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 | Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
| Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas

Fazer compras nos Estados Unidos é um hábito comum entre brasileiros, que aproveitam os preços mais atraentes do país durante suas viagens. Mais de 40 dias após o início do ano, porém, o dólar não deu trégua e pode comprometer a vantagem das compras no exterior. Se antes, com a moeda em baixa, valia a pena comprar desde artigos de beleza e roupas até eletrônicos, agora é preciso pesquisar para saber quais produtos ainda se mostram vantajosos.

Levantamento feito pelo GLOBO com 12 itens vendidos nos EUA mostra que a diferença entre os preços dos produtos aqui e lá diminuiu e, em alguns casos, até deixou de ser favorável. Há exemplos, porém, de produtos que permanecem mais atraentes, como enxoval de bebês e artigos eletrônicos.

Para calcular o preço dos produtos, a reportagem optou por partir de um valor médio de R$ 4 para o dólar. A conta inclui ainda a alíquota de Miami de 7% sobre o valor do produto, mais o imposto de importação brasileiro, que é igual à metade do montante que excede a cota da Receita, de US$ 500.

É importante destacar ainda que as regras da alfândega preveem que alguns itens de caráter pessoal fiquem fora da cota, como máquinas fotográficas, relógios de pulso e celulares, todos em uso. Nesses casos, não há limite de valor definido. Esses produtos, porém, devem ter sido usados na viagem.

Assim, um tênis feminino de corrida da marca Nike, que custa R$ 500 no site da loja no Brasil, sai por US$ 128,40. Quando convertido, o valor equivale a R$ 513,60 — R$ 13,60 mais caro que o produto no Brasil. Outros itens como conjuntos de três peças para crianças da Carter, que antes poderiam ser mais baratos se comprados nos EUA, agora saem mais em conta aqui: R$ 89,90, frente a R$ 149,80 lá.

Além dos artigos que deixaram de valer a pena, outros tiveram ainda suas vantagens reduzidas. Se o modelo mais icônico da Levi’s ainda conserva uma diferença de 35% do preço — R$ 290 no Brasil frente aos R$ 214 dos EUA —, o clássico batom da Mac, passou a ser apenas 24 centavos mais barato se adquirido lá.

Para a planejadora financeira e professora da FVG Myrian Lund, a diferença menor de preço implica em repensar os gastos.

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“Às vezes, a diferença é tão pequena que não justifica as compras no exterior. É preciso botar no papel, converter e avaliar suas finanças. Além disso, deve-se avaliar cada caso individualmente, pois, no Brasil, é possível parcelar sua compra, muitas vezes sem juros, além das facilidades de trocas e garantias. Nos EUA, isso não existe”, adverte.

O que ainda vale a pena

Para quem sonha com o enxoval do seu bebê ou com artigos eletrônicos, no entanto, a solução pode ser, sim, trazer os produtos na mala. De todos os produtos pesquisados, uma bomba elétrica de extração de leite materno, da marca Medela Swing foi a que revelou maior diferença: enquanto no Brasil o produto custa R$ 1.499, nos EUA sai a R$ 727,60, uma variação de mais de 50%.

Aos 35 anos, a diretora de produtos de learning Raquel Oliveira aguarda ansiosamente a chegada do pequeno Lorenzo, prevista para maio. Durante a espera, ela preparou um enxoval comprado nos EUA para recebê-lo.

“Mesmo com o dólar em alta, a viagem me fez economizar pelo menos 70% do preço total do enxoval. Só um carrinho, que custava R$ 3.500, saiu por US$ 360, por exemplo. Mas a economia só foi possível porque eu e meu marido estávamos muitos focados, só fizemos compras para o bebê”, contou.

A estilista Paula Laffront é consultora de compras e mora em Miami, auxiliando brasileiros que viajam para os EUA a encontrar os melhores produtos pelos menores preços. Para ela, o caso de Raquel é um reflexo de como a alta da moeda não restringiu o mercado, mas resultou em uma mudança no comportamento dos clientes, agora mais cautelosos e focados.

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“Se antes, com o dólar a R$ 2, o cliente era mais relaxado e costumava extrapolar suas próprias metas, hoje o cenário mudou. Agora, quando as pessoas nos contratam, elas esperam uma orientação para buscar exatamente o necessário, só aquilo que vale a pena. As pessoas deixaram de ‘bater perna’ e passaram seguir mais à risca seus objetivos”, conta.

Outlets

É preciso levar em consideração, no entanto, que muitas vezes os melhores preços nos EUA estão nos seus famosos outlets. Um dos artigos que melhor mostra essa variação são os óculos de sol: um dos clássicos modelos da Ray-ban está mais barato no Brasil do que nos EUA — enquanto aqui, eles custam R$ 530, o mesmo par sai a R$ 642 se comprado lá fora.

Laffront explica que, apesar dessa diferença, é possível encontrar modelos de marcas como a própria Ray-ban e Prada, por exemplo, por preços muito mais acessíveis. Segundo ela, os lançamentos que chegam no Brasil custando em média R$ 1 mil, chegam a sair por US$ 100.

“É preciso saber procurar. Se a pessoa vem consciente do que quer, é mais fácil encontrar lojas em promoção que, de fato, ofereçam uma significativa diferença aos preços brasileiros. É interessante notar ainda que, quanto mais qualidade a pessoa quer, maior fica essa diferença”, reforça.

Laffront lembra ainda que, para conseguir fazer as compras, os pais estão optando por novas estratégias. Segundo ela, agora é comum apenas um dos pais fazer um “bate-e-volta”, ou até mesmo o serviço de compras à distância, no qual as compras são entregues à um parente que esteja por lá ou enviados para o Brasil.

No caso dos eletrônicos, a disparidade de preços não se alterou. Um Playstation 4 custa US$ 320 nos EUA, valor que chega a R$ 1.369 se considerado o imposto de 7% de Miami. No Brasil, o aparelho é vendido a R$ 2.220, o que significa uma diferença de 61%. Ou seja, mesmo com o dólar mais caro, comprar lá fora ainda significa economizar.

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