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Pichações em centro acadêmico na USP | Ricardo Matsukawa
Pichações em centro acadêmico na USP| Foto: Ricardo Matsukawa

Governos gostam de prometer obras e mais obras.  Por exemplo: a solução para o ensino superior? Construir mais universidades. É a melhor forma de garantir conteúdo para o próximo programa eleitoral. 

De fato, poucos brasileiros chegam a cursar uma faculdade.  Apenas 14% dos adultos têm curso superior, o que é menos da metade do índice chileno. Portanto, é preciso aumentar o número de pessoas nas universidades. 

Mas isso não significa que a expansão deva partir do governo. Uma das razões, talvez a mais óbvia, é o alto custo causado pela burocracia e pela corrupção. Cada grande obra traz em si um alto risco de desperdício. Além disso, o ensino superior é uma área em que o setor privado tem ampla capacidade de se articular para suprir a demanda do mercado, exceto em alguns casos especiais (cursos com baixa demanda mas alta relevância para o país). Na verdade, hoje, três quartos das vagas de ensino superior já estão em instituições privadas.

Veja cinco motivos pelos quais o crescimento da oferta deve se sustentar pelo setor privado. 

1) Gasto público 

O custo com obras é elevado. O gasto com pessoal, permanente (já que inclui salários com estabilidade e garantia de aposentadoria). O Brasil gasta, proporcionalmente, muito com o ensino superior e pouco com a educação básica, que – segundo estudos internacionais – deveria ser o foco do investimento público. Por causa da garantia de ensino gratuito para todos os alunos, inclusive os ricos, o ensino superior tem um custo altíssimo. Por isso, não faz sentido elevar ainda mais esses gastos quando há uma alternativa. Melhor seria priorizar os cursos superiores que atendam o interesse nacional e tenham pouca oferta no setor privado (como engenharia nuclear).

 

2) Flexibilidade 

Em um mercado cada vez mais dinâmico, é mais fácil para o setor privado acompanhar as demandas por profissionais com qualificações específicas. Novas profissões surgem com frequência, e outras perdem a relevância rapidamente. Por sua estrutura engessada e burocrática, as instituições públicas têm uma capacidade muito limitada de se preparar para essas evoluções, o que retarda o crescimento da mão de obra qualificada.

 

3) Diversidade ideológica 

Dentro do setor privado, é natural que surjam universidades com princípios e projetos pedagógicos diferentes. Instituições  conservadoras ou progressistas, cristãs ou laicas, tradicionais ou inovadoras quanto ao método. Essa diversidade é impossível dentro da esfera pública. Deixar o protagonismo para as instituições privadas significa aumentar a pluralidade de ideias, o que é bom para o país.

 

4) Parcerias com o mercado

Em parte por limitações legais, em parte por causa do preconceito ideológico dentro da academia, instituições públicas de ensino costumam ser refratárias a parcerias com o setor privado. Com isso, perdem recursos, oportunidades de pesquisas de ponta e, mais importante, qualidade na formação dos estudantes. Nas instituições particulares, é o oposto.

 

5) Racionalidade 

Uma das leis mais elementares da economia é a de que pessoas tendem a tirar proveito da gratuidade sem se preocupar tanto com as consequências. Uma relação mais adequada entre o investimento e retorno quando da escolha do curso universitário significa escolhas mais racionais por parte do estudante, que tende a pensar de forma mais séria sobre o retorno financeiro da profissão que escolheu. Isso tende a reduzir o número de alunos formados em cursos com baixa empregabilidade.

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