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Campus de Princeton, uma das universidades mais prestigiadas dos EUA | Mahlon Lovett / Princeton
Campus de Princeton, uma das universidades mais prestigiadas dos EUA| Foto: Mahlon Lovett / Princeton

Ryan Born, meu colega na Universidade Princeton, atraiu atenção há algumas semanas ao escrever no jornal estudantil que os conservadores deveriam parar de apelar à liberdade de expressão. 

Na verdade, ele disse que os conservadores não merecem o “direito à expressão” porque “se os argumentos dos conservadores fossem sólidos (...) eles não teriam oposição política”. 

Além de ser obviamente incoerente – argumentos sólidos têm oposição sensata o tempo todo – esse último vislumbre dos sentimentos esquerdistas é perturbadoramente intolerante. 

Felizmente, um professor e outro estudante escreveram editoriais no jornal estudantil refutando a intolerância de Born. Mas se o seu ponto de vista representa de algum modo a maioria da população de esquerda de Princeton, eu temo pelo corpo discente. 

Eu acredito que há mais estudantes conservadores no meu campus do que pode parecer à primeira vista – mas ninguém faria essa suposição naturalmente, considerando o modo como os estudantes de esquerda de Princeton denunciam as suas contrapartes de direita e fazem-nos andar pelo campus de cabeça baixa. 

Depois de ter sido associado a “um bando de c****s racistas” do sul, ter recebido olhares maldosos das pessoas ao contar que vim de um estado que foi essencial para a vitória de Donaldd Trump nas eleições (Flórida) apesar de eu não ter votado nele, e ter visto uma pessoa usar a explicação “é assim que a branquitude funciona” para descrever como pessoas brancas aparentemente podem se livrar de qualquer consequência e fazer o que quiserem, eu aprendi que geralmente há pouca esperança de expressar quaisquer opiniões dissidentes nesse ambiente. 

Vozes conservadoras têm maior probabilidade de serem silenciadas do que conseguir participar de um diálogo racional. 

O que mais me incomoda na discussão de Born é a sua rapidez para acrescentar categorias à liberdade de expressão que não existiam originalmente. Ele escreve: 

“Quando a direita apela à ‘liberdade de expressão’, isso é, na verdade, um movimento político calculado, planejado para abrir caminhos de discurso político enquanto impede outras pessoas de se posicionarem ativamente em uma oposição política”. 

Na verdade, ocorre o contrário. A liberdade de expressão é, de fato, um meio para diversidade intelectual e abertura de discussão, não uma ferramenta exclusiva utilizada para desencorajar grupos contrários de “se posicionarem ativamente em uma oposição política”. 

Liberdade de expressão, na verdade, incentiva a oposição política porque dá às pessoas o direito de dizerem o que quiserem, o que pode incluir coisas que trazem respostas de grupos contrários, que podem usar a sua própria liberdade de expressão para demonstrarem a sua oposição sem medo de consequências arbitrárias. 

É para isso que a liberdade de expressão existe: facilitar a discussão de questões com o objetivo de resolvê-las, ao invés de silenciar oposição e impedir ideias. 

Então quando Born argumenta “contra o direito [da direita] de ser escutada e aceita”, isso se torna problemático. 

Essa ideia não ajuda ninguém. Os esquerdistas que adotam esse ponto de vista apenas contribuem para a alienação da direita até que nenhum lado possa discutir nada de modo razoável. 

Eu vi isso acontecer entre estudantes em uma briga no Facebook. Um estudante de direita que argumentou contra um estudante de esquerda sobre transgeneridade e casamento gay recebeu a resposta do estudante de esquerda que ele não tinha tempo para opiniões que ameaçam a sua humanidade. 

Como era esperado, essa discussão não chegou a lugar nenhum porque ninguém estava escutando o que o outro tinha a dizer, levando um debate mesquinho a uma batalha de gritos improdutiva. 

Born disse que os apelos da direita à liberdade de expressão são “ofensivos e condescendentes”. Ele diz que a direita, em vez de apelar à liberdade de expressão, deveria focar na adoção de argumentos melhores para os seus posicionamentos. 

É difícil avançar nesses posicionamentos, é claro, quando se é silenciado constantemente. 

O que Born esquece é que a esquerda não silencia apenas a supremacia branca e o nazismo – a direita também começou a condenar essas opiniões nos últimos meses. A esquerda também silencia ideias gerais de direita que foram aperfeiçoadas por séculos. 

É por isso que apelamos para a liberdade de expressão. Quando se é negada a capacidade de expressar os argumentos mais convincentes e racionais para as ideias da direita, o problema não está nos argumentos. Está nos estudantes intolerantes que estão silenciando os demais. 

Born não enxerga a realidade que os estudantes de direita enfrentam na universidade. Em vez de reconhecer o direito universal à liberdade de expressão – assim como qualquer pessoa verdadeiramente liberal deveria reconhecer – ele contesta as motivações da direita e questiona a legitimidade do seu direito de se expressar. 

Um caminho melhor é incentivar discussões abertas e livres que permitam uma competição real entre as ideias. Mais discurso, mais debate e mais pensamento crítico são a resposta. 

Owen Wheeler é aluno da turma de 2020 da Universidade de Princeton.

Tradução: Andressa Muniz.

Publicado originalmente no Daily Signal.

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