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| Foto: Arquivo GRPCOM/

Coritiba e Atlético decidem mais uma vez o Campeonato Paranaense a partir deste domingo (1º), às 16 horas, no Couto Pereira, pelo Paranaense. O principal clássico do estado acompanhou as transformações da sociedade, da cultura e do próprio futebol. A consequência foi deixar pelo caminho cenas comuns durante boa parte dessa história, mas que hoje são simplesmente inimagináveis. Por isso, mergulhamos no arquivo fotográfico do GRPCOM para resgatar 20 imagens impossíveis de se ver nos dias atuais.

Um “alambrado” só de árvores

Os gigantes de concreto armado fizeram do cinza uma cor marcante dos estádios. Ainda mais em um tempo que mesmo grandes clássicos raramente são jogados com arquibancada lotada. O Couto Pereira ainda era Belfort Duarte, com apenas um anel de arquibancada, quando Coritiba e Atlético se enfrentaram no dia 12 de outubro de 1958, pelo Campeonato Paranaense. Uma parede de pinheiros cercava o estádio e permitia levar ao pé da letra o ditado “bola pro mato que o jogo é de campeonato” na partida vencida por 3 a 1 pelo Rubro-Negro.

Atletiba no Pinheirão

Maior ícone da era Onaireves Moura, o Pinheirão recebeu 25 Atletibas, com ampla vantagem rubro-negra. O Furacão venceu 11 clássicos (inclusive o da foto, um 1 a 0 pelo Paranaense de 1989), aconteceram nove empates e cinco vitórias coxas-brancas. Curiosamente, o último Atletiba no Pinheirão teve mando e vitória do Coritiba. Com o gramado do Couto Pereira sendo trocado, o Coxa venceu por 1 a 0 o primeiro jogo final do Paranaense de 2005, gol do lateral Rafinha.

Bandeirinhas na arquibancada

Nos anos 70 e 80, não havia Atletiba sem bandeirinhas nas arquibancadas. O escudo do clube era obrigatório. Como complemento, valia o nome de algum jogador ou, neste Atletiba do Campeonato Brasileiro de 1976, até mesmo fazer campanha política perto da eleição. As bandeiras sumiram na virada do século, quando passaram a ser usadas - e vistas - como arma nas guerras de torcida. E o clássico perdeu um pouco do seu colorido.

Bigode, mullets e Bamerindus

A final do Campeonato Paranaense de 1990 (2 a 2, Dirceu Carrasco, gol contra do Berg…) marcou toda uma geração de torcedores. A mitologia desta partida é marcada pela presença de alguns ícones dos anos 90, todos presentes neste imagem: o bigode de André (o coxa-branca mais à direita), os mullets estilo cantor sertanejo dos atleticanos Heraldo e Osvaldo, além do coxa Berg; e a marca do Bamerindus, então símbolo da pujança econômica do estado, estampada na camisa dos dois times.

Cabelo black power

Quem vê a disputa entre o coxa-branca Luizinho e o atleticano Tião Marçal não tem dúvida: trata-se de um Atletiba dos anos 70. Mais precisamente, um 2 a 1 para o Coritiba, pelo Brasileiro de 1976. “Culpa” do cabelo black power, que fazia a cabeça da moçada embalada pela disco music e os Jackson’s Five. A moda voltou recentemente, mas não dominou a cabeça dos boleiros.

Calções curtos

Fião limpa a área rubro-negra neste Atletiba do Campeonato Paranaense de 1989 (vitória atleticana por 1 a 0). Uma subida com estilo e o traje de gala da época: camisa com a logo da Coca-Cola, chuteiras negras e, claro, calção curto. Quase uma sunga comparado aos bermudões de skatista que vestem os jogadores de hoje em dia.

Camisas sem patrocínio

O marketing esportivo inexistia neste 1 a 1 do Campeonato Paranaense de 1976. O resultado eram camisas virgens, somente com as cores e o escudo dos clubes. Um colírio para olhos castigados pelos abadás dos tempos atuais.

Um time inteiro de chuteiras pretas

Quem olha para os pés dos jogadores de hoje parece estar diante de uma paleta de cores. Rosa, amarelo, azul, verde e fúcsia, tudo o mais fosforescente possível, calçam os pés dos craques e não craques de qualquer equipe. Por isso, essa foto posada do Atlético antes de um Atletiba do Brasileiro de 1993 é capaz de fazer verter lágrimas dos olhos mais puristas. Chuteiras negras, maculadas por tímidos detalhes em branco que identificam o fabricante.

A curva de fundos inteira para o visitante

Sim, estamos de volta ao Atletiba de 1990. Um tempo estranho, em que o visitante tinha espaço de sobra na arquibancada. No caso, os três anéis inteiros da curva de entrada para a torcida do Atlético.

