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| Foto: Henry Milleo/Gazeta

A educação a distância (EAD) é a modalidade que mais cresce no país quando o assunto é ensino superior. Em 2014, o número de estudantes matriculados neste modelo de graduação passou de 1,3 milhão, montante 16% superior aos 1,15 milhão registrados em 2013. Voltando um pouco mais no calendário, o avanço é ainda mais significativo e atinge a marca dos 44,3% entre os anos de 2010 e 2014, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A graduação presencial, por sua vez, registrou aumento de 19% no número de matriculados no período, que somou 6,5 milhões em 2014.

INFOGRÁFICO: Veja a evolução no número de matrículas e concluintes da EAD

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A flexibilidade do modelo, que permite ao aluno adequar os horários e locais de estudo à sua rotina pessoal e/ou de trabalho, está entre os fatores que influenciam esta expansão.

Os cursos também costumam ter mensalidades com valores mais baixos do que as cobradas na graduação presencial, o que é outro atrativo para os estudantes. “Dados da Hoper [consultoria em educação] apontam que o valor médio da mensalidade presencial em 2015 era de R$ 755, contra os R$ 290 da EAD”, exemplifica Jacir Venturi, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR).

MOOCs

Os cursos de graduação a distância são, muitas vezes, comparados aos Massive Open Online Courses (MOOCs), ou seja, Cursos Online Abertos e Massivos, que oferecem capacitação on-line e gratuita sobre determinado tema. Mas há uma diferença essencial: os MOOCs são, em geral, apenas o complemento para a graduação presencial.

Para a professora Rita Maria Lino Tarcia, diretora administrativa financeira da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), tais cursos têm um papel diferente dos destinados à formação superior. “Os MOOCs têm uma dimensão muito mais prática e permitem que o aluno busque o conhecimento de que gosta para resolver um problema”, explica.

Outro avanço destes cursos, segundo ela, é o fato de eles desvincularem o conhecimento da nota e/ou da necessidade de certificação, uma vez que o aluno tem a possibilidade de optar por apenas ter acesso ao conteúdo, sem a obrigatoriedade da avaliação.

Oferta

Na outra ponta da cadeia, a expertise acumulada pelas instituições que oferecem cursos da modalidade e a expansão desta oferta para o interior do país também contribuem para a manutenção do crescimento da EAD.

“Desde 1996 [quando a EAD foi definida na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional] os profissionais e as instituições foram se aproximando, experimentando e capacitando para a produção e a oferta desta modalidade, que não era própria das universidades, e hoje percebemos o quanto ela já avançou. Já sabemos fazer, agora o desafio é fazer ainda melhor”, aponta a professora Rita Maria Lino Tarcia, diretora administrativa financeira da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) e pesquisadora na área de educação mediada por tecnologias da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Graduados

Mesmo com um crescimento porcentual de 31% entre 2010 e 2014, o número de alunos que concluem a graduação a distância ainda é bastante inferior ao de matriculados e somou 189,8 mil naquele último ano.

Assim como no modelo presencial, a evasão é apontada pelos especialistas como um dos principais motivos para esta diferença. Ela ocorre, por exemplo, devido à falta de condições do aluno para acompanhar ou pagar o curso, ou pelo desejo de mudar o foco da carreira.

“Há muitos alunos que desconhecem a modalidade e acham que o curso a distância é fácil, que vão conseguir acompanhá-lo sem o comprometimento necessário”, acrescenta Rita.

Venturi concorda e lembra que a EAD exige muita disciplina e organização. Segundo ele, o aluno precisa estudar, em média, 15 horas por semana para que possa acompanhar bem o curso.

Outro aspecto sobre o qual os estudantes precisam ter ciência é o de que a modalidade não favorece o networking, o que pode ter reflexos sobre a empregabilidade e os aspectos sociais relacionados à formação superior.

Qualidade da EAD depende do comprometimento do aluno

Os críticos da Educação a Distância (EAD) costumam apontar a baixa qualidade dos cursos como um dos principais entraves da modalidade. Os especialistas da área, no entanto, afirmam que a graduação a distância conta com o mesmo rigor de fiscalização e acompanhamento por parte do Ministério da Educação (MEC) pelos quais passam os cursos presenciais.

A diferença, aqui, está no grau de comprometimento do aluno, que na EAD assume o protagonismo pela sua formação. “No curso presencial você está em sala de aula, com o professor falando. Na EAD o estudo só depende de você. A instituição disponibiliza as aulas e materiais, mas se não houver disciplina e força de vontade não tem como [acompanhar o curso]”, avalia Marco Campos Bertizzolo, aluno do quarto período de Engenharia Elétrica da EAD do Grupo Uninter.

Ele, que frequentou um curso presencial de Licenciatura em Física por dois anos, avalia de forma positiva tal característica, pois acredita que ela o força a estudar mais e, consequentemente, aprender mais.

Controle

Uma professora de EaD em Curitiba que pediu para não ser identificada diz que a autonomia é o principal aspecto para que o aluno possa aproveitar o curso. Isso porque, segundo ela, é fácil para o estudante burlar o sistema de controle das instituições, o que pode prejudicar seu desempenho.

“A instituição consegue verificar o local e número de acessos e o tempo em que o aluno ficou logado no sistema. Mas não consegue saber se a pessoa que está atrás do computador é o estudante ou se ele assistiu à aula ou apenas deixou o vídeo ‘correr’”, acrescenta.

A professora conta que também é grande o número de trabalhos de conclusão de curso que são plagiados, comprados ou feitos por terceiros, mas lembra que esta não é exclusividade do modelo a distância.

“Às vezes, temos alunos muito despreparados para este tipo de ensino, que exige um estudante maduro, que saiba que o certificado em si não dá a ele a capacitação”, avalia.

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