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Para Mark Zuckerberg, é preciso modificar a legislação para melhorar as receitas das telefônicas. | Andreu Dalmau/EFE
Para Mark Zuckerberg, é preciso modificar a legislação para melhorar as receitas das telefônicas.| Foto: Andreu Dalmau/EFE

Organize o mais importante evento do setor, receba 85 mil convidados e faça um discurso unificado. Perfeita na teoria, a receita das empresas de telefonia exala cheiro de queimado nesta semana em Barcelona. O Mobile World Congress chega a 10.ª edição na cidade espanhola em um momento particularmente delicado para seus promotores, acossados em diferentes batalhas.

“Estamos aqui para ajudar as teles”, diz Mark Zuckerberg

Mark Zuckerberg tomou o palco do Mobile World Congress para dizer que o Facebook não é o monstro que as operadoras de telefonia pintam. Tentou fazer um discurso conciliador e chamou as teles de “parceiras”.

As reclamações das operadoras se concentram em dois pontos: 1) empresas como o Facebook e o Whatsapp avançam sobre serviços antes oferecidos por elas e afetam suas receitas; 2) essas mesmas empresas, por outro lado, não ajudam a bancar a expansão da internet e deixam a conta toda no colo das teles.

Zuckerberg reconheceu que expandir a internet custa muito dinheiro e disse que a saída é melhorar a legislação para fazer com que as receitas das operadoras cresçam mais rapidamente. Mas o que exatamente deve ser feito? “Eu não sei, não faço parte dos órgãos de regulação”, respondeu.

No front da legislação, as teles acabam de sofrer uma derrota importante nos EUA. Na semana passada, a agência que regula o setor optou pela chamada neutralidade de rede, proibindo a existência de pistas lentas e rápidas na internet, como defendiam as operadoras. “Os EUA estão trazendo legislação dos anos 30 para regular a banda larga”, reclamou Anne Bouverot, a diretora-geral da GSMA, associação que congrega as teles, já na abertura do congresso, ontem.

O presidente da Telefónica,César Alierta, pediu ajuda governamental. “As teles precisam estar em equilíbrio com outros atores do mundo digital e elas estão em desvantagem, porque têm que investir muito. A regulação deveria ter como objetivo equilibrar o campo de jogo”, afirmou. Alierta comanda uma empresa que teve 35% de queda no lucro no ano passado e fez o discurso de abertura do evento.

Os quase R$ 10 bilhões de lucro da Telefónica superam os R$ 8,5 bilhões ganhos pela companhia do executivo que está na outra ponta da agenda do congresso, fechando o primeiro dia: Mark Zuckerberg. Mas a questão é que o balanço do Facebook tem vetor inverso ao da tele espanhola – seu lucro quase dobrou de 2013 para 2014.

Não por acaso, boa parte das reclamações das teles concentrou-se na rede social, que lidera o tráfego móvel em várias partes do mundo, segundo estudo recente da Ericsson. “O Facebook é um serviço de comunicação? Definitivamente é. Mas ele não é listado como um serviço de comunicação quando você olha a lei. Esse modelo é disruptivo”, afirmou Timotheus Höttges, presidente da Deutsche Telekom.

Batalha dos apps

Outra batalha até aqui perdida pelas teles é das lojas de aplicativos, dominadas por Google e Apple, que detêm 96% do mercado de sistemas operacionais de celulares. Além disso, as teles não têm protagonismo no terreno dos pagamentos com celular, um jogo dominado por fabricantes como a Apple e por operadoras de cartão de crédito como a Visa e a Mastercard. Em Barcelona, um novo lance: a Samsung, maior fabricante de celulares do mundo, anunciou seu próprio sistema de pagamento.

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