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Enquanto o Senado analisa um projeto de lei que prevê punições aos pais que faltarem às reuniões escolares dos filhos, instituições de ensino se movimentam há bastante tempo em busca de parcerias voluntárias com as famílias. Iniciativas bem-sucedidas mostram que é possível criar canais efetivos de interação, para que os pais se aproximem por vontade própria do dia a dia da escola. “No início, junto com as reuniões de pais fazíamos o sorteio de brindes e até de cesta básica, para as famílias se animarem. Neste ano começamos a chamar pequenos grupos de pais para bate-papos culturais”, explica Wilza Bueno de Oliveira de Jesus, diretora da Escola Municipal Ayrton Senna da Silva, localizada no bairro Cajuru, em Curitiba.

Em maio, a escola convidou cerca de 20 mães para um café na biblioteca da instituição. Durante o encontro todas foram tratadas a pão-de-ló – literalmente e metaforicamente. As mães foram servidas por alunos, assistiram a apresentações de poesia e foram apresentadas a livros sobre como conduzir a educação dos filhos. Em agosto foi a vez dos pais, que acompanharam a apresentação de um flautista e participaram de discussões pedagógicas.“Nossas famílias são famílias muito sofridas, e queríamos que elas tivessem um momento diferente. Toda a escola foi preparada para receber bem os pais e as mães, que se sentiram únicos”, afirma.

A diretora explica que a intenção do “Café com Leitura” é fazer com que as famílias se sintam acolhidas e modificar a visão de que a escola só chama o pai ou a mãe para reclamar do filho. Além disso, os encontros, a cada três meses, permitem uma aproximação maior com os familiares. “Em uma reunião com 200 pais você não consegue conversar com cada um e conhecer as suas dificuldades”, diz a diretora. Para selecionar os participantes dos encontros, a escola realiza sorteios. “Sabemos que é um trabalho de formiguinha, porque não conseguimos reunir muitos pais na biblioteca. Mas a longo prazo a ideia é que todos possam participar”, afirma.

Segundo ela, há dez anos a escola busca mecanismos para que os pais participem da vida da escola. O esforço parece ter contribuído para melhorar o desempenho dos alunos: de 2007 a 2013, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da instituição passou de 4,5 para 5,5.

Tecnologia amiga

No Colégio Estadual Benedicto João Cordeiro, no Sítio Cercado, uma das causas da baixa participação dos pais era a falta de tempo para ir à escola. A alternativa encontrada para abastecer as famílias com informação foi criar um blog. Pela internet a escola apresenta as atividades desenvolvidas no dia pelas turmas, faz comunicados e elabora enquetes para os pais. “Uma das enquetes foi sobre o uso do celular em sala de aula. A maioria dos pais considerou que retirar o celular não é o mais correto, e que deveríamos direcionar o uso do aparelho de forma pedagógica”, conta a pedagoga Rozane Zaionz.

Famílias ganham “coordenador”

Estudos no Brasil e no exterior apontam que a relação família-escola é um dos fatores determinantes para o sucesso educacional de crianças e jovens. Muitas vezes os familiares, especialmente aqueles em situação de maior vulnerabilidade social, não sabem como participar ou se sentem pouco acolhidos no ambiente escolar. Para reverter essa situação, a Fundação Itaú Social implantou o programa Coordenadores de Pais nas redes estaduais de ensino de Goiás, Espírito Santo e Pará, e em escolas municipais de Salvador e Santos.

Funciona assim: um membro da comunidade é escolhido para atuar na conexão entre a escola e as famílias dos alunos. Esse coordenador recebe diariamente as famílias na entrada e saída dos alunos, quando aproveita para interagir com os pais. Segundo a gerente de Educação da Fundação Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, a estratégia dá resultado, pois vários pais que se sentem intimidados nas reuniões formais acabam se abrindo nesses momentos . O coordenador presta contas à família sobre o desempenho do aluno quando há problemas e também quando os resultados são positivos.

Outro trabalho desenvolvido é a organização de atividades de orientação aos pais, para que aprendam sobre a melhor forma de dialogar com o filho adolescente ou descubram como ajudar o aluno nas transições escolares. Para os casos mais graves, em que há risco de abandono da escola, o coordenador também realiza visitas domiciliares. “Muitos pais, sobretudo aqueles com menor escolaridade que seus filhos, subestimam a influência que podem ter na vida escolar da criança ou do adolescente. O programa busca ampliar acolhimento dos pais na escola, para que eles se sintam mais à vontade para perguntar nas reuniões, buscar informações e entender como podem auxiliar os filhos”, explica Patrícia.

M.C
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