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Hoje, apenas os Centros Integrados do Portão (foto) e do Centro atendem a população da capital em tempo integral: contratação de mais 695 policiais civis vai possibilitar o funcionamento 24 horas dos distritos | Antônio Costa/Gazeta do Povo
Hoje, apenas os Centros Integrados do Portão (foto) e do Centro atendem a população da capital em tempo integral: contratação de mais 695 policiais civis vai possibilitar o funcionamento 24 horas dos distritos| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Reação

Falta estrutura, dizem sindicatos

O funcionamento das delegacias em tempo integral só se justificaria se todos os serviços forem mantidos à população, na opinião do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sidepol) e o Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol). "Para atuarmos 24 horas por dia, é preciso aumentar a capacidade. É necessário que as equipes sejam de pelo menos cinco policiais nas noites e madrugadas", disse o delegado Vinícius Carvalho, presidente da Sidepol.

O presidente do Sinclapol, André Gutierrez, avalia que as delegacias deviam ser vistas como unidades de segurança, em que o cidadão possa ser atendido de forma efetiva. Para isso, o policial também aponta a necessidade de investimentos. "Se não tiver uma equipe digna, vamos tomar todas as medidas cabíveis para que isso [a abertura 24 horas] não entre em vigor", disse Gutierrez.

Na opinião dos sindicalistas, com mais policiais na escala, as unidades poderiam desenvolver serviços de investigação e lavrar flagrantes também no período noturno. Esses trabalhos teriam impacto positivo e imediato nas regiões onde os distritos policiais se localizam e melhorariam a imagem da Polícia Civil para com à população.

Unidades

Veja os distritos policiais de Curitiba que deverão funcionar 24 horas de acordo com a determinação da Secretaria de Segurança Pública:

Atuarão 24 h

2º Distrito Policial (Água Verde)

4º Distrito Policial (Boa Vista)

6º Distrito Policial (Capão da Imbuia)

7º Distrito Policial (Hauer)

10º Distrito Policial (Sítio Cercado)

13º Distrito Policial (Tatuquara)

Abrigam presos

3º Distrito Policial (Mercês)

5º Distrito Policial (Bacacheri)

9º Distrito Policial (Santa Quitéria)

11º Distrito Policial (Cidade Industrial)

12º Distrito Policial (Santa Felicidade)

Já atendidos pelo Ciac

1º Distrito Policial (Centro)

8º Distrito Policial (Portão)

Até o fim de outubro, os distritos policiais de Curitiba que não abrigam presos deverão funcionar 24 horas por dia, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). As delegacias abrangidas pela determinação, no entanto, ficarão abertas à noite de madrugada apenas para registrar boletins de ocorrência. Na avaliação de delegados e sindicatos que representam a Polícia Civil, a medida é inviável e deve comprometer o trabalho de investigação.A iniciativa vai ampliar o horário de atendimento de pelo menos seis distritos, que passarão a trabalhar em regime de plantão das 18 horas às 8 horas, além do horário comercial normal. Apesar da proximidade do prazo, a Sesp ainda não soube informar o tamanho das equipes que farão esse trabalho, nem como serão as escalas. Para casos de investigações e prisões em flagrante, o plantão da Polícia Civil será mantido nos Centos Integrados de Atendimento ao Cidadão (Ciacs), nos bairros Centro e Portão, que já operam 24 horas.

Delegados afirmam que o cumprimento da determinação vai afetar drasticamente o trabalho de investigação realizado pelos distritos. "Vamos ter que deslocar investigadores para ficar durante a madrugada lavrando boletins. A equipe já é pequena. É inviável para qualquer delegacia da capital", disse um delegado, que pediu para não ser identificado.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol) se manifestou contrário à determinação da Sesp. O presidente da entidade, Vinícius Augusto de Carvalho, lembra que, fora do horário comercial, as ocorrências já podem ser registradas pela Polícia Militar – pelo chamado boletim de ocorrência unificado – e pela recém-lançada Delegacia Eletrônica na internet.

Para o delegado, a restrição dos serviços ao boletim de ocorrência será negativa à imagem da corporação. "Se um cidadão for ao distrito na madrugada para pedir apoio ou socorro, não vai encontrar uma equipe que possa atendê-lo. Sem recursos, o policial civil vai fazer o quê? Chamar a PM? Vai ficar a imagem de que a Polícia Civil não atende o cidadão", disse ele, que é o delegado titular do 4.º Distrito Policial, uma das unidades atingidas pela medida.

Outro ponto abordado pelos responsáveis pelos distritos é a relação custo/benefício do funcionamento 24 horas das unidades. "Quantas pessoas saem de madrugada para registrar boletins? É desperdício de dinheiro público. É uma medida para inglês ver", pontuou outro delegado, que também pediu anonimato.

Efetivo

De acordo com a assessoria de imprensa da Sesp, os 695 policiais civis já aprovados em concurso e que estão sendo convocados vão possibilitar o atendimento 24 horas. Como não haverá tempo de passarem pelo curso de formação na escola de polícia, eles vão atuar como "estagiários supervisionados" nas delegacias, fazendo serviços burocráticos. "Mas para fazer registro de boletim também é necessário treinamento. Não é uma atividade simples", observa Carvalho.

Os policiais civis que hoje desempenham essas funções administrativas, segundo a Sesp, vão trabalhar diretamente nas ruas. O problema é que boa parte deles também não fez integralmente o curso de formação. "A maioria [desses policiais] só concluiu o módulo de tiro e armamento. Mandá-los para rua sem treinamento adequado é suicídio", opina um delegado. A questão esbarra ainda na estrutura da escola de polícia, que tem capacidade para 370 alunos por vez.

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Interatividade

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