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Elizabete, da Seed, aposta em maior divulgação para atrair interessados nos cursos | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Elizabete, da Seed, aposta em maior divulgação para atrair interessados nos cursos| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Sindicato questiona ensino a distância

A política nacional de formação dos professores é vista por especialistas como um grande passo para melhorar a educação brasileira, mas alguns aspectos do plano causam divergência. De um lado, há quem critique o fato de metade dos cursos ser ofertado a distância. Do outro, há os defensores desta nova mo­­dalidade de ensino. A secretaria educacional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sin­dica­to), Janeslei Apa­recida Albu­quer­que, afirma que o docente perde muito quando não há a possibilidade de interação presente nas salas de aula. "É preciso discutir qual tipo de educação estamos oferecendo. Nós entendemos que a formação inicial tem de ser presencial. A educação implica em relações, em construção de valores de convivência, na troca, no debate en­­tre o professor e o aluno", afirma.

Já a especialista em políticas públicas da educação e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Bertha do Valle diz que o ensino a distância tem uma eficácia comprovada. Ela trabalha e pesquisa as duas modalidades e afirma que ambos os alunos têm a mesma média de aprendizado. "Nós temos hoje no país uma falta muito grande de professores. Também houve uma queda no número de interessados em fazer licenciaturas. O objetivo do programa é justamente incentivar a qualificação das pessoas que já estão na sala de aula. Para um docente que precisa trabalhar e tem filhos, por exemplo, o ensino presencial é quase impossível", argumenta. (PC)

  • Veja a quantidade de vagas oferecidas em alguns estados

Nas salas de aula paranaenses, 13 mil professores lecionam sem diploma nas redes municipais de ensino. Para eles, o Ministério da Educação está oferecendo 1.710 vagas para que iniciem um curso superior, mas até agora apenas 29% delas foram preenchidas, a poucos dias do fim das inscrições. A baixa adesão é generalizada.

A iniciativa do MEC, em parceria com as secretarias estaduais, tem 53.634 vagas em todo o Brasil para cursos de graduação presenciais e a distância. O Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica foi lançado no início do mês com o objetivo de formar 330 mil docentes.

O Piauí é o estado com menor adesão, enquanto no Rio de Janeiro a procura é maior que a oferta. O Paraná, apesar do aparente desinteresse dos professores, ainda fica acima da média nacional. O Plano abrange inicialmente os docentes que não têm formação superior, os bacharéis sem licenciatura – que precisam de estudos complementares para po­der dar aulas – e os já graduados, mas que lecionam em outras áreas.

O Ministério da Educação afirma que a baixa adesão dos professores é fruto do desconhecimento. Somente nesta semana o MEC começou a veicular em rede nacional uma campanha sobre o plano. As secretarias estaduais também iniciam uma articulação com os municípios para a divulgação. Serão abertas inscrições para a graduação dos docentes até 2011. Do total de vagas, 52% são em cursos presenciais e 48%, em cursos a distância. O investimento do governo federal será de quase R$ 2 bilhões.

No Paraná, participam da iniciativa quatro instituições. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) abriu 100 vagas, a Uni­versidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) oferece 550, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) tem 160 nos cursos presenciais de Filosofia, Artes Visuais, Música e Formação Pedagógica e a Uni­versidade Estadual de Maringá (UEM) abriu 900. Exceto a UEL, todas têm vagas somente para o curso de Pedagogia a distância. São 48 polos de ensino em todo o estado, com biblioteca, sala de aula e computadores. Na hora da matrícula, o professor escolhe qual o polo mais próximo de sua cidade.

Formação continuada

O secretário nacional de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, explica que foi criada uma plataforma onde é possível fazer as inscrições e futuramente se cadastrar para programas de pós-graduação e pesquisa. "Não estamos investindo somente na primeira graduação, mas sim na formação continuada", afirma.

Bielschowsky afirma que a educação a distância é amplamente utilizada em vários países no mundo e que a qualidade dos cursos está garantida, já que serão realizados por instituições públicas. O Censo da Educação de 2007 mostrou que cerca de 600 mil professores não têm curso de graduação ou atuam em áreas diferentes daquelas em que se graduaram. De acordo com o MEC, seriam necessários cerca de 350 mil professores para atender a educação básica.

Divulgação

A diretora de Tecnologia Educa­cional da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Elisabete dos Santos, acredita que as vagas paranaenses serão preenchidas porque a divulgação será ampliada. Elisabete diz que os critérios de seleção serão o fato de estar lecionando, o tempo de serviço (a prioridade será para quem estiver na rede há mais tempo) e a idade – professores mais velhos têm preferência. A intenção é formar todos os docentes sem graduação. "Na semana passada tivemos uma formação para orientar os professores. Ainda é algo recente. Vamos orientar os prefeitos a cadastrarem todos que não têm curso superior", diz. Na rede estadual, dos quase 63 mil docentes, há apenas 142 dando aulas sem graduação.

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Serviço

Inscrições no site http://freire.mec.gov.br/index/principal

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