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Cerca de mil ações atingiram o limite máximo de desvalorização de 10% nesta segunda-feira. | China Stringer Network/Reuters
Cerca de mil ações atingiram o limite máximo de desvalorização de 10% nesta segunda-feira.| Foto: China Stringer Network/Reuters

Maior população do planeta e segunda economia do mundo, a China é uma terra de grandes números. Em uma segunda-feira (27) de pânico entre investidores, o mercado de ações chinês registrou a incrível marca de mais de mil ações que atingiram o limite máximo de desvalorização de 10%, o que aciona o chamado circuit breaker.

Em meio ao temor de estouro de uma bolha financeira na China, o medo de que Pequim pode estar retirando medidas de apoio aos mercados e novos dados fracos sobre a atividade deflagraram mais um dia de forte queda nas duas principais bolsas do país: em Xangai, a desvalorização foi de 8,5%, e Shenzhen fechou com perdas de 7,6%.

O circuit breaker é acionado quando um papel perde mais de 10% do valor em um dia. Como resultado, os negócios são suspensos por alguns minutos, numa tentativa de dar racionalidade ao pregão. Juntas, as bolsas de Xangai e Shenzhen têm mais de 2,5 mil empresas listadas.

Mesmo com a paralisação dos negócios, a perda de um décimo do valor atingiu até as grandes empresas. Ao todo, oito instituições financeiras tiveram as transações suspensas. Entre elas, o Bank of Communications, quinto maior banco chinês, que anunciou em maio a compra de 80% do brasileiro Banco BBM. A ação da instituição financeira chinesa cedeu 9,96% no dia. Também foram registradas 22 corretoras que tiveram queda de 10% em algum momento do pregão.

No setor de commodities, o movimento também foi agressivo. As petroleiras China National Petroleum Corp e Sinopec, por exemplo, fecharam o dia com desvalorização de 9,6% e 10%, respectivamente.

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O novo tombo nas bolsas de valores da China revela uma dura realidade para Pequim: nem sempre o governo consegue controlar as forças do mercado financeiro. Mesmo com a sequência de medidas oficiais para tentar conter a desconfiança nas últimas semanas, a onda vendedora voltou a prevalecer e cresce o temor de estouro de uma bolha na segunda maior economia do mundo.

Diante dessa realidade, analistas cogitam novas medidas para incentivar a economia, como a aceleração do afrouxamento monetário ou até mesmo a desvalorização gradual do yuan para incentivar exportações.

Até a metade de 2015, o mercado chinês viveu um período de glória. Em 12 meses até meados de junho, o principal índice da Bolsa de Xangai acumulou alta de 151%. A percepção de que os juros seguirão baixos no país, diante da desaceleração da economia, foi o principal argumento para a alta.

O fôlego, porém, parece ter acabado. O medo de um movimento de manada entre os 56 milhões de pequenos investidores acentuou a pressão. Em pouco mais de um mês, Xangai perdeu 28%.

Reação de Pequim

O medo do estouro da bolha fez Pequim anunciar nas últimas semanas medidas sem precedentes, como proibição de venda a descoberto, interrupção da oferta de novas ações, restrição à venda para grandes acionistas e incentivo para que fundos de investimento público comprem papéis. Agora, a expectativa é que novas medidas sejam tomadas. Uma alternativa seria acelerar o relaxamento monetário da China. Em junho, o Banco do Povo da China cortou o juro em 0,25 ponto, para 4,85%, na quarta redução seguida desde novembro do ano passado.

Tira-dúvidas

Entenda o que está acontecendo na China e os reflexos no Brasil:

O que há com as ações chinesas?

Depois de subirem mais de 150% em 12 meses, os papéis passaram a cair fortemente em junho. Após uma pausa de 20 dias, voltaram a despencar nesta segunda (27).

Por que despencaram?

Por um lado, as ações estão ainda sobrevalorizadas, segundo analistas. Há também investidores internacionais cautelosos, à espera de decisão do banco central dos EUA sobre juros.

O governo chinês tem como controlar a queda?

A China já havia restringido a venda de ações e impulsionado sua compra para tentar segurar as cotações e afirmou que tem recursos para evitar uma crise mais ampla.

Isso afeta o Brasil?

Sim. Os chineses são grandes compradores de petróleo, soja, minério de ferro e outras commodities, e o Brasil pode ser afetado por redução nas exportações e pela queda ainda maior no preço das commodities.

Por que o dólar subiu?

Em momentos de insegurança, investidores procuram dólares como refúgio e a procura maior eleva a cotação. O dólar turismo era vendido a até R$ 3,70 nesta segunda.

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