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Mercadante: Venezuela como contraexemplo | LULA MARQUESAgência PT
Mercadante: Venezuela como contraexemplo| Foto: LULA MARQUESAgência PT

Na última segunda-feira, a Gazeta do Povo trouxe um levantamento com teses acadêmicas que exaltam a Venezuela. Um dos trabalhos citados é de autoria do ex-ministro Aloizio Mercadante, intitulada As Bases do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: Análise do Governo Lula (2003-2010), que lhe conferiu o título de Doutor em Economia pela Unicamp (Universidade de Campinas).

O ex-ministro questiona os argumentos da reportagem para incluir seu trabalho na lista. “Ao contrário do que diz de forma equivocada a matéria tendenciosa de Gazeta do Povo, (a tese) cita a Venezuela com um contraexemplo, ou seja, como uma experiência do que não deve ser feito”, justifica. Dentre o que deu errado, ele menciona a tentativa de golpe contra Hugo Chávez em 2002.

Veja a íntegra da nota:

Sobre a matéria “A ditadura agradece: cinco trabalhos de universidades brasileiras a favor do regime venezuelano”, publicada na Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (14/8), que cita a tese de doutorado do ex-ministro, Aloizio Mercadante, intitulada As Bases do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: Análise do Governo Lula (2003-2010), informamos que: 

1 - A matéria utiliza de forma equivocada, tendenciosa e totalmente fora dos devidos contextos dois parágrafos da tese de doutorado do ex-ministro; 

2 – O primeiro parágrafo colocado fora de contexto é o seguinte: 

“Foram superados os regimes autoritários e a perspectiva de retrocessos parece ser cada vez mais improvável, embora tenham ocorrido canhestras tentativas de golpes de Estado, na Venezuela e em Honduras, em períodos recentes. As eleições, de modo geral, têm sido limpas, a imprensa funciona livremente, com problemas pontuais em algumas nações, e a organização partidária evoluiu”. 

 2.1 - Esse parágrafo refere-se a uma apreciação sobre a evolução positiva do quadro democrático na América Latina como um todo, nas últimas décadas. Não se trata, de forma alguma, de uma referência elogiosa à Venezuela. Aliás, a Venezuela, no referido parágrafo, é claramente mencionada como uma possível exceção, face ao golpe de Estado que havia sido perpetrado em 2002. 

 3 - O segundo parágrafo, utilizado de forma equivocada pela reportagem, tange uma obra que Celso Furtado escreveu sobre a Venezuela, em 1974. Nosso grande economista acreditava que, ante o grande aumento ocorrido no preço internacional do petróleo após o primeiro choque do petróleo de 1973, a Venezuela tinha uma oportunidade única de usar essa renda extra para promover o seu desenvolvimento industrial e agrícola. 

 3.1. Entretanto, a tese do ex-ministro afirma claramente que isso não aconteceu. Assim, logo após tal citação de Celso Furtado, Mercadante afirma que: 

 “De fato, o grande aumento do preço do petróleo criou condições, naquela época, para que a Venezuela e outras economias exportadoras de óleo pudessem dar salto de qualidade em seu desenvolvimento. No entanto, passados mais de três decênios, é lamentável constatar que essa oportunidade histórica foi perdida por muitas dessas nações, as quais ficaram presas à doença holandesa, que gera apreciação cambial, consumo supérfluo e dependência parasitária do petróleo. A inação ou a omissão levaram-nas a desperdiçar o que Furtado denominou de “ampliação abrupta do campo do possível”. 

Assim, boa parte desses países desperdiçou a sua notável riqueza em consumo de bens importados e gastos perdulários, criou gigantescas burocracias e não construiu os fundamentos destinados a promover o desenvolvimento diversificado e sustentado. Eles foram vítimas de uma abundância esterilizante.” 

 4 - Portanto, a tese de doutorado do ex-ministro, Aloizio Mercadante, ao contrário do que diz de forma equivocada a matéria tendenciosa de Gazeta do Povo, cita a Venezuela com um contraexemplo, ou seja, como uma experiência do que não deve ser feito. 

5 - Consideramos, inaceitável, inacreditável e um grave erro jornalístico que, nos dois casos, referências claramente críticas à Venezuela tenham sido manipuladas e convertidas de maneria despropositada em “elogios”. 

6 - Diante do exposto, com objetivo de assegurar a verdade e de garantir aos leitores de Gazeta do Povo o direito ao acesso a informações precisas e corretas sobre os fatos, um dos princípios básicos da prática do bom jornalismo, solicitamos a publicação dos devidos esclarecimentos.

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