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Noemi entrou no programa Bom Aluno em 2004, fez inglês de graça e fez intercâmbio nos EUA | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Noemi entrou no programa Bom Aluno em 2004, fez inglês de graça e fez intercâmbio nos EUA| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Ciência sem fronteiras

Governo estuda limitar o acesso a alunos carentes

O governo federal também avalia possibilidades de ampliar o acesso ao intercâmbio para estudantes com menor poder aquisitivo. Em setembro deste ano, a presidente Dilma Rousseff (PT) declarou em entrevista coletiva sobre o programa Ciência sem Fronteiras que cogitava limitar o projeto para estudantes de baixa renda. Hoje, os critérios de seleção do programa envolvem nota acima de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), bom desempenho acadêmico e conclusão de no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o curso de graduação.

Desde 2010 o governo mantém um programa de intercâmbio para a Espanha voltado a estudantes de baixa renda, pelo programa Prouni Salamanca de Bolsas de Graduação Plena, parceria com o banco Santander, que ofereceu 20 bolsas neste ano.

Para ser classificado, o estudante precisava ter alcançado no mínimo 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2013, ter sido selecionado pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e não ser beneficiários de bolsa de outra instituição nacional para cursar a graduação. Ainda precisa ter bom desempenho nos exames de admissão da universidade espanhola. Se aprovado na universidade, o estudante tem a bolsa financiada pelo governo federal por seis meses. Passagem, seguro saúde e auxílio instalação também são pagos pelo governo. Ainda não há data prevista para a seleção de 2015.

Direcionar programas de intercâmbio para estudantes em condições financeiras desfavoráveis é uma tendência entre organizações independentes. Entre os critérios de seleção de candidatos em alguns programas estão a renda familiar e a matrícula em escola pública. Em Curitiba, alguns projetos da AFS Intercultura, organização não governamental internacional de intercâmbio, possibilitam semestres de estudo fora do Brasil com apoio de patrocinadores.

O programa Global Citizens of Tomorrow oferece 10 bolsas por ano para estudantes com renda familiar inferior a seis salários mínimos que cursam o ensino médio em escola pública, ou como bolsista integral em escola particular. Em 2014, quase mil candidatos se inscreveram. As ações "Programa Escolar" e "Viva – um outro lado da América Latina", que disponibiliza ao estudante um semestre escolar em países da região, também oferecem bolsas.

A estudante Paula Volkmann, de 17 anos, está terminando o terceiro ano do ensino médio. Ela embarca para a Costa Rica no início do ano que vem para passar seis meses estudando no país, pelo programa Viva da AFS Curitiba, lançado em setembro deste ao. "O intercâmbio vai muito além de apenas mais uma experiência para o currículo. Você ganha mais maturidade, independência e responsabilidade, sem falar nas amizades e no novo idioma que aprende", diz. Para concorrer à bolsa parcial, a instituição faz uma restrição quanto à renda familiar, que deve ser de, no máximo, seis salários mínimos.

O Programa Bom Aluno, que acompanha estudantes de baixa renda desde o sexto ano do ensino fundamental até a universidade, seleciona alunos de escolas públicas para receber acompanhamento com aulas de línguas (com apoio de escolas de idiomas em Curitiba) e reforço escolar. As aulas gratuitas de língua estrangeira possibilitam que os estudantes ganhem mais poder de competitividade em programas com o Ciência sem Fronteiras, que não faz seleção a partir de renda familiar. A seleção para bolsas de estudo inclui etapas como dinâmica de grupos, entrevista com a família e visita domiciliar. Para ser beneficiado, o estudante precisa ter notas acima de 7,0.

A engenheira ambiental Noemi Vergopolan Rocha, de 23 anos, entrou no programa em 2004. As aulas de inglês que conseguiu cursar gratuitamente da oitava série ao primeiro ano da faculdade facilitaram para ela a conquista de uma vaga no programa Ciência em Fronteiras em 2012, quando passou um ano e meio nos Estados Unidos e concluiu parte dos estudos na Universidade Estadual da Carolina do Norte.

"Minha família não teria condições de pagar curso de inglês desde quando eu era pequena", diz. Por quatro meses, ela também fez estágio na NASA, no Jet Propulsion Laboratory, em Los Angeles. "Sem dúvida, as línguas estrangeiras foram o meu diferencial para conseguir a bolsa de estudos e discutir assuntos complexos com os cientistas da NASA sem dificuldades", conta.

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