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Na prova de ciências humanas, foram citados os filósofos Aristóteles, Sócrates e Demócrates. | Henry MilleoGazeta do Povo
Na prova de ciências humanas, foram citados os filósofos Aristóteles, Sócrates e Demócrates.| Foto: Henry MilleoGazeta do Povo

As provas do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizadas neste domingo, tiveram cunho social com questões sobre temas como a usina de Belo Monte, participação da mulher na política e a situação do Palestina, além de referências a Racionais MC’s e Gregorio Duvivier.

Veja a correção das provado do primeiro dia do Enem 2017

Na prova de ciências humanas, foram citados os filósofos Aristóteles, Sócrates e Demócrates. Entre os conceitos principais trabalhados estavam a organização políticas das cidades gregas e o princípio de constituição das coisas.  Por outro lado, nomes como Platão e Marx, mesmo no ano do centenário da Revolução Russa, não foram cobrados.

Entre os tópicos contemporâneos, estavam a conquista do status de estado observador da ONU para o Estado Palestino, o funcionamento dos Três Poderes, a cota de candidaturas de mulheres nos partidos políticos brasileiros e as características territoriais e de geração de energia da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.  

Na prova de linguagem e suas tecnologias, foram citados autores como Clarice Lispector, Paulo Leminski e Chico Buarque. Artistas populares também estavam presentes nas questões, como a música “Fim de semana no parque”, do grupo de rap Racionais MC’s, e uma crônica do comediante Gregorio Duvivier; o texto “Nuances”, publicado na Folha de S. Paulo em março de 2014 foi utilizado em uma questão de língua portuguesa.

Personalidades de outras linguagens artísticas também foram citados, como Pablo Picasso, Frida Khalo, James Bond e a boneca Barbie. A prova de linguagem abordou ainda temas como a transmissão do vírus HPV, a violência doméstica e a criação dos filhos. O segundo dia de provas será em 12 de novembro, com questões de matemática e ciências da natureza. A prova terá duração de 4h30, com início às 13 horas.

Redação

Neste ano, os estudantes tiveram que escrever sobre o desafio para a formação educacional de surdos no país. No ano passado, o tema foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Violência contra a mulher, publicidade infantil, lei seca e movimento imigratório também foram abordados nas últimas edições.

"Nós, surdos e surdas, ficamos feliz com a escolha. Já está na hora de sermos visíveis perante a sociedade, assim como a língua de sinais brasileira (Libras). É uma conquista de uma parcela significativa da população que vem lutando diariamente para ser de fato incluída", analisou Ana Regina de Souza Campello, ex-presidente da Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos). 

"Não basta a acessibilidade, que é um direito natural, mas os surdos e surdas são sujeitos sinalizastes e pensantes.Assim as pessoas estão motivados a conhecer mais nossas singularidades: cultura, identidade e história. Só podemos dizer que é uma conquista histórica", concluiu.

Direitos humanos

A prova foi realizada após uma mudança na regra de avaliação que permitia zerar a redação de candidatos que desrespeitassem os direitos humanos. A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), negou no sábado (4) pedidos de liminar feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e Advocacia-Geral da União (AGU) para restabelecer os critérios de correção da redação do Enem

Na ação pública ajuizada pelo movimento Escola Sem Partido, alegava-se que a regra para a nota zero na redação do Enem teria “caráter de policiamento ideológico” ao ser muito vaga, sem elencar atitudes específicas que pudessem levar à desclassificação do estudante, como o racismo, a xenofobia ou a discriminação por orientação sexual.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, confirmou que o MEC optou por não criar um ambiente de instabilidade jurídica com a escolha do tema da redação desta edição do ENEM. “O primeiro ponto é respeitar uma decisão judicial, e nós respeitamos. O segundo é assegurar tranquilidade aos estudantes que prestaram o exame”, declarou Mendonça em entrevista coletiva neste domingo (5). “Não queríamos criar um ambiente de instabilidade e de dúvida para os estudantes que escreveriam a redação hoje, completou. 

Coordenador nacional do movimento Escola Sem Partido, Miguel Nagib considerou a escolha do tema válida. “É uma temática que dá margem a menos divergências ideológicas que as escolhidas nos últimos anos”, ponderou. Nagib, porém, não vê o tema “desafios para a formação educacional de surdos no Brasil” como uma conquista indireta do Escola Sem Partido. 

“Foi uma escolha prudente por parte do INEP. É possível que um tema neutro tenha sido escolhido para evitar questões polêmicas, que colocariam os candidatos em situações de temor em manifestar uma opinião que pudesse ser considerada contrária aos Direitos Humanos. Sob influência da decisão judicial, ele optou por um tema não ideológico”, concluiu.

Clima de normalidade

Mendonça Filho avaliou o novo modelo do Enem, aplicado em dois domingos. “O clima foi de normalidade, praticamente uniforme no Brasil como um todo. Tudo ocorreu bem tendo em vista o tamanho do exame”, disse. 

O ministro confirmou que dois candidatos saíram da sala com o caderno de provas antes do horário permitido - um deles candidatos já foi identificado e será eliminado. Mendonça ainda confirmou que um terceiro candidato foi encontrado com um cigarro de maconha no bolso, mas que foi permitido que o estudante concluísse a prova. 

O primeiro dia do Enem teve provas de redação, linguagens (língua portuguesa e língua estrangeira) e ciências humanas (geografia, história, filosofia, sociologia e conhecimentos gerais). O segundo dia de provas será no próximo dia 12, com questões de matemática e ciências da natureza.

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