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| Foto: Robson Vilalba/Ilustração

Transferência no emprego, orçamento apertado, falta de alinhamento com a proposta pedagógica do colégio. Os motivos que levam as famílias a mudarem os filhos de escola são muitos, assim como as marcas que esta mudança pode deixar na criança. Para que a transição ocorra sem traumas, honestidade e planejamento são itens indispensáveis ao processo de adaptação à nova instituição de ensino.

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O primeiro passo para uma mudança bem-sucedida é dado dentro de casa. Os especialistas afirmam que é indispensável que a família converse abertamente com a criança ou o adolescente sobre o motivo que gerou tal necessidade.

“Os adultos pensam que à criança não se dá satisfação, mas, [neste caso], tem que se dar. Ela tem sentimentos e, dentro de suas possibilidades, precisa ser envolvida no problema para entender o porquê [da mudança], o que pode evitar reações negativas a ela”, explica Veronica Branco, pedagoga, doutora em Educação e professora do setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Escolha da escola

A pesquisa das escolas que possam vir a receber o estudante, inicialmente, deve ser realizada sem a presença da criança. Entre os critérios a serem avaliados estão localização, facilidade de acesso, custos com mensalidade, segurança e, principalmente, a proposta pedagógica da instituição.

“Os pais devem conhecer a proposta pedagógica para que possam entender como essa escola vai trabalhar futuramente com o seu filho, quais são os objetivos de ensino e que tipo de atividades extraclasse ela proporciona ao aluno”, explica Liliamar Hoça, mestre em Educação e professora de Pedagogia da Universidade Positivo (UP).

Feita a pesquisa, a próxima etapa é selecionar as instituições que mais atendem às necessidades e objetivos da família e visitá-las na companhia da criança. Assim, além de conhecer o espaço, ela poderá expressar sua opinião sobre o novo ambiente, que deve ser levada em consideração pelos pais, segundo os especialistas.

“Depois disso, é preciso envolver a criança com tudo o que tem a ver com a nova escola, como a compra dos materiais. Quando a família consegue passar tranquilidade e confiança, a criança vai se sentir segura para a mudança”, enfatiza Sônia Renner Ferreira, pedagoga escolar e psicopedagoga clínica.

Atenção à mudança

Quando a mudança de escola decorre da inadaptação da criança ao regime da instituição anterior, como problemas disciplinares ou relacionados à dificuldade de aprendizado, o processo de transição demanda maior atenção por parte de familiares e equipe pedagógica. Isso porque a criança pode vir a internalizar a questão e achar que ela é o problema, como explica Liliamar Hoça, mestre em Educação e professora de Pedagogia da Universidade Positivo (UP). “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. É preciso se saber dosar esta questão, mas sem se deixar de ir ao seu foco”, acrescenta.

Acompanhamento

A escola também desempenha um papel importante para o sucesso da adaptação do novo aluno. Antes mesmo de aceitar a matrícula, Veronica lembra que a instituição de ensino deve buscar saber quem é este estudante e de onde ele vem.

“Ela precisa conversar com a família para saber se a criança gosta de ir à escola, se costuma fazer as tarefas e como se comporta em casa. Precisa se interessar pela vida do aluno que está recebendo e o acompanhar na sala de aula”, pontua. Tal acompanhamento abrange desde preparar funcionários e professores para recepcionar o novo aluno até fazer a mediação e a introdução dele junto aos demais colegas.

Aos pais, cabe fazer o monitoramento diário de como se dá a evolução da adaptação do filho na escola. Aqui, vale perguntar como foi o dia de aula, quem são ou se a criança já fez novos amigos e verificar como o estudante chega à escola, se vai alegre ou com uma postura de ‘condenado’ – as crianças costumam manifestar no comportamento físico se estão (ou não) satisfeitas.

“A adaptação não termina na primeira semana de aula. Será preciso acompanhar o estudante durante dois, três meses, até que seja possível avaliar se a criança está adaptada à escola”, sinaliza Veronica.

Auxílio profissional traz segurança e tranquilidade para a mudança

Contar com ajuda profissional foi o caminho que a advogada Camila Pedro Bom escolheu para que a mudança de escola dos filhos fosse realizada com segurança e tranquilidade. Quando Eduardo, seu filho mais velho, hoje com sete anos, finalizou a educação infantil para ingressar no primeiro ano do ensino fundamental, ela decidiu tirá-lo da escola onde havia estudado dos dois aos cinco anos pensando em proporcionar a ele uma melhor qualidade de ensino.

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“Tínhamos a possibilidade de ele permanecer na mesma escola ou de fazermos a troca. Busquei o auxílio profissional [com uma psicopedagoga] para que a decisão fosse tomada com segurança, até porque a escola anterior tinha sinalizado que, talvez, seria preciso adiantá-lo de ano, e eu tinha dúvidas sobre se isso seria o melhor para ele”, conta Camila.

Além da orientação profissional, a advogada diz que sempre conversou abertamente com o filho sobre o motivo da mudança e permitiu que ele participasse de todo o processo, o que incluiu a visita à nova escola antes da efetivação da matrícula.

“No começo, ele não queria mudar. Depois, passou a analisar a possibilidade e chegou à escola, no primeiro dia de aula, aberto para conhecê-la. Quando o deixei no colégio ele estava apreensivo, inseguro. Quando voltei para buscá-lo, disse que tinha adorado a nova escola e que estava muito feliz”, lembra Camila.

Acompanhando o irmão, a caçula, Beatriz (de quatro anos), também mudou de escola. Camila diz que não sabe se a filha compreendia o processo, uma vez que tinha dois anos, na época, mas que desde o início concordou com a mudança. “Ela adora contrariar o irmão, então acredito que isto ajudou”, brinca.

Passados dois anos da mudança, e contando com o auxílio da escola, que se mostrou preparada para oferecer o apoio de que a família precisava, as crianças estão completamente adaptadas e, Camila, tranquila com a decisão.

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