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Alunos do Projeto Salvaguarda em visita a FEA-RP, em Ribeirão Preto (SP). | Divulgação.
Alunos do Projeto Salvaguarda em visita a FEA-RP, em Ribeirão Preto (SP).| Foto: Divulgação.

A dificuldade de inserção de estudantes carentes na universidade começa já no vestibular: sem conhecer pessoas que já passaram pelo processo, muitos não têm informações sobre o funcionamento dos vestibulares. 

Para ajudar a solucionar esse problema, o estudante de Economia da USP, Vinicius de Andrade, criou o projeto Salvaguarda, que coloca estudantes de ensino médio em contato com informações e com o cotidiano da vida universitária. 

Início 

O Salvaguarda teve origem nas experiências do próprio Vinicius: morador da periferia de Ribeirão Preto, em São Paulo, ele ingressou no ensino superior com informações limitadas. 

A ideia para o projeto surgiu após uma pesquisa feita para um disciplina do curso de Economia – um questionário aplicado com 193 alunos de ensino médio mostrou que 84% queriam continuar os estudos, mas apenas 10% conheciam o SISU. 

“A pesquisa mostrou que os alunos tinham interesse em entrar na faculdade, mas não tinham informações. Então percebi que queria fazer algo e comecei a construir a ideia de projeto”, diz Vinicius. 

Vinicius então notou que a falta de acesso a informações sobre o ensino superior era um dos empecilhos para estudantes de escolas carentes se interessarem em prosseguir os estudos. 

“Tinha alunos que não sabiam que existiam cursinhos gratuitos. Ficaram sabendo, se matricularam e passaram no vestibular da USP. Os resultados foram bons, mostraram que o projeto era relevante”, conta Vinicius.

O projeto começou no primeiro semestre de 2016 com visitas às quatro escolas que participaram da pesquisa. Hoje, o Salvaguarda está presente em 21 estados e conta com parceria com cursinhos e apoio da iniciativa privada. As ações são feitas com alunos do segundo e terceiro ano do ensino médio. O processo é contínuo, começando com uma visita à escola para apresentação do projeto. 

“No primeiro encontro apresentamos a ideia aos alunos, coletamos os contatos e criamos um grupo para nos aproximarmos. Nestes grupos os alunos podem tirar dúvidas sobre algum exercício ou sobre qualquer questão relacionada à vida universitária”, explica Vinicius. 

Atividades

Uma das atividades principais do projeto são as aulas de redação: os estudantes fazem exercícios semanalmente, que são organizados por um professor da escola eleito pelos próprios alunos e corrigidos por voluntários do Salvaguarda. 

Outro destaque são os aulões no campus da USP. Realizados pelo menos uma vez por mês, englobam temas como uso de material didático e pesquisa de conteúdos, oficina de redação (com dinâmicas e participação dos voluntários) e encontro com voluntários para falar sobre experiências pessoais e criar conexões. 

Já em períodos de inscrição para vestibulares, os alunos recebem visitas de voluntários do Salvaguarda para explicar o processo de inscrição e de isenção de taxa. Segundo Vinicius, esse passo é vital para a concretização do objetivo de inserir estudantes no processo seletivo, já que muitos desconhecem os procedimentos.

Práticas

Além das atividades desenvolvidas nas dependências da escola, os alunos podem conhecer alguns campus universitários, com visitas mensais a cursos específicos na instituição para ampliar o contato com a realidade do meio acadêmico. 

O objetivo é desmistificar o ensino superior para estudantes que não teriam acesso a essas informações por outros meios; o resultado são jovens mais motivados e preparados para serem inseridos no meio universitário.

“Temos alunos que falam que se não fosse por nós, não teriam metade das oportunidades que têm hoje”, diz Vinicius. “É gratificante saber que estamos, de alguma forma, ajudando a mudar a realidade desses jovens”, conclui.

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