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A “Rotonda”: edifício da Universidade de Virgínia planejado por Thomas Jefferson | Boston College/Acervo
A “Rotonda”: edifício da Universidade de Virgínia planejado por Thomas Jefferson| Foto: Boston College/Acervo

Estudantes e professores da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, fizeram um pedido incomum à reitora da instituição, Teresa Sullivan: que Thomas Jefferson, um dos fundadores da instituição e responsável pela independência do país, não fosse mais mencionado como uma ‘bússola moral’ nos documentos oficiais pelo fato de ter tido escravos.

Busto de ex-reitor da UFPR: santo e pecador

A polêmica com Thomas Jefferson na Universidade de Virgínia é análoga ao julgamento feito em relação ao ex-reitor Flávio Suplicy de Lacerda, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por ter sido ministro da Educação na ditadura militar, durante o governo do presidente Castelo Branco, um busto em sua memória foi arrancado da reitoria em 2014, um ato de ‘descomemoração’ do golpe de 1964. A universidade lamentou a atitude na época, pela depredação do patrimônio público, mas também em memória do próprio ex-reitor, que apesar de sua vinculação com a ditadura e atitudes controversas, foi responsável, segundo a universidade divulgou, por inúmeros benefícios à instituição.

A solicitação, assinada por 469 estudantes e professores e enviada no último dia 11 de novembro, suscitou uma acalorada polêmica na comunidade acadêmica. De um lado, estudantes e professores consideraram um exagero a requisição lembrando que citar o que ele fez de bom hoje não significa apoiar seus erros. Alguns estudantes, inclusive, começaram um abaixo-assinado pedindo para que o legado de Thomas Jefferson na universidade fosse preservado. De outro lado, os autores da petição alegam que falar de Jefferson é, de alguma forma, favorecer a ideia de exclusão e incitar o racismo.

“Eu penso que Jefferson é muitas vezes comemorado pelas suas realizações com pouco ou nenhum conhecimento das atrocidades cometidas por ele contra centenas de seres humanos”, disse a professora de Psicologia Noelle Hurd para a Fox News, uma das autoras do texto contra Jefferson.

A carta foi uma resposta a um e-mail enviado por Teresa Sullivan à comunidade acadêmica, na qual ela incentivava os alunos a lutarem por bons resultados. Para isso, ela incluiu um texto de Thomas Jefferson em que ele encorajava os estudantes de sua época a se prepararem bem para construírem um futuro melhor para o país.

Em resposta à carta dos professores e estudantes, a reitora agradeceu a abertura do debate, disse entender as suas motivações, mas negou que deixará de citar Thomas Jefferson em suas comunicações. “Eu endosso o direito de expressar questões importantes para todos nós, incluindo a discussão sobre o legado de Jefferson na Universidade”, escreveu. Mas, continuou, “citar Jefferson – ou qualquer outra figura histórica – não implica concordar com todas as estruturas sociais e crenças do seu tempo”.

A reitora comentou ainda o poder de frases do político, como “todos os homens foram criados iguais”. “Essas palavras eram contraditórias em uma época de escravidão, mas por causa do seu poder, elas se transformaram na expressão fundamental de uma igualdade mais genuína hoje”.

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