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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A Secretaria da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina informou nesta segunda-feira (30) que saem na terça-feira (31) os primeiros testes para saber se os moluscos cultivados no estado – maior produtor e fonte de abastecimento de restaurantes de todo o país – poderão ou não ser liberados ao consumo.

Para que a produção e a venda de moluscos sejam retomadas – estão proibidas em SC desde quinta-feira (26) – é preciso que haja dois resultados negativos consecutivos nos testes num período de 48 horas, segundo a secretaria. A liberação poderia ser dada, então, na próxima quinta (2).

Todas as áreas de cultivo de ostras, mexilhões, vieiras e berbigões do litoral catarinense estão interditadas porque os testes quinzenais de controle detectaram a presença de uma toxina, produzida por microalgas, que pode causar intoxicação alimentar.

Os testes cujos resultados saem nesta terça-feira (31) foram feitos em fazendas marinhas da Grande Florianópolis e do litoral norte, onde a produção é maior. Testes em outras áreas de cultivo serão feitos ao longo da semana.

Em comunicado, a Secretaria da Agricultura e da Pesca afirma que “a interdição de todo o litoral catarinense [para o cultivo de moluscos] acontece para preservar a saúde pública”.

Segundo a pasta, a toxina pode provocar diarreia, náuseas, vômitos e dores abdominais. Os sintomas se manifestam poucas horas após a ingestão e podem durar até três dias.

O comunicado diz ainda que a interdição não irá gerar “prejuízos financeiros aos maricultores” porque os moluscos das áreas contaminadas não precisam ser descartados.

Purificação

Ostras, mexilhões, vieiras e berbigões das áreas contaminadas não precisam ser descartados porque processam a toxina diarréica em poucos dias.

“Eles funcionam como organismos filtradores”, conta André Luís Tortato Novaes, pesquisador do Cedap (Centro de Desenvolvimento de Aquicultura e Pesca) da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).

Os maricultores dizem que a interdição traz prejuízos imediatos, por causa da suspensão das vendas, e futuros, devido ao “clima de desconfiança” sobre a qualidade do produto após a liberação.

Nelson Severino, presidente de uma associação que representa 35 produtores de Santa Catarina, calcula prejuízos de R$ 250 mil em todo o Estado nos quatro dias de interdição. “O que está no mar não vai se perder. Mas a gente está sem vender. Tivemos um feriadão, e muita gente que quis comer ostra e mexilhão não encontrou”, diz.

Os produtores vendem a dúzia da ostra, o mais caro dos moluscos, a R$ 6. A dúzia dos mexilhões custa R$ 3,50.

Produção

De acordo com a Epagri, Santa Catarina produz 21,5 mil toneladas de moluscos por ano. Isso representa 98% da produção nacional, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca.

A atividade proporciona aos produtores renda bruta anual de R$ 70 milhões, de acordo com a pasta. A produção envolve 610 maricultores e outros 3.300 postos de trabalho.

Esta não é a primeira vez que as áreas de cultivo de moluscos são interditadas em Santa Catarina. Já houve interdições em 2007, 2008 e 2014, também por toxinas provocadas por algas.

No Chile, um “surto” de algas marinhas influenciado pelo fenômeno climático El Niño provocou matança de salmão entre fevereiro e março deste ano.

No período, segundo o Sernapesca (Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura chileno), o fenômeno matou 25 milhões de peixes, o equivalente a 40 mil toneladas. O Chile é o principal fornecedor de salmão para o Brasil, que não tem produção própria.

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