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Ginasta se preparando para a realização de salto em altura, em Blumenau | Arquivo Histórico José Ferreira da Silva/Blumenau
Ginasta se preparando para a realização de salto em altura, em Blumenau| Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva/Blumenau

Os imigrantes alemães que vieram para o Brasil nos séculos 19 e 20 são, com franceses e suecos, os responsáveis por difundir a disciplina que hoje chamamos nas escolas de “educação física”. A comprovação veio de uma tese de doutorado realizada na Unicamp pela professora Evelise Amgarten Quitzau.

Após analisar documentos de associações de ginástica alemãs, com viagens principalmente ao Sul e Sudeste, e também de seis meses para a Alemanha, a pesquisadora pôde mapear o quanto as práticas dessas entidades influenciaram as escolas da região e do país. “As associações de ginástica eram muito disseminadas na Alemanha já no século 19 e, por isso, quando os imigrantes chegam ao Brasil, reproduzem seu modelo que, aos poucos, vai servindo de exemplo”, explica a pesquisadora.

Ginastas entrando em campo para apresentação coletiva em festa realizada no Rio de JaneiroBiblioteca Prof. Asdrúbal Ferreira Batista, Faculdade de Educação Física/UNICAMP

Os clubes de ginástica tinham como foco principal manter a cultura alemã em solo estrangeiro. Todos os registros eram feitos em alemão e havia a divulgação do andamento dessas entidades a representantes da terra natal. Evelise encontrou na Alemanha, por exemplo, uma série completa de revistas de uma associação brasileira, com textos em alemão, que está arquivada em acervo histórico. “Mesmo assim, embora houvesse essa tentativa de manter viva a cultura alemã, as associações eram abertas para outras pessoas e eles interagiam com outras instituições que não eram teuto-brasileiras”, explica a pesquisadora. Os professores dessas associações também davam aulas em escolas.

O que hoje conhecemos como educação física até a década de 30 era chamado de ginástica – jogos de ar livre, atletismo, exercícios, etc. A diferenciação vem depois, com a entrada dos jogos escolares de origem inglesa, como o futebol e o rúgbi, em que a racionalização das regras, o registro de recordes, a padronização do campo a ser utilizado para um determinado esporte passam a ser mais importantes.

“Na tradição alemã, o ranking não era restrito. De 30 participantes, ganhavam todos os que alcançassem uma pontuação mínima, o que mostra que a competição tinha objetivos mais amplos”, diz.

Para Evelise, ainda que seja necessário estudos posteriores, a pesquisa ajuda a entender como as práticas esportivas se desenvolveram no país e desfaz certos mitos, como o que credita à Charles Miller a difusão do futebol no país. “Como essas práticas não vieram por decreto, mas das próprias famílias, acabaram arraigando e tiveram muita força”, conclui.

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