Presidente da CBIC José Carlos Martins destacou a importância de investimentos no setor para a geração de empregos | Crea-PR/Divulgação
Presidente da CBIC José Carlos Martins destacou a importância de investimentos no setor para a geração de empregos| Foto: Crea-PR/Divulgação

O setor da construção é um dos principais impulsionadores do desenvolvimento brasileiro, respondendo por 2,6 milhões de empregos formais. Para alavancar o avanço do país, é necessário aumentar a aplicação do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, como avalia o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. O engenheiro civil falou sobre crise e oportunidades do segmento durante a 73ª Semana de Engenharia e Agronomia (Soea), promovida pelo Sistema Confea/Crea e Mútua.

“O percentual destinado ao setor foi de 1,8% em 2015, mas seria preciso 3% para manter a estrutura já existente. E, para promover um crescimento sustentado mínimo, deveríamos atingir 5%. Assim, teríamos potencial para criar 2 milhões de vagas”, afirmou Martins nessa terça-feira (30). O debate foi mediado pelo presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), engenheiro civil Joel Krüger, um dos anfitriões do evento que ocorre em Foz do Iguaçu (PR) até quinta-feira (1º).

Segundo Martins, demandas focadas em habitação, mobilidade urbana, saneamento e iluminação representam grandes mercados para que a construção civil possa se expandir. Na área habitacional, por exemplo, houve uma evolução de domicílios particulares permanentes no Brasil. Um dos fatores que motivou a mudança foi a diminuição de moradores por habitação: passou de 3,62 em 2001 para 3,08 em 2013. “Neste ano, o número de lançamentos foi metade das vendas. Isso significa que o estoque imobiliário está baixo e vamos dar uma volta”, analisou.

Para isso, devem ser criados novos modelos para o uso de concessões e de parcerias público-privadas PPPs), bem como estabelecidos outros mercados para ampliar a capilaridade. Outros pontos destacados por Martins são o aprimoramento da segurança jurídica, o controle de gatos públicos e a redução da burocracia, além da inovação tecnológica. “Gestão e tecnologia são os diferenciais das empresas a partir de agora. Capacitar o trabalhador é a chave para termos mais produtividade, qualidade e inovação”, defendeu.

Agronegócio em cena

Para o engenheiro civil André Luis Gonçalves, conselheiro do Crea-PR e diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná (Sinduscon Oeste/PR), o Paraná tem um gargalo a ser vencido no escoamento da produção agrícola. “É uma trava grande. Por isso, precisamos de um modelo atualizado de concessão, mais rápido do que uma PPP. Temos um grande potencial de pulsão, mas precisamos ligar a produção ao local onde se industrializa”.

Apesar desse entrave e da recessão econômica nacional, Gonçalves acredita que o mercado imobiliário paranaense deve apresentar sinais de recuperação em breve. “Estamos apresentando um fôlego maior, principalmente no interior, que está ancorado no agronegócio. A expectativa é que vamos retomar a economia ao passar esse cenário político, o que reflete rapidamente na construção civil. Estamos otimistas”, avaliou.