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Em uma manhã, calouros e veteranos de Direito e Medicina da Universidade Positivo foram incentivados a doar sangue | Fábio Muniz / Universidade Positivo
Em uma manhã, calouros e veteranos de Direito e Medicina da Universidade Positivo foram incentivados a doar sangue| Foto: Fábio Muniz / Universidade Positivo

Incentivo

Prêmio para os mais solidários

Para incentivar o trote solidário em todo o país, a Fundação Educar DPaschoal promove o Trote da Cidadania, uma campanha que premia as instituições com as melhores ações solidárias em várias categorias. O prêmio existe há 13 anos e, em 2011, cinco universidades do Paraná participaram e uma foi finalista – o Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (Cescage), de Ponta Grossa. As inscrições começaram no dia 1º de fevereiro e podem ser feitas até o dia 5 de abril pelo site www.trotedacidadania.org.br.

Lição paulista para o país não esquecer

A mudança de comportamento em relação ao trote começou em todo o país a partir de 1999, quando um estudante de Me­­dicina da Universidade de São Paulo (USP) morreu afogado du­­rante um trote. De lá para cá, aos poucos, as universidades foram disseminando resoluções que proíbem brincadeiras agressivas e de mau gosto.

Embora as proibições se restrinjam aos muros das instituições, já que fora deles as coordenações não têm como controlar os alunos, os educadores perceberam que ao longo de 13 anos os estudantes incorporaram a ideia e acabam por fiscalizar uns aos outros, mesmo que ainda existam casos isolados de agressão.

Na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), por exemplo, o trote passou a ser proibido em 2002. "Se recebemos alguma denúncia, o procedimento é abrir sindicância e processo administrativo", explica a pró-reitora de Pro­­moção Humana da UTP, Ana Margarida de Leão Taborda.

Interatividade

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  • O veterano Iago Buhrer entrou no clima e também doou sangue

Trote como sinônimo de humilhação, constrangimento e até violência é coisa do passado. Hoje a ordem é prestar serviço à comunidade e promover a integração pacífica entre calouros e veteranos. Em duas semanas de aula – que começaram dia 6 nas instituições privadas –, os estudantes mostraram que é possível comemorar a entrada na universidade de outra forma.

Bons exemplos não faltaram. Na Universidade Positivo (UP), assim como na maioria das outras instituições, coordenações e centros acadêmicos são responsáveis pela organização da recepção aos calouros de cada curso e a maioria optou pelo trote solidário. Os cursos de Direito e Medicina, por exemplo, doaram sangue aos bancos de Curitiba, como o Hemepar e o Hemobanco. Os estudantes deixaram a sala de aula por uma manhã para ajudar a abastecer os estoques, que ficam 40% menores em época de férias e carnaval.

Para os calouros que estavam ansiosos com o início das aulas e com o que os aguardava, o trote solidário trouxe um alívio e a boa sensação de fazer algo pelo próximo. "A primeira semana foi reservada para atividades de recepção e integração. Conhecemos a universidade e fomos ao Hospital da Cruz Vermelha doar sangue. Prati­­camente toda a turma participou", conta a caloura de Medicina da UP Luiza de Martino Borges.

Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), além da doação de sangue, os estudantes foram incentivados a levar alimentos não perecíveis para serem doados a sociedades beneficentes. A universidade até fez convênio com uma rede de supermercados que permitiu que os alunos ficassem nas lojas tentando arrecadar doações com os clientes.

Integração

As vantagens do trote solidário não se restringem aos beneficiados com as doações. A ação também é responsável por integrar calouros e veteranos, fazer com que eles se conheçam e troquem experiências úteis à formação acadêmica.

Alguns cursos adotam o "apadrinhamento", que é quando cada novo aluno tem um padrinho veterano que fica responsável por lhe passar livros, cópias e dicas de estudo. Portanto, participar das atividades das primeiras semanas pode ser bem útil para o futuro do aluno na universidade. O veterano Iago Freire de Macedo Buhrer, do 4.º ano de Direito da UP, além de participar da doação de sangue faz parte de um grupo no Facebook que troca livros entre os alunos. "Faz muito tempo que não se faz aqui trotes agressivos, até porque a instituição proíbe. Fazemos festa, saímos todos juntos, mas sem nenhum abuso", comenta.

Pensando na ideia de promover a amizade entre os alunos e fazer com que os novatos se sintam acolhidos, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) prepara para a primeira semana de aula, que inicia em 5 de março, uma grande festa de recepção. Apenas o trote solidário é permitido na instituição e, embora cada setor tenha a liberdade para preparar a recepção como quiser, existe uma festa geral para todos os cursos.

Para a pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFPR, Rita de Cássia Lopes, o trote solidário, além de preparar o aluno para as atividades de cidadania e extensão, ajuda o estudante a se sentir valorizado, participante e integrado.

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