Uma enxurrada de frases non-sense tomou conta do Facebook nas últimas duas semanas. O programa What Would I Say? gerava uma frase para ser postada no mural do usuário da rede social com base nas frases mais frequentes publicadas por cada perfil. Mesmo com uma salada de palavras, na maior parte das vezes as frases carregavam a identidade dos autores, com suas expressões e assuntos recorrentes. A funcionalidade "mágica", no entanto, existe há muito tempo e serve muito mais do que para fazer graça: os "bots" (termo que surgiu da palavra robot) postam nas redes sociais o tempo inteiro e muitas pessoas nem os notam.
Um dos casos mais famosos no Brasil foi o da suposta jornalista Carina Santos. Criada por pesquisadores da Universidade de Ouro Preto, o bot chegou a ter 700 seguidores no Twitter se passando por uma usuária qualquer. De acordo com Fabrício Benevenuto, professor de ciências da computação da Universidade Federal de Minas Gerais e um dos responsáveis pelo estudo, o perfil foi programado para replicar mensagens postadas por outros usuários com a palavra Globo, seguida de outras palavras. As combinações mais frequentes eram publicadas como tweets próprios.
O objetivo dos pesquisadores era mostrar que um bot pode se tornar um perfil influente na rede. No Twitalyzer, site que mede a influencia dos perfis no Twitter, a pontuação de Carina chegou a 76, enquanto usuários extremamente populares como Luciano Huck e Rafinha Bastos foram classificados como 99 e 100, respectivamente.
Os robôs também são usados como recursos mais sofisticados que os tradicionais FAQs (perguntas e respostas frequentes) dos sites. Quando o usuário de uma loja virtual tem alguma dúvida sobre cupons promocionais ou tempo de entrega de uma encomenda, uma janela de bate-papo programada para responder as dúvidas mais comuns se abre. Se em algum momento da conversa o bot se torna inútil, um atendente assume o controle.
Revolução robô
Pelo seu alto grau de inteligência virtual, os bots também são usados para pregar peças nos usuários. Usando da interação de robôs, alguns portais conseguem dados pessoais dos visitantes se passando por caixas de mensagens. "Os bots estão ficando mais inteligentes e mais fáceis de criar, e as pessoas estão mais suscetíveis a ser enganadas por eles porque estamos cada vez mais inundados de informações", alertou em seu Twitter o professor do programa de pesquisa que acompanha bots da Universidade de Indiana, Filippo Menczer.
De acordo com o New York Times, o grupo de pesquisas de Menczer estima que mais da metade das interações nas redes sociais hoje se dão por meio de perfis programados e, dentro de dois anos, apenas 10% das atividades serão feitas por perfis humanos.