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Linha de montagem da Renault: empresa busca solução para diagnosticar falhas de comunicação. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Linha de montagem da Renault: empresa busca solução para diagnosticar falhas de comunicação.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O fomento à inovação é o caminho apontado por especialistas para dar maior competitividade à indústria brasileira. A criação de produtos de alto valor agregado contribui para geração de riqueza para o país. Mas a crise econômica, que exige ajustes nas operações, acaba inibindo investimentos em novas tecnologias, represando ainda mais o desenvolvimento. É nesse cenário que a inovação aberta pode ser uma alternativa para promover o crescimento. Um modelo que agora vai contar com uma plataforma desenvolvida no Paraná.

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Do total de recursos aplicados em pesquisa e desenvolvimento (1,2% do PIB) no Brasil corresponde a investimentos da iniciativa privada. Em países com melhor nível de desenvolvimento, esse porcentual chega a quase o dobro. Em Israel, 5% do PIB são para a inovação, com participação de 80% das empresas privadas. Os chineses aplicam 1,9% do PIB em P&D, em que 77% vêm das empresas.

Empresas como Natura, 3M e Samsung possuem plataformas próprias do modelo aberto–em que elas colocam suas necessidades à disposição de pesquisadores para que eles apresentem soluções. Ao mesmo tempo em que estimulam o ambiente inovador, ampliam a possibilidade de estabelecer novas parcerias de negócios.

Ao expor uma demanda que vai aumentar sua produtividade e a competitividade, a indústria busca soluções na comunidade científica e ajuda a dar suporte para o desenvolvimento de novas pesquisas. “É um circuito em que todos ganham. Indústrias ganham competitividade e os inovadores entram nas rodadas de negócio, transformando suas pesquisas em produtos rentáveis”, avalia o gerente do Centro Internacional de Inovação do Senai no Paraná, Filipe Cassapo.

O programa Impulsiona, lançado pelo Senai-PR com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pretende ser mais uma ferramenta de fomento dessa tendência. A partir da plataforma Inova Mais, criada pela instituição no fim de 2014, empresas âncoras propõem desafios ao mercado, na busca de parceiros que possam desenvolver soluções que vão impactar na sua produtividade.

Na primeira edição, Renault, Grupo Enel, Belgo Bekaert e Label Group AM irão avaliar a relevância mercadológica, o grau de inovação, a viabilidade técnica e econômica e a referência prévia de uso de cada projeto.

As propostas deverão ser apresentadas até dia 31 de julho. Toda a troca de informações será feita via plataforma Inova Mais . A ferramenta tem o apoio do MCTI, que aposta no incentivo ao modelo aberto, apesar do receio das empresas por causa dos segredos industriais. “Divulgar a demanda parece arriscado ao negócio. A questão está em dimensionar essa necessidade para o mercado e buscar as soluções”, explica o coordenador de gestão tecnológica do MCTI, Giancarlo Mocelin.

Desafios exigem propostas de soluções concretas

A fábrica da Renault do Brasil quer encontrar um mecanismo de diagnóstico eficiente para as falhas de comunicação em suas linhas de produção e reduzir as perdas avaliadas em R$ 500 mil em 2014, provocadas pela paralisação da montagem de veículos. “O dispositivo deve ser capaz de identificar a interrupção da comunicação em portas switchs e fazer a substituição de maneira automática, sem interrupção dos processos produtivos”, explica João Giovanetti, da área de sistemas de informação da Renault.

Multinacional de origem italiana, o Grupo Enel atua no mercado brasileiro de energia, com geração, distribuição, transmissão e serviços. O desafio da Enel é reduzir o tempo de instalação de painéis solares pela metade e cortar em 15% os custos do serviço, considerando a variedade de telhados e a preservação das edificações do cliente. “A tecnologia de energia solar ainda depende de componentes importados. Se a solução contemplar essa demanda, também pode ser muito interessante para o mercado”, avalia o executivo Bruno Cecchetti, responsável pela área de inovação da Enel do Brasil.

Na área da construção civil, a Belgo Bakert quer combinar concreto protendido e fibras de aço para criação e/ou melhoria de estruturas pré-fabricadas. A Label Group, especializada em serviços de impressão, pretende encontrar alternativas aos adesivos à base de petróleo, em um processo sustentável, a partir de resinas naturais.

APF

Enel pesquisa a casa do futuro com a ajuda da inovação aberta

A italiana Enel está em 30 países e tem 61 milhões de clientes no mercado de energia, entre geração, distribuição, transmissão e serviços. No Brasil, é a responsável pela Ampla, no Rio de Janeiro, e Coelce, no Ceará, na área de distribuição; Endesa Fortaleza e Cachoeira, na geração; Endesa Cien, na transmissão e a Prátil, na área de serviços.

O investimento em inovação no grupo tem aplicações em diferentes modalidades. Pelo programa da Aneel, a empresa aplica 0,2% do faturamento de distribuição e 0,4% da geração em P&D.

Nos últimos anos, os modelos abertos estão ganhando relevância na empresa, como o projeto Nós Vivemos o Amanhã (NO.V.A.), desenvolvido no Brasil e aberto para a participação de pessoas em todo o planeta por uma plataforma de crowdsourcing. Mais de 60 mil pessoas já contribuíram com 1,8 mil ideias para a construção da casa do futuro, proposta feita pela empresa. De tecnologias a divisão de ambientes, as sugestões serão usadas para o desenho do projeto e para a construção da obra, que será habitada por famílias reais. A habitação vai dar suporte para novas pesquisas, como mudanças de hábitos.

“Depois de descobrir as tecnologias do futuro, vamos saber como elas alteram o comportamento do morador, como consumo e o uso de equipamentos automatizados”, explica Bruno Cecchetti, da área de inovação da Enel.

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