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| Foto: Benett/Ilustração

Para muitos estudantes, a conquista da tão almejada vaga na universidade vai além de vencer a acirrada concorrência dos vestibulares. Para levar adiante o desejo de ter uma profissão, uma parte considerável deles precisa mudar de cidade para poder ter acesso ao ensino superior ou frequentar a instituição na qual foi aprovado. Antes de organizar a mudança, no entanto, é preciso ter atenção a questões que, se mal planejadas, podem transformar o sonho em frustração.

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Confira a nota do seu curso no e-MEC

O primeiro ponto a ser analisado, segundo os especialistas, refere-se à vocação para o curso, ou seja, a necessidade de que a escolha profissional esteja amadurecida, o que compensaria todo o investimento necessário à mudança.

“[Se o estudante] busca o curso pelo score, e não pela vocação, ele corre o risco de não estar feliz ao terminar a graduação ou de não conseguir concluí-la. Vejo muita gente infeliz por conta disso”

Carlos Henrique MarianoAssessor para assuntos estudantis da UTFPR

Laura Loyo, analista de comunicação do Stoodi, startup de educação a distância, lembra que como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) permite ao estudante verificar se seu desempenho se assemelha à nota de corte de outros cursos, pode acontecer de ele optar por outra carreira para evitar mais um ano de cursinho. “[Se o estudante] busca o curso pelo score, e não pela vocação, ele corre o risco de não estar feliz ao terminar a graduação ou de não conseguir concluí-la. Vejo muita gente infeliz por conta disso”, acrescenta Carlos Henrique Mariano, assessor para assuntos estudantis da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Planejamento

Com o curso escolhido, o próximo passo é organizar o planejamento financeiro, pessoal e até emocional para se encarar a mudança.

A disponibilidade financeira para se custear a vida em outra cidade (moradia, alimentação e transporte, por exemplo) deve ser avaliada, inclusive, antes da inscrição nos vestibulares, como orienta Daniella Forster, psicóloga e coordenadora do PUC Talentos, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Segundo ela, isso evita a possível frustração de o aluno ser aprovado, mas não poder fazer a mobilidade pelos custos serem superiores ao que ele pode manter.

Mudei!

Conhecer a dinâmica do local é um dos segredos para que a adaptação à nova cidade e instituição de ensino possa ocorrer com êxito. Confira outras dicas:

Caminhe

Ande a pé e converse com pessoas do comércio local. Pergunte se ele funciona todos os dias e em quais horários.

Conheça pessoas

Frequente lugares nos quais você possa encontrar e conhecer pessoas, como repúblicas, academias, parques e aulas de idioma.

Sugestões

Peça dicas e orientações para as pessoas que conhecer. Assim, você pode descobrir opções de lazer e onde encontrar determinados serviços.

Tenha calma

Viva tranquilo e tenha calma para se adaptar aos novos costumes.

Fonte: Laura Loyo, analista de comunicação do Stoodi, startup de educação a distância.

“O curso irá permitir que o estudante trabalhe ou faça um estágio que o ajude na subsistência? Se o investimento depende da família ou de um terceiro, ele realmente terá condições de manter isso ao longo de quatro, cinco, seis anos de curso? Estas são questões que precisam ser colocadas para que o projeto não seja minado no meio do caminho, o que vai ser muito pior”, pondera.

Uma dica neste sentido é buscar informações sobre bolsas ou outros tipos de auxílios (como alimentação e moradia) que muitas universidades oferecem aos estudantes, em especial àqueles de baixa renda, o que poderá ajudar a equilibrar as contas.

Laura acrescenta que, em alguns casos, o valor a ser investido em uma graduação fora da cidade, mesmo em uma instituição pública, pode corresponder ao de uma universidade particular no local onde o estudante mora. Neste caso, a consulta aos rankings que medem a qualidade dos cursos e instituições de ensino pode ajudar a definir se a mudança valerá a pena.

Autonomia

Além dos recursos financeiros, é preciso avaliar se o estudante está pronto para assumir a responsabilidade sobre a própria vida, além de somente se dedicar aos estudos. Entram aqui desde questões cotidianas, como cuidar das tarefas domésticas, até comportamentais, relacionadas às atitudes que serão ou não permitidas onde ele estiver – horário para chegar a casa à noite, por exemplo – e à gestão do tempo para dedicar a cada aspecto da nova rotina (vida social, estudo e saúde, por exemplo).

Avaliando-se todos estes aspectos, Mariano afirma que vale a pena mudar de cidade para cursar a graduação uma vez que, além da formação superior, a experiência irá proporcionar ao estudante o contato com diferentes culturas e pessoas. “Isso faz ele abrir os horizontes em relação a si mesmo e ao país onde mora, ter outra visão da vida”, resume.

Família também precisa se preparar para a ‘saída do ninho’

O grau de autonomia e de maturidade é um dos componentes que pode garantir o sucesso dos estudos e da mudança do calouro para a nova cidade. E isso não diz respeito somente ao estudante, mas também a sua família, que precisa estar preparada para oferecer o apoio e ver o jovem ‘sair do ninho’. Caso contrário, a meta de proporcionar ao calouro a possibilidade de assumir a responsabilidade sobre sua vida pode não sair como o esperado.

Foi o que aconteceu com o jovem Juan Marcos Polli Neiverth, estudante de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Natural de Ivaí, ele veio morar em um apartamento da família em Curitiba no início de 2016 para fazer cursinho e acabou sendo aprovado no vestibular de inverno da PUC-PR no mesmo ano.

“Eu não sabia cozinhar. Tive que me virar sozinho para lavar a louça, fazer as compras, escolher o que iria comer durante o dia”

Durante os três primeiros meses na capital, ele precisou conciliar as tarefas domésticas aos estudos e se acostumar com a rotina na ‘cidade grande’. “Eu não sabia cozinhar. Tive que me virar sozinho para lavar a louça, fazer as compras, escolher o que iria comer durante o dia”, lembra.

Mesmo com as dificuldades iniciais, o objetivo de Neiverth era o de continuar morando sozinho na capital. O de sua avó, Ezoni Dalzoto, com quem morava desde a infância, no entanto, era outro. Sem aguentar ficar longe do neto, ela também decidiu vir para Curitiba. “Ela não se sentia bem em me deixar sozinho aqui. Tinha muita saudade”, lembra o estudante.

Com a chegada da avó, as questões que afligiam Neiverth foram resolvidas, uma vez que ela assumiu as tarefas domésticas. “Isso facilitou bastante, pois, ao invés de limpar a casa e estudar, posso me dedicar somente aos estudos”, reconhece.

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