Divisão de torcida simbólica

Na rica história do Atletiba, poucos duelos têm peso maior que a série decisiva do Campeonato Paranaense de 1978. Três empates por 0 a 0, cada um com 50 mil pessoas no estádio. Duas torcidas separadas por cordas e um espaço em que mal cabia um polícia sentado por degrau. E pensar que hoje em dia tem quem diga ser impossível as duas torcidas no mesmo estádio.

Escudo bordado na camisa

Reclamação contra a arbitragem é item obrigatório em clássico, especialmente partindo de quem perde. Neste 1 a 0 do Atlético sobre o Coritiba, pelo Estadual de 1976, Adaílton, Puruca e Wilton reclamam com o bandeirinha Tancler Pavani. Protesto que fica em segundo plano diante do escudo alviverde bordado na camisa branca.

Fila na bilheteria

Em tempos de planos de sócio, eis uma cena cada vez mais rara: fila na bilheteria para comprar o ingresso do clássico. Quem adquiriu seu ingresso assistiu à vitória do Coritiba por 2 a 1 sobre o Atlético, pelo Campeonato Brasileiro de 1976.

Fotógrafo dentro de campo

O último Atletiba de 1959 foi marcante (no pior sentido) para o goleiro atleticano William. Além de levar seis gols na maior goleada do clássico (6 a 0), ainda precisou de atendimento médico durante o jogo. Tudo registrado de perto pelo fotógrafo que não fez a menor cerimônia e entrou no campo para registrar os primeiros socorros ao atleta rubro-negro.

Goleiro sem luvas e bola de couro

Um ano antes do histórico 6 a 0, William não deu muita chance para o Coritiba. Na vitória rubro-negra por 3 a 1, pelo Campeonato Paranaense de 1958, o goleiro usou as mãos sem a proteção de luvas para dar um soco vigoroso na pesada bola de couro. Uma defesa arrojada no caminho do título atleticano.

Hino executado pela banda da polícia

Os hinos nacional e do estado do Paraná já se tornaram parte do futebol, por força da lei estadual que obriga a execução de ambos. Antigamente, hino antes de a bola começar a rolar só em casos especiais. Neste Atletiba de 1958, até a banda da polícia foi convocada para tocar o hino com os times perfilados atrás de um dos gols do Belfort Duarte.

Onaireves Moura no vestiário

Não, não estamos com saudade de Onaireves Moura. Mas o cartola foi presença marcante (quase nunca no bom sentido) nos clássicos locais dos anos 80, 90 e 2000. Como presidente do Atlético, ele foi ao vestiário do Couto Pereira dar apoio ao time antes do clássico da última rodada do quadrangular final – ele está ao lado do zagueiro Augusto. Este jogo acabou 1 a 1. Na decisão, vitória rubro-negra por 1 a 0, outro empate por 1 a 1 e Atlético campeão. O título que consagrou Joel como um dos grandes carrascos do Atletiba.

Placar manual

A Arena da Baixada tem telão de alta definição no padrão Fifa. O Couto Pereira tem um placar mais modesto, mas também eletrônico. Ao menos na casa dos dois maiores do estado, a função de garoto do placar foi aposentada junto com os placares manuais. Neste clássico do Brasileiro de 1976, o placar patrocinado pelos refrescos 7Up e Crush foi mexido três vezes: 2 a 1 para o Coritiba.

Torcedores em traje de gala

Nos anos 50, futebol era programa social. Prova disso são os trajes dos torcedores da época. Nada de calça jeans, bermuda ou chinelo de dedo. Homens de terno, calça social e chapéu; mulheres de vestido. Roupa de festa para ver o Atlético derrotar o Coritiba por 3 a 1, no Belfort Duarte, pelo Campeonato Paranaense de 1958.

A torcida saúda a imprensa

Instigados pelos dirigentes, torcedores de todos os times jogam na imprensa parte da culpa pelos insucessos dentro de campo. Arte elevada a um nível máximo pela restrita política de comunicação do Atlético, mas que não tem o Coritiba muito atrás. Neste Atletiba de 1978, a faixa lá ao fundo traz a saudação da TIA (Torcida Independente Atleticana) a Rinoldo Cunha, então narrador da Rádio Cultura.

Vestiários sem filtro

Ok, hoje é possível ter acesso a imagens dos vestiários. Partidas decisivas e disputas de título invariavelmente rendem vídeos com trilha sonora esperta, palavras de ordem e uma rodinha de oração. Um produto cuidadosamente editado, chato como os diálogos de Tom Hanks com a bola Wilson, em O Náufrago, se comparados ao ambiente sem restrições e sem filtros dos anos 80. O vestiário do Atlético tinha a porta permanentemente aberta antes do clássico que decidiu o quadrangular do Paranaense de 1983. Oportunidade de registrar orações, ataduras sendo colocadas nos pés, amaciadas na chuteira e, bem, cenas que hoje em dia só um selfie descuidado é capaz de mostrar.

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