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No meio do tiroteio em que se transformou o cenário político do país, mas inspirado no título do livro sobre o cronista Zózimo Barroso do Amaral – “Enquanto houver champanhe, há esperança” – apenas trocando a campanhota por uísque, dedico esta coluna ao leitor que formulou a seguinte questão: a seleção brasileira de 1970 venceria a seleção holandesa de 1974 ?

Claro que uma resposta objetiva sem margem de erro é impossível.

A Holanda venceu o confronto na Copa de 1974 com um Brasil que não era nem sombra daquele time que havia conquistado definitivamente a Taça Jules Rimet quatro anos antes. Foi o auge da “Laranja Mecânica” com Suurbier, Krol, Neeskens, Resenbrink, Rep e, sobretodos, Cruyff.

Foi, a meu ver, o momento mais virtuoso do futebol mundial entre as Copas de 1958 – com a fantástica seleção campeã com Didi, Garrincha, Pelé e outros, além da França com a nata futebolística da sua história representada por Fontaine e Kopa – e a Copa de 1974 com os holandeses e a Alemanha campeã com Sepp Maier, Beckenbauer, Breitner, Overath, Gerd Müller.

O Brasil tricampeão foi extraordinário, tanto pelos valores individuais como pelo esquema de jogo criado por Zagallo, que se aproximou muito da perfeição.

No passado profundo duas seleções se destacaram: a Itália bicampeã mundial em 1938 e a Hungria vice em 1954. Até hoje o craque Giuseppe Meazza é lembrado, tanto quanto os húngaros Czibor, Kocsis, Puskás e alguns mais da realeza do futebol em todos os tempos.

As seleções da Argentina campeã em 1986 com Maradona; do Brasil em 2002 com Ronaldo; da Espanha em 2010 com Xavi e Iniesta e a Alemanha de 2014 com Müller, merecem reverência, porém, todas se fortaleceram graças às novas concepções estratégicas de jogo.

A época da fina flor dos grandes craques em quantidade havia passado e o esquema tático começou a prevalecer sobre a técnica.

Todas as plateias suspiram quando assistem a espetáculos arrebatadores como foi a goleada de 6 a 1 do Barcelona sobre o PSG. É a nobreza do futebol em campo, sem termos de comparação com a prática do mesmo esporte em tantos outros cantos do mundo.

Modernamente, técnicos e jogadores bebem na fonte da geometria. O Barcelona na época do treinador Pep Guardiola ensinou como o futebol pode ter uma abordagem matemática, desde que gênios como Lionel Messi terminem a obra.

Ou seja: o craque fenomenal ainda impera.

As estatísticas, no futebol, sobretudo as negativas, quase sempre são desmentidas por lances de craques geniais, que tudo resolvem num átimo de segundo – como aconteceu com Neymar, que desequilibrou o jogo e recolocou o Barcelona na Champions League.

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