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O pênalti mal batido pelo goleiro Weverton após ter defendido três faltas máximas continua reverberando.

Do céu ao inferno em segundos, ofereceu mais combustível à saga dos goleiros no mundo futebolístico.

A realidade é que, antes um celeiro de cobradores de falta e penalidade máxima, o futebol brasileiro vive uma escassez.

Parece em extinção aquele tipo de cobrador que deixa o goleiro adversário de pernas bambas quando ajeita a bola, que chuta de qualquer distância e que obriga o narrador a usar o bordão “é meio gol”.

Os dois fundamentos exigem muito treinamento, sendo que na execução do pênalti pesa o estado emocional do jogador. Na falta, a responsabilidade é menor, talvez por ser mais distante da meta, fora da área, com barreira e com maiores chances para o goleiro defender. No pênalti, não: é cara a cara. Matar ou morrer. Aí entra o fator psicológico de quem tem a maior responsabilidade de acertar.

Quando o batedor parte inseguro para o chute, aumenta consideravelmente a chance de o goleiro praticar a defesa, a bola bater na trave ou ir para fora.

Os torcedores suspiram quando lembram da categoria de Didi, Paulo Cesar Caju, Dicá, Zico, Neto, Marcelinho, Aílton Lira, Zenon, Roberto Dinamite, Nelinho ou a potencia do tiro no pé canhoto de Pepe, Rivellino, Roberto Carlos, quando os arqueiros torciam para eles errarem o alvo.

Os mais antigos registraram que Jair Rosa Pinto, da seleção brasileira de 1950 batia falta de qualquer lugar com a mesma eficiência. Com uma poderosa perna esquerda, foi um dos precursores do chute com curva.

Como hoje em dia o talento anda escasso, os cobradores estão em declínio.

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Efabulativo: Pinóquio é uma figura estimada no que restou da Boca Maldita. Torcia pelo Ferroviário, mas não ficou feliz com a mudança para Colorado e foi assediado por atleticanos, maioria absoluta naquele tradicional reduto que foi o grande ponto de encontro da cidade por cinco décadas.

Atleticanos, liderados por Anfrísio Siqueira ofereceram um rádio de presente para que Pinóquio mudasse de time. Ao receber um potente Philco Transglobe 7 faixas virou torcedor do Furacão na hora. Não largou mais do rádio e quando me via levantava o polegar direito. Ouvinte fiel.

Numa quarta-feira o Atlético jogava à tarde, pois ainda não havia iluminação artificial, e todos se preparavam para rumar à Baixada quando Pinóquio reclamou que não tinha dinheiro.

Uma vaquinha rápida e saiu o ingresso na hora. Em seguida virou-se para o doador: “É, mas todos vão comer aquele sanduíche de bife sujo, menos o Pinóquio que não tem dinheiro...”.

Levou mais uma graninha para não passar fome.

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