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Há um ano no cargo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, admitiu pela primeira vez que é contra a realização de duas ou mais edições por ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A opinião é oposta à defendida pelo Ministério da Educação (MEC) – e até mesmo pela presidente Dilma Rousseff – na gestão do ex-ministro Fernando Haddad, responsável pela transformação do Enem em um grande vestibular nacional.

Em tom cauteloso, Mer­­ca­­dante evitou descartar por inteiro a realização de duas edições anuais do Enem. No entanto, usou um argumento econômico: disse que o exame custa caro e que uma única edição por ano basta para atender aos concluintes do ensino médio, bem como o restante da população que busca uma vaga no ensino público superior.

Não era o que dizia Haddad. Ele via na realização de dois ou mais exames anuais um caminho para diluir tensões dos estudantes e falhas de organização. A realização de várias edições por ano estava nos planos do MEC desde a criação do novo Enem, em 2009, ainda no governo Lula. Uma portaria chegou a ser publicada, e depois revogada. Haddad se inspirava no teste similar dos Estados Unidos, o SAT, que é oferecido sete vezes por ano.

O custo estimado do Enem de 2012 – realizado em novembro – foi de R$ 271 milhões, já descontada a receita com a taxa de inscrição de R$ 35, paga por menos de um terço dos inscritos.

Para Mercadante, pesa também o fato de que há outras prioridades, no leque que vai das creches à pós-graduação. Para ele, o dinheiro destinado a uma segunda edição anual do Enem seria mais bem empregado em projetos como o que tentará garantir a alfabetização de todos os alunos até os 8 anos de idade ou o de assistência estudantil para cotistas em universidades federais, ambos com início previsto em 2013.

Sem necessidade

"Não temos, neste momento, a necessidade de um novo exame", afirmou Mercadante. "O problema não é o risco, o problema é o custo. Nós dobraríamos os custos do Enem. Duzentos milhões... Quantas creches eu construo? Não só creches, nós temos necessidade brutal de recursos na educação. Aquilo que a gente põe está tirando de algum outro lugar."

O Enem mobilizou mais de 566 mil profissionais, em 1.615 mu­­nicípios, no ano passado. O número de inscritos chegou a 5,7 milhões, dos quais 4,1 milhões fizeram o teste.

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