Meritocracia

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Quando o time ganha é uma beleza. O camarada mete a camisa, apavora o porteiro, repercute o "nó tático" com a esposa, se anuncia como o mais apaixonado torcedor daquele clube desde que a bola é redonda. Mas e quando perde? Pior, e quando o escrete toma a chamada tunda? Aí, certamente, o sujeito vai alegar não ter "acompanhado" a partida.

Por aqui essa não cola. Afinal, se identifica o verdadeiro torcedor no fracasso. E naqueles retumbantes, vexatórios, é que se forma o caráter. Pensando nisso, lanço a série: "As Melhores Derrotas de Todos os Tempos". O primeiro versículo trata do Atlético. Era quarta-feira, dia 27 de outubro de 1993, e o Furacão tinha de bater o Criciúma. Mais. Para garantir uma vaga na elite do Nacional no ano seguinte era preciso ainda uma combinação esdrúxula de resultados.

Eis que, ao término da rodada, o Coritiba tombou diante da Portuguesa, enquanto Desportiva-ES e América-MG empataram, como nem o atleticano mais otimista esperava. No entanto, o Furacão não cumpriu a sua parte – e você sabe que não há nada pior do que vacilar por seus próprios "méritos", sem ter quem culpar.

Gilmar, Reginaldo, Guni, João Carlos Cavalo, Gilson "Diabo Loiro", até o atacante Pirata tentaram evitar a desgraça de frequentar a Segundona em 94. Não teve jeito. Aos 10 minutos da etapa final, Émerson aproveitou cruzamento fez 1 a 0 para o Tigre de Jairo Lenzi, André Carpes e Paulo da Pinta, gol isolado do confronto.

Mas tudo bem. O importante mesmo é que teve rubro-negro que entrou menino no estádio e, encerrados os 90 minutos, foi homem feito para casa.

O que acontecia na época

• Em fevereiro, um carro-bomba foi detonado por terroristas na garagem no World Trade Center, em Nova York. Seis pessoas morreram, com 1042 feridos.

• Em abril, é lançado "Da Lama ao Caos", primeiro disco de Chico Science (foto) & Nação Zumbi. Não demorou muito para o álbum de estreia dos "caranguejos com cérebro" de Recife passar a ser considerado um clássico.

• Naquele mês de outubro, começou a circular a cédula de CR$ 5 mil, com um gaúcho bigodudo estampado. Os zeros eram muitos, mas a grana era curta.