Curso de Letras oferece mais que aulas para quem se forma

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Foi-se o tempo em que o estudante que se formava em Letras tinha como opção apenas a carreira de professor. A profissão ainda é, sem dúvidas, a mais escolhida, mas o mercado de trabalho vem se expandindo e as mudanças são sentidas já na gradua­­ção. "Há dez anos, 95% dos alunos estagiavam em escolas. Hoje, há uma maior procura por empresas de tradução, editoras e até jornais", conta Cristina Miyaki, coordenadora do curso de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Irene Boschiero, 31 nos, é a prova disso. Formada em Letras Português-Inglês-Latim na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2003, ela concluiu o mestrado, deu aulas de Inglês e Latim no Centro de Línguas da instituição (Celin), foi professora substituta da Federal, deu aulas na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), montou um curso de Latim para o curso de Direito e, atualmente, escreve sua tese de doutorado e trabalha na Editora Positivo. "Não optei só por dar aulas. Escolhi ter uma visão ampla. Cabe ao profissional descobrir com o que vai se identificar mais, e isso deve ocorrer na graduação".

Em seu trabalho, ela viaja pelo Brasil, conhece o sistema educacional de escolas conveniadas com a empresa, produz material didático e dá cursos para os professores dessas escolas. Quinzenalmente, Irene também leciona no Ciclo de Leitura da Fundação Cultural de Curitiba, que este ano tem como tema a Literatura Romana. "Há vagas no mercado de trabalho, depende do que se quer seguir. Quem quer posição melhor, tem de estudar. E não só pelo salário, mas por satisfação pessoal. Tenho colegas que montaram empresa de consultoria e tradução, que atendem multinacionais, outros que são intérpretes ou que trabalham com revisão de texto."

Professores

Apesar da abertura do mercado, a docência ainda é a área que mais emprega. Não há escola que não precise de professores de Por­tuguês, Inglês, Espanhol, Redação e Literatura, por exemplo. O problema é que nem sempre a atividade tem a remuneração que merece. O professor Márcio Guimarães, coordenador do curso na UFPR, conta que o magistério é indicado para o aluno que, apesar de conhecer esse problema, de baixos salários e muito trabalho, sonha em ser professor. "Eles raramente desanimam porque sabem o que os espera nas escolas, já conhecem a realidade", diz. Além disso, há várias opções para quem quer seguir nesta área: o ensino fundamental, ensino médio e ensino superior, seja em instituições particulares ou públicas.

CursoQuando opta por estudar Letras, o estudante se depara, já na inscrição, com um leque de possibilidades. Há cursos de bacharelado, licenciatura, habilidades simples (Letras Português ou Letras Japonês, por exemplo), habilidades duplas (Letras Português- Espanhol ou Letras Português-Inglês) e ênfases diferentes, como em estudos linguísticos, literários ou de tradução. Na UFPR, essas combinações somam 54 possibilidades. A habilitação mais procurada, tanto na UFPR quanto na PUCPR, é a de Letras Português-Inglês.

Ficha Técnica

Onde estudarO curso de letras é ofertado nas principais instituições públicas e privadas do estado. Só na UFPR, por exemplo, são 54 combinações curriculares diferentes.

DisciplinasCada habilitação tem suas disciplinas compatíveis, mas há algumas obrigatórias para todas. Na UFPR são: Literatura Grega I: Épica; Literatura Latina I: Lírica; Literatura Grega II: Tragédia; Literatura Latina II: Comédia; Língua Portuguesa I; Linguística I, II e III e Teoria da Literatura I e II.Duração do cursoEntre 3 anos e meio e 4 anosMensalidadeEntre R$ 500 e R$ 60.

Salários Variam muito conforme a área. Na docência nos ensinos fundamental ou médio da rede pública o salário inicial é de R$774,85 para 20 horas/aula semanais. O salário de professores de ensino superior depende da instituição (se pública ou privada), tempo de carreira, quantidade de horas/aula e especializações, mas o piso estabelecido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para 40h em instituição pública, é de R$1.617,54.

ConcorrênciaNa UFPR, a concorrência no último vestibular foi de 4,68 para a habilitação Letras Português noturno (40 vagas) e 9,8 para a habilitação Letras Inglês ou Português e Inglês matutino (20 vagas). As aulas são de manhã e à tarde.

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