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Os pedagogos alertam que nenhum assunto é apenas responsabilidade da escola ou dos pais, mas que é um trabalho integrado de educação e orientação entre os dois. De acordo com a especialista em psicologia social Tânia Maria Baibich Farias, embora a escola seja importante na discussão dos temas transversais, o responsável tem uma função fundamental no direcionamento da criança e do jovem. "Os pais têm de criar desde cedo um espaço para o diálogo, uma hora que seja livre para o filho expor suas dúvidas e curiosidades. O melhor caminho é sempre a verdade e a franqueza", explica.

Em algumas escolas são desenvolvidas atividades que envolvem todos e que têm dado ótimos resultados. É o caso do programa de orientação sexual da Escola Viver, que fica no bairro Boqueirão. Lá, alunos entre a 6.ª e a 8.ª séries recebem orientações teóricas sobre corpo, gravidez e relacionamento. Mas não é só isso. Para sentir na pele os transtornos de uma gravidez precoce, os alunos da 6.ª série recebem uma boneca – que faz o papel de bebê – para que cuidem e cumpram tarefas. "Eles precisam preencher uma caderneta com tudo que estão fazendo. Se não cumprirem, perdem pontos nas disciplinas", explica o coordenador do programa e professor de Educação Física da escola, Sidney Gilberto Gonçalves.

Para os estudantes da 7.ª série a tarefa é um pouco mais delicada. Eles precisam cuidar de um ovo de galinha como se fosse um bebê. Cuidar para não esquecê-lo em qualquer canto, não derrubar ou quebrar. "Isso é para que eles percebam como não é fácil cuidar de um bebê frágil, que impede uma vida normal de adolescente", diz Gonçalves.

O professor explica que os alunos se envolvem bastante com esse programa e que para os pais acaba sendo uma forma de ajudar na educação dos filhos. "Os alunos ficam bem à vontade para perguntar. Eles também podem colocar suas dúvidas no papel e colocá-lo em uma caixinha, sem se identificar."

Nas escolas da rede estadual os temas são abordados em módulos distribuídos em cada uma das séries do ensino fundamental. "Nós ampliamos a forma como esses temas são trabalhados e definimos orientações para as escolas", explica o chefe do departamento da diversidade da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, Wagner Roberto do Amaral.

Segundo ele, uma das prioridades é a discussão sobre diversidade cultural. "Nós capacitamos os professores para trabalhar esse assunto em sala de aula. É muito importante estudar e perceber como a discriminação e o preconceito se manifestam na própria sala."

Na Escola Estadual Domingos Zanloreni, que fica no Jardim Gabineto, estudantes e professores desenvolvem uma atividade prática ligada ao meio ambiente. Eles estão montando uma horta comunitária. Tiveram as primeiras orientações teóricas nas aulas de História, Geografia, Matemática, Ciências e Artes, e agora vão iniciar o plantio. De acordo com o vice-diretor, Ricardo Teodoro, os alunos aprendem noções de preservação da natureza e vão consumir na escola e em casa os produtos que saírem da horta. "Quando eles entram em contato com uma experiência nova, a primeira coisa que fazem é chegar em casa e contar aos pais. Assim o que aprendem chega à família também", diz Teodoro.

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