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Universidade de Harvard | Joseph WilliamsFlickr/Creative Commons
Universidade de Harvard| Foto: Joseph WilliamsFlickr/Creative Commons

Uma das anomalias da eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos foi o fato de que um homem branco idoso de Vermont conseguiu cativar uma audiência diversa de jovens. 

O motivo mais óbvio para a popularidade de Bernie Sanders foi a sua defesa de uma universidade gratuita financiada pelo governo. Com os custos do ensino superior se multiplicando rapidamente, e a faculdade se tornando menos atrativa por causa disso, é fácil entender como os jovens poderiam ajudar a melhorar as suas chances. 

Mas a universidade gratuita não parece aumentar as chances dos jovens tanto quanto pensamos; na verdade, pode diminuir as suas chances de sucesso no futuro. Essa constatação foi descoberta recentemente em um estudo da National Bureau of Economic Research sobre a experiência da Inglaterra com universidades gratuitas. 

Mais Desigualdade e Menos Qualidades 

De acordo com especialistas, a população da Inglaterra desfrutou de um período de universidade gratuita até o final da década de 1990. Ao longo do tempo, entretanto, esse arranjo levou a um declínio da qualidade e um aumento da desigualdade socioeconômica. 

Percebendo o problema, o sistema universitário da Inglaterra mudou a trajetória e começou, aos poucos, a exigir que os estudantes pagassem por mais custos, principalmente por meio de empréstimos que eles pagariam quando começassem as suas carreiras. Perston Cooper resume os resultados em uma coluna na Forbes: 

“Vinte anos depois, as reformas parecem um caso de sucesso. Os investimentos por aluno no ensino superior aumentaram novamente depois do fim da universidade gratuita, já que as universidades agora poderiam se apoiar em taxas de mensalidade por receita em vez de apenas nos contribuintes (ver gráfico). Mas os preços mais altos não reduziram o acesso: os índices de matrícula aumentaram após o fim da universidade gratuita, e as lacunas entre as matrículas de estudantes ricos e pobres diminuíram. Graças à receita de mensalidades, as universidades puderam atender mais estudantes em busca de um diploma, e em 2015 o governo finalmente conseguiu abolir todos os tetos de matrícula para estudantes ingleses.” 

Sobre esse fenômeno, Cooper comentou: 

“A experiência da Inglaterra destaca um problema fundamental com o papel do governo na educação superior: se as universidades são mais financiadas pelo governo do que pelos estudantes, o nível de investimento no ensino superior depende dos caprichos dos políticos, e não das necessidades dos estudantes.” 

Ao analisar essa declaração, não pude deixar de me perguntar se esse poderia ser o caso, não só no ensino superior, mas também na educação básica. 

Consertando um sistema educacional danificado 

Nós temos financiado a educação básica com verba pública há tanto tempo que não conseguimos imaginar nada diferente. Afinal, quem construiria as escolas? Quem pagaria por mensalidades, livros, professores e uma série de coisas se o governo não entregasse dinheiro dos contribuintes para isso? 

Mas nos esquecemos do fato de que uma educação financiada por verba pública não estava nos planos de longo prazo dos fundadores dos Estados Unidos. Thomas Jefferson defendia uma escola pública financiada pelo governo, mas apenas nos três primeiros anos de educação do estudante. Apesar de Jefferson incentivar fortemente a educação além desse período de três anos, ele também estipulava que isso deveria ser financiado pelos pais do estudante, e não pelo Estado. Aqueles que não tivessem recursos financeiros, mas se mostrassem estudantes exemplares, teriam direito a um tipo de bolsa para continuar os seus estudos. E os estudantes daquela época não pareciam ser ruins, pois as taxas de alfabetização no período colonial eram bastante elevadas. 

E se retornássemos a um plano similar? Parece uma blasfêmia sugerir isso, mas vamos admitir, o governo tem pagado a conta da educação há anos e os nossos estudantes não parecem se sair muito melhor. Aliás, a desigualdade parece apenas aumentar e a qualidade da educação continua a cair. 

É possível que possamos ver a qualidade da educação e as taxas de desigualdade melhorarem se mais responsabilidade pela educação das crianças for colocada sobre os pais? A educação na Estados Unidos entraria em colapso se o financiamento do governo deixasse de existir, ou na verdade melhoraria? E os nossos estudantes teriam mais sucesso se não fossem submetidos aos caprichos educacionais de políticos a cada novo mandato? 

Essas questões são difíceis de serem respondidas, mas devemos examiná-las se realmente quisermos consertar o nosso sistema educacional danificado. 

Annie Holmquist é pesquisadora na Intellectual Takeout. No seu cargo, ela escreve para o blog, realiza uma variedade de pesquisas para o site da empresa e as suas páginas nas redes sociais, e auxilia no desenvolvimento de projetos. Ela gosta de dissecar os aspectos históricos da estrutura educacional dos Estados Unidos.

Tradução: Andressa Muniz.

Publicado originalmente no site da FEE.

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