devem subir para conter preços

  • brasília

Com o reconhecimento do Banco Central de que a inflação vai estourar a meta este ano e com o fim da intervenção diária no câmbio, analistas do mercado financeiro refizeram suas contas e chegaram ao consenso de que os juros básicos, a Selic, vai subir mais este ano. De acordo com o Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (30), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a taxa dos atuais 12,75% ao ano para 13% na reunião de abril. Outra alta, para 13,25% ao ano, será aplicada em julho.

A expectativa de elevação dos juros embute a perspectiva de que o BC precisará agir para conter a alta da inflação. O IPCA vai subir 8,13% este ano, conforme o boletim, e 5,6% em 2016. Para o BC, as taxas serão de 7,9% e 4,9%.

O fim dos leilões de swap cambiais, uma operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro e que termina nesta terça-feira (31), também abriu a perspectiva de que o BC terá que “compensar” com a alta da Selic. O programa apelidado de “ração diária” teve início em agosto de 2013.

Já a expectativa central do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) chegou a uma retração de 1,00% para 2015 – até então, a previsão era de uma contração de 0,83%. A nova projeção do mercado é justamente o dobro do que o BC previu para o período: uma contração de 0,5%.

Piorou bastante também a estimativa para a produção industrial, de -2,19% para -2,42%. Já para 2016, espera-se uma retomada do setor fabril, com crescimento de 1,68%.

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