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Campus da Florida Gulf Coast University | Reprodução / FGCU
Campus da Florida Gulf Coast University| Foto: Reprodução / FGCU

A matéria, de acordo com a descrição, vai confrontar “o racismo branco e a supremacia branca”. Vai examinar “ideologias racistas, leis, políticas e práticas” que “mantém a dominação racial branca”. 

O nome da disciplina é curto mas provocativo e, para alguns, problemático. 

Conforme se espalhou a notícia de que a Florida Gulf Coast University vai oferecer um curso chamado “Racismo Branco”, a controvérsia inevitavelmente se seguiu e pousou sobre o professor que desenhou o curso e teve a ideia do nome. 

Mensagens como “E o racismo negro?”, “Você é o problema deste país”, e “Se esse fosse um país racista, você não teria um emprego” bombardearam sua caixa de entrada e seu correio de voz, diz Ted Thornhill, um professor assistente no departamento de sociologia da universidade. Muitos o chamaram com a palavra começada com n. Em um telefonema, alguém disse ser branco e, de fato, superior. 

Não houve ameaças diretas de violência, apesar de Thornill ter mandatd para a polícia do campus 46 páginas de e-mails e mensagens de voz que recebeu sobre a matéria, de acordo com o News-Press. Preocupações com a segurança levaram os administradores da universidade a enviar dois policiais para as proximidades do prédio como uma precaução no primeiro dia de aula, na terça-feira. A porta-voz da universidade, Susan Evans, disse que os agentes “se prepararam para possíveis distrações”. 

“Como um excesso de cuidado, eu, junto com a administração, pensei que seria mais prudente pedir a presença da polícia no primeiro dia”, disse Thornill ao Washington Post. “Ninguém pode prever o que vai acontecer”, afirmou. 

As coisas transcorreram tranquilamente na manhã de terça-feira, disseram Evans e Thornhill. 

A controvérsia em torno da matéria cresceram no fim de novembro depois que a imprensa local relatou que ela seria oferecida para o semestre da primavera. Thornhill disse que ele esperava alguns murmúrios, mas não havia previsto uma reação do tipo de tantas pessoas que viram a aula como uma afronta a uma raça inteira – e alguns que viram isso como um ataque pessoal por serem brancos. 

“Não é simplesmente o nome… como um sociólogo, eu digo aos meus estudantes todo o tempo que eles precisam ‘despersonalizar’. Nem tudo diz respeito a você”, disse Thornhill. “Não estou falando sobre indivíduos brancos específicos. Eu estou falando sobre um grupo ‘racializado’ como branco. Muitas pessoas nessa sociedade hiper-individualizada tendem a tomar tudo isso pessoalmente. Eles pensam que estão sendo atacados”. 

Em um longo comunicado que Thornhill havia divulgado anteriormente, ele afirmou que sua disciplina não é “anti-branco”, mas “anti-racismo branco”. 

“Claramente, nem todas as pessoas brancas são racistas; algumas são até mesmo anti-racistas. Entretanto, todas as pessoas ‘racializadas’ como brancas obtêm, de alguma medida, benefícios materiais e psicológicos em virtude de serem ‘racializadas’ como brancas”, ele escreveu. 

Também houve algumas perguntas do tipo . E o racismo negro? E o racismo latino? 

Negros, latinos e outras pessoas de cor, de fato, podem ter visões racistas e preconceituosas, disse Thornhill. 

“Mas sociólogos estudam racismo de um ponto de vista estrutural. Isso diz respeito a quem tem o poder e o privilégio, e diz respeito à história deste país”, ele disse. “Este país foi fundado de uma forma particular, baseada no genocídio, na colonização e na escravidão, e você não pode escapar disso ou fingir que o tempo tornou esses faros históricos irrelevantes. Por que não tornou”, afirmou. 

Para Alex Pilkington, tesoureiro da representação do Partido Republicano no campus, o problema está no nome. 

“Eu preferiria um nome mais como ‘Racismo Sistemático’, porque eu tenho a impressão de que dar à classe o nome de ‘Racismo Branco’ tem a intenção de fazer as pessoas brancas olhem para a classe de uma certa forma”, disse Pilkington, de 22 anos, à News-Press. 

Perguntado sobre sua escolha para o nome, Thornhill disse que ele se encaixa no material do curso e que ele tinha a intenção de que fosse algo provocativo. 

“A natureza da educação superior e de uma educação universitária é de desafiar as pessoas a pensar as crenças que elas têm e lidar com material provocativo e crítico, em um esforço para crescer e cultivar seu intelecto”, ele disse. 

Thornhill disse que ele tem ensinado conteúdo do tipo por anos, mas em cursos com nomes diferentes. Ele também não foi o primeiro a chamar uma matéria de “Racismo Branco”. Ele afirma que um curso na Universidade de Connecticut começou a oferecer duas décadas atrás. Na época, o nome também irritou a muitos. 

“O nome faz parecer um ataque aos brancos em vez de racismo”, disse Thomas Roberts, um professor que se opôs à matéria, ao Hartford Courant in 1996. “Existe uma diferença entre uma disciplina dizendo que todos os brancos são racistas e outra dizendo que o racismo é um problema nos Estados Unidos”, afirmou. 

Cerca de 50 estudantes se matricularam na turma de Thornhill depois que ele elevou o limite inicial de 35 vagas. Ele pretende manter a turma nos próximos semestres.

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