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Melhorar a educação nem sempre exige soluções mirabolantes ou programas milionários. Algumas soluções são simples e baratas podem ter um impacto positivo no aprendizado. Uma delas é aumentar o aproveitamento do tempo do professor em sala de aula. E um novo estudo do Banco Mundial identificou um caso bem-sucedido no Brasil.

Em 2014, a Fundação Lemann fez uma parceria com o governo do Ceará para aumentar o tempo dedicado ao ensino propriamente dito. A ideia foi oferecer consultoria aos coordenadores pedagógicos e incentivá-los a avaliar o desempenho dos professores de forma contínua.

O problema que o projeto tentava resolver é real: em 2015, um estudo do Banco Mundial com foco na América Latina mostrou que os alunos perdem o equivalente a um dia de aula por semana devido ao mau aproveitamento do tempo em sala de aula – seja pela ausência temporária do professor ou pelos minutos a mais gastos na chamada ou na limpeza do quadro negro. 

O primeiro passo do programa foi uma avaliação do uso do tempo nas escolas, feita ao fim de 2014. Depois, os coordenadores pedagógicos participaram de três dias de treinamento com coaches (ou orientadores), além de pelo menos duas sessões via Skype ao longo do ano. Eles também tinham acesso a um site com orientações para o planejamento de aulas – lá, também podiam compartilhar vídeos de suas reuniões com professores, para receber recomendações dos orientadores. 

Ao todo, 156 escolas cearenses foram escolhidas (de forma aleatória) para participar do programa. Para permitir uma comparação, também foram avaliadas 136 escolas em que o projeto não foi implementado. 

O resultado, ao fim de um ano, mostrou que, nas escolas em que o método foi aplicado, o tempo produtivo da aula era de 76%. Nas demais, 70%. Isso equivale a 59 horas, ou duas semanas a mais, de aulas por ano. 

O programa também parece ter gerado um pequeno aumento na participação dos alunos nas atividades de sala. E o mais importante: o desempenho dos estudantes melhorou. Nas escolas em que o programa foi implementado, os alunos obtiveram, em média, quatro pontos a mais em matemática e dois pontos a mais em português no SPAECE, que avalia o desempenho dos alunos no estado. No Enem, a média foi quatro pontos maior em português e cinco pontos maior em matemática. 

Um estudo sobre o programa, publicado em janeiro pelo Banco Mundial, concluiu que o método é viável economicamente, com um custo de aproximadamente 8 reais por aluno. “Essa avaliação de impacto mostrou que o progresso verdadeiro é possível, mesmo em apenas um ano escolar. Também mostrou que existem formas economicamente viáveis de treinar os professores e melhorar o aprendizado do alunos”, apontou o documento.

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