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Todos os dias, das 19h às 22h30, Márcia anota cada palavra que os professores falam, sempre junto de Márcio | Hugo Harada / Gazeta do Povo
Todos os dias, das 19h às 22h30, Márcia anota cada palavra que os professores falam, sempre junto de Márcio| Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo

Aos 51 anos, dona de casa e com apenas o ensino fundamental completo, Márcia Isabel Poffo Tanigutti nunca imaginou que colocaria os pés em uma universidade. Frequenta as aulas do 2.º ano de Jornalismo na UniBrasil, faz todos os trabalhos e provas, mas não está matriculada. Ela voltou aos bancos escolares para acompanhar o filho Márcio, 23 anos, que tem paralisia cerebral e não conseguiria estudar sem a sua ajuda.

VÍDEO: assista ao depoimento de Márcia, que fala sobre a força de vontade do filho, seu dom para escrever poemas e os desafios encarados pelos dois

A família descobriu a doença logo após o nascimento. Desde então, Márcio depende completamente da mãe, que o auxilia em todas as tarefas. Ele anda de cadeira de rodas, pronuncia poucas palavras e não movimenta braços e pernas. Para escrever, usa uma ponteira presa à cabeça para digitar no computador.

Todos os dias, das 19 horas às 22h30, lá está a mãe, anotando cada palavra que os professores falam, apresentando trabalhos e até indo fora dos horários de aula para fazer atividades em equipe, sempre junto de Márcio. Quando chegam em casa, ele passa para o computador tudo o que ela anotou, usando isso como forma de estudo.

Para fazer as provas, a universidade criou um sistema especial para ele. A cada dois meses, Márcio faz uma prova oral. Como o jovem também tem problemas de fala é a mãe quem explica aos examinadores o que o filho quis dizer.

Essa rotina universitária – comum hoje – já foi um susto para Márcia. "Quando meu filho disse que queria prestar vestibular, fiquei chocada. Só conseguia pensar em como seria", lembra. Depois de ver o nome na lista dos aprovados, ela entrou em acordo com a instituição para acompanhá-lo durante os quatro anos de graduação, já que a UniBrasil não tem um profissional que pudesse fazer esse papel.

Embora não falte a uma aula, Márcia confessa que sente dificuldade em algumas disciplinas, principalmente História. "No começo, não entendia nada do que os professores falavam. Hoje minha matéria preferida é Psicologia. Se eu puder, no futuro, gostaria de cursar, mas junto com o Márcio, claro." O gosto pela escrita – principalmente poesias – foi o que motivou Márcio a escolher o Jornalismo. Por enquanto, ele não pensa em fazer outro curso.

Convivência

Nem só os conteúdos são um desafio para Márcia. A convivência com jovens, muito mais novos, às vezes a deixa tímida. Segundo ela, é natural que, com a diferença de idade, olhe para eles e perceba que falta maturidade, que gastam tempo e se preocupam com besteiras. Mas isso não a impede de se enturmar com eles.

Para Márcio, alguns são muito mais do que colegas, são anjos da guarda. "Ele sempre tem alguém que estuda junto, que tem toda paciência e carinho em ajudá-lo e que vem aqui em casa fazer trabalho. Foi assim desde pequeno, quando começou a frequentar o colégio", lembra a mãe.

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Vida e Cidadania | 2:14

Dona de casa, Márcia Tanigutti , 51 anos, voltou a estudar depois de 35 anos para ajudar seu filho Márcio, que sofre de paralisia cerebral.

